Ao mesmo tempo em que oferece muitas oportunidades, o Brasil também
apresenta diversos desafios para as empresas que buscam fazer negócios
no país. Ter uma cadeia de suprimentos funcionando plenamente em uma
nação de dimensões continentais, com graves problemas e deficiências
infraestruturais e um sistema tributário complexo e oneroso, nem sempre é
uma tarefa fácil. As empresas do setor varejista, por exemplo, conhecem
bem essa situação, inclusive, encontrando na logística um gargalo a ser
ultrapassado.
O segmento de varejo precisa lidar com a logística e a sua gestão
pode, dependendo da eficiência, contribuir para elevar o grau de
competitividade ou arranhar e comprometer a imagem de uma empresa. Seja
para receber mercadorias, distribuí-las entre as filiais ou então
entregar um produto ao consumidor, ter uma cadeia de suprimentos que
funcione com perfeição é essencial para qualquer empresa, independente
do seu core business.
Mesmo estabelecendo centros de distribuição em diversos estados, como
algumas redes varejistas fazem para melhorar sua eficiência, as
empresas não estão livres dos desafios já citados. O varejo por sua vez,
é quem inicia um processo comumente chamado de efeito chicote, gerando
excesso ou falta de produto ao logo de toda cadeia produtiva,
principalmente pelas dificuldades encontradas na interação entre
empresas e também entre os diversos setores dentro de uma mesma
companhia. Manter o diálogo, a integração entre as partes e a clara
definição de papéis para cada elo dessa intrincada rede é essencial ao
bom funcionamento dos processos.
Temos que destacar também que a cadeia de suprimentos não é
importante apenas para a imagem e o bom funcionamento da empresa, mas
interfere diretamente no resultado de uma companhia. Em alguns casos, os
custos com logística, somados aos gastos com a aquisição de produtos,
correspondem a 75% dos dispêndios totais de uma empresa. Por outro lado,
melhorar a cadeia de suprimentos pode trazer diversos benefícios, como a
redução de custos logísticos em até 25%; diminuição de custos totais
entre 3% e 8%; melhoria do lead time de 15% a 30%; e retorno do capital
empregado (ROCE), entre 30% e 40%. Então, qualquer variação, positiva ou
negativa no segmento de supply chain tem impacto significativo sobre em
toda a companhia.
Os conceitos de estratégia, planejamento e organização fazem, mais do
que nunca, parte do dia a dia da cadeia de suprimentos, que não pode
deixar de considerar os princípios da sustentabilidade, agilidade e
baixo custo. No atual cenário globalizado, a área de logística deixa de
ter um perfil estritamente operacional para ocupar uma posição
estratégica nos negócios. Visto isso, no momento atual, os gestores do
setor de logística devem focar em três itens principais: identificar
oportunidades de diminuir custos para gerar lucratividade; desenvolver
respostas mais eficazes à volatilidade da demanda; e reorientar seus
processos operacionais para aumentar a flexibilidade, mantendo a
eficiência.
A volatilidade da economia mundial está criando novas pressões e
oportunidades para os diretores e executivos de supply chain. Este é o
momento para os responsáveis pela cadeia de suprimentos tomarem medidas
para ajudar suas organizações a se prepararem para o desenvolvimento de
uma rede mais ágil, flexível e responsável. Tornar a logística e a
gestão de suprimentos mais eficiente significa diminuir os custos e
aumentar a lucratividade.
Hans Klose e Marcio Ikemori são sócios responsáveis pela área de Logística e Supply Chain da KPMG no Brasil.
Fonte: Administradores.com
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