Açúcar: exportação muda rotina em portos

Com a procura em alta, os principais portos do País estão trabalhando para agilizar o embarque de um importante produto brasileiro: o açúcar. Neste cenário de maiores volumes – principalmente devido à escassez do produto no mercado externo e a impossibilidade de países tradicionais na área -, o Brasil tem despontado no envio desta commoditie para diversas partes do globo.
Para se ter uma ideia, dados do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) indicam que apenas em julho os produtores brasileiros enviaram 2,9 milhões de toneladas, um volume 15,8% superior ao registrado no mês anterior e 25% em relação ao mesmo período de 2009.
No mesmo mês, a receita obtida com as exportações desta commoditie também alcançou uma marca histórica, com valor de US$ 1,235 bilhão, cifra 12,3% superior ao mesmo período do ano anterior.
Em Santos, no acumulado do ano, mais de dez milhões de toneladas do produto foram escoadas, representando quase 20% da movimentação geral de carga. Já em Paranaguá, outro importante ponto de envio de açúcar, até o início de agosto aproximadamente 2,12 milhões de toneladas foram embarcadas, volume 23% maior em relação ao mesmo período do ano passado.
Para Mário Lobo Filho, superintendente da Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), o movimento deste produto tem relação com a quebra de produção indiana. “Hoje, a Índia é um dos maiores importadores do açúcar que sai por Paranaguá. Neste ano, 22% das nossas importações foram para lá. Já a Rússia absorveu outros 23%”, detalha.
Segundo Helder Sergi Catarino, gerente comercial da Companhia Brasileira de Logística, a demanda pelo produto brasileiro deve permanecer aquecida. “Para 2011, pelo que tudo indica, este crescimento nas exportações deve continuar e aumentar anualmente”, aponta.
Isso acontecerá, de acordo com o executivo, porque países como a China, que não importavam açúcar brasileiro, passaram a ser grandes importadores. “Então, mesmo normalizando a safra indiana, teremos grande demanda”, destaca.
Filas
Embora a indústria esteja comemorando os resultados, uma questão preocupa: as filas de caminhões e navios nos principais portos brasileiros. Desde o início da safra, a menor marca foi de 41 navios esperando para atracar em Santos – maior porto açucareiro do mundo. Há alguns dias esse número passava de 100 embarcações, de acordo com a Santos Associados Consultoria e a Unimar Agenciamentos Marítimos
Para Tharcisio Souza Santos, diretor da Faculdade de Administração da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado) e do FAAP-MBA, essa espera dos navios é péssima para a imagem do Brasil. “Esta ineficiência onera as exportações aumentando os custos, reduzindo competitividade”, garante.
Com o objetivo de reverter essa situação, o Porto de Antonina, no Paraná, anunciou que priorizará a atracação de embarcações que transportam açúcar. Segundo o governo do Estado, a medida deve reduzir em até dez dias o tempo de espera dos navios com destino ao terminal portuário de Paranaguá e ao Porto de Santos.
Conforme anunciado, a expectativa é que o complexo receba, em média, 20 navios por mês e sirva como alternativa para desafogar os dois principais portos do País, responsáveis por mais de 84% da exportação brasileira de açúcar.
“Nosso objetivo é, em curto espaço de tempo, minimizar as filas geradas pela grande demanda deste produto”, afirma Lobo. De acordo com o governo paranaense, hoje, a estimativa é que em Santos, os navios de açúcar que já estão na baía podem aguardar mais de 32 dias para atracar. Em Paranaguá, a média de espera é de até 20 dias.
“Priorizar a atracação é uma ação emergencial que pode atrapalhar o embarque de outros produtos. Entretanto, permitir a expansão dessa fila é ainda pior, pois as filas nos portos e de caminhões com o produto atravancam ainda mais o escoamento”, pondera Santos.
Neste sentido, o gargalo brasileiro já pressiona a cotação do açúcar no mercado futuro. As cotações da commodity no mercado externo fecharam mistas em agosto. Em Nova York, os contratos para outubro fecharam em baixa, a 19,75 centavos de dólar por libra/peso (cada libra-peso tem 4535597 gramas). Já em Londres, os papéis para outubro foram negociados valorizados, a US$ 578,70 por tonelada, de acordo com números da União dos Produtores de Bioenergia.

Fonte: WebTranspo


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