Portos: resíduos podem virar energia

Nesta quarta-feira, 5, Christiane Saraiva Ogrodowski e Fabrício Santana, pesquisadores do Laboratório de Controle de Poluição da EQA (Escola de Química e Alimentos) da Furg (Universidade Federal do Rio Grande), apresentaram um projeto inédito para a utilização da lama retirada pelas dragagens na geração de energia elétrica.
Segundo eles, o material produzido também poderá ser usado na construção civil.
A ideia de gerar energia a partir da lama retirada dos canais de acesso ao porto rio-grandino faz parte do projeto “Bioconversão dos Sedimentos de Dragagem do Porto do Rio Grande em Energia Elétrica”.
Conforme disse Santana, o projeto terá duração de três anos, sendo no primeiro ano desenvolvido em laboratório. Posteriormente, será empregado em uma planta piloto, em uma área no Porto Novo do Rio Grande.
O processo se inicia com a captação do material dragado nos canais de acesso ao porto. Em seguida, é descarregado em um píer adaptado e armazenado. Com o auxílio de um hidrociclone, o material inerte é separado, e o orgânico (doador de elétrons) é aproveitado para a recepção de eletrodos que captam os elétrons, produzindo a eletricidade. Nesse caso, segundo os pesquisadores, o sedimento marinho contém grandes quantidades de ferro e enxofre.
Além da produção de energia elétrica o resultado do processo gerará um sedimento limpo (areia), que poderá ser usado na construção civil e em aterros. Hoje o sedimento da dragagem não pode ser utilizado para esse fim por conter grandes quantidades de material orgânico.
Os pesquisadores do projeto explicam que as pesquisas mundiais de aproveitamento de sedimento marinho são realizadas em escala de laboratório e dizem respeito à retirada dos sedimentos do fundo do mar. O diferencial da proposta rio-grandina é o aproveitamento de material já retirado, oferecendo solução para um problema de esfera mundial: a destinação do material dragado.
Potencial econômico
Segundo os pesquisadores, considerando os volumes estimados das dragagens de manutenção do porto rio-grandino por um prazo de cinco anos, que pode chegar a 6,5 milhões de metros cúbicos de sedimento, foi estabelecido o potencial econômico do projeto.
Com base nesse volume e período foi verificado que o material dragado possui entre 0,1 a 4% de matéria orgânica. No cenário menos otimista pode-se gerar com 0,1% de material orgânico 14 MW/h de energia elétrica, que corresponderia ao valor de R$ 77 milhões, o que cobriria os custos de dragagem. Já no cenário mais otimista poderia gerar-se 580 MWh de energia elétrica, o que equivale a uma usina termoelétrica, obtendo R$ 6,2 bilhões.
O projeto foi aprovado em primeiro lugar no Termo de Referência TR01/2010, do Projeto Estruturante Pólo Tecnológico Estadual da Secretaria da Ciência e Tecnologia do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, que financiará R$ 300 mil em recursos, com contrapartida de R$ 60 mil do Porto do Rio Grande, além do custo estimado em R$ 640 mil pela FURG com o trabalho dos pesquisadores.
Os trabalhos devem ser iniciados em três ou quatro meses, período estimado pelos pesquisadores entre a assinatura do convênio com a Secretaria e o repasse dos recursos.

Fonte: WebTranspo

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