Infraestrutura portuária precisa de R$ 42 bilhões

Para Ipea, mais recursos podem atender demanda...
Um estudo recém divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontou que seria necessário um montante de R$ 42 bilhões para que o sistema portuário não entre em colapso. Estes recursos seriam utilizados na execução de 265 obras importantes no setor. Deste total, 133 melhorias referem-se à construção, ampliação e recuperação de áreas portuárias, contando com investimentos de R$ 20,46 bilhões.
Além disso, outras 45 obras visam melhorar os acessos terrestres aos complexos. Estas intervenções deveriam contar com um montante de R$ 17,29 bilhões. Com recursos um pouco mais tímidos estão 46 ações de dragagem e derrocamento (R$ 2,78 bilhões) e 41 melhorias em infraestrutura (R$ 2,34 bilhões).
Entretanto, embora tenha-se registrado um crescimento no volume de investimentos no setor nos últimos anos, segundo a análise, as obras portuárias incluídas nos PAC 1 e 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), do Governo Federal, são insuficientes para a melhoria dos portos brasileiros. Atualmente, o projeto representa a aplicação de um total de R$ 15 bilhões no setor.
“O PAC é um grande avanço em termos de recursos destinados aos portos, no entanto, ainda não supre toda a demanda por melhorias. A solução é aumentar investimentos e executá-los de acordo com um cronograma determinado”, recomendou Bolívar Pêgo, coordenador de Desenvolvimento Urbano da Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) do Instituto.
Outras questões que, segundo Pêgo, precisam ser aprimoradas referem-se à agilidade na liberação de licenças ambientais para a realização de projetos, aumentar o número de fiscais nos portos, além de cuidar dos assuntos relacionados à greve de funcionários, a fim de minimizar os impactos na cadeia.
Para Carlos Campos, coordenador de Infraestrutura Econômica da Dirur do Ipea, “se estas questões não forem solucionadas e os investimentos ampliados, em cinco anos – com um crescimento de 4% ou 5% ao ano da economia brasileira – haverá dificuldade para atender o fluxo de comércio internacional o que poderá gerar um apagão logístico”.
O estudo divulgado pelo Ipea também verificou que para 88% das empresas exportadoras a infraestrutura portuária é o processo mais deficiente entre as etapas pós-produtivas, fato que chega a afetar negativamente os negócios.
De acordo com a análise, para os executivos, deficiências em estrutura física, demora na liberação de cargas e as greves de trabalhadores travam o crescimento do setor, por consequência do comércio brasileiro, além de reduzir a competitividade.
De onde vem os recursos
Mesmo sem um contingente que supra as deficiências, o setor portuário contou com um pequeno aumento no volume de recursos para as melhorias. Em termos de comparação, segundo a análise do Ipea, em 1999, o setor hidroviário – portos estão incluídos neste quesito – recebeu apenas R$ 0,2 bilhão em investimentos, enquanto o setor de transportes como um todo contou com aportes de R$ 1,7 bilhão.
Já em 2008, enquanto o segmento de transporte recebia investimentos da ordem de R$ 33 bilhões, a fatia destinada ao modal hidroviário não totalizava dois bilhões, contando com apenas R$ 1,7 bilhão.
Deste total, boa parte dos recursos são oriundos de empresas – que neste período tornaram-se as grandes investidoras no setor. Segundo o estudo, em 1999, a iniciativa privada aplicava aproximadamente R$ 108,11 milhões no segmento. Já em 2008, este volume saltou para a R$ 1,1 bilhão.
O levantamento do Ipea também revela que boa parte destes investimentos foram possíveis graças ao financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). De acordo os dados divulgados, do montante aplicado em 2008, aproximadamente 60% foram possíveis graças a liberação dos recursos por parte da instituição financeira.
A análise faz parte de uma pesquisa que culminará na publicação de um livro que abordará as principais necessidades de infraestrutura no Brasil. A séria de pesquisa será denominada de “Eixos do Desenvolvimento Nacional”.

Fonte: WebTranspo

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