Uma estrada castigada pelo esquecimento

Rodovia que faz conexão entre a Serra e o Litoral, a Rota do Sol em nada lembra a estrada inaugurada oficialmente há seis anos e oferece risco aos motoristas
Placas de sinalização, novas e bem conservadas, indicam: “Proibido ultrapassar”. Mais adiante, outra informa: “Tachões no eixo a 150m”. Elas seriam úteis aos motoristas, não estivessem escondidas pela mata nativa às margens da rodovia Caxias do Sul-Três Forquilhas (ERS-453) – principal trecho da Rota do Sol, estrada que liga a Serra ao Litoral Norte.
A falta de manutenção do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), responsável pela via, não se restringe às capoeiras que invadem o acostamento. A equipe multimídia do Grupo RBS De Olho nas Estradas, que viajou pela estrada na tarde de quinta-feira, deparou com buracos e péssima sinalização.
"Só esteve boa quando foi inaugurada – diz Norberto Catarina, 46 anos, que usa a rota todos os dias".
A estrada que está sendo lentamente consumida pelo descaso começou a ser idealizada por empreendedores caxienses, em 1931. Na ata de uma reunião da Associação dos Comerciantes (hoje a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços), assinada pelo empresário Marcos Fischer, então presidente, os associados deram início a tratativas sobre a “estrada de rodagem desta cidade (Caxias do Sul) a Torres”, num trecho de 190 quilômetros, o que encurtaria em 90 quilômetros a distância entre as duas cidades.
Entre a vontade comunitária e a conclusão da rodovia pelo Estado, passaram-se sete décadas. Em dezembro de 2006, faltando dois viadutos, o governador Germano Rigotto inaugurou a Rota do Sol – que seria reinaugurada pela governadora Yeda Crusius após a conclusão das obras viárias.
A rodovia custou caro. Para asfaltar apenas os 19 quilômetros finais, cortando morros, dinamitando rochas, construindo túneis, o governo gastou R$ 140 milhões entre 2003 e 2006. Se forem computados os investimentos desde 1990, a rota consumiu a cifra de R$ 266,5 milhões. Para Milton Corlatti, atual presidente Câmara de Indústria, Comércio e Serviços, entidade pioneira na construção da Rota do Sol, é dinheiro demais para a estrada ser abandonada pelo Estado:
"Sucessivos governos deixaram a estrada de lado. O Estado investe, mas não zela pelo patrimônio".
Um Escort hobby, de Campo Grande (Mato Grosso do Sul), era o retrato do abandono. Jogado no acostamento, com os vidros abertos e a dianteira amassada, ele permanecia na pista havia 10 horas.


Fonte: Portal Intelog

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