Mão de obra e logística: gargalos do BR

Se a economia brasileira vai muito bem, conforme afirmou Octavio de Barros, economista-chefe do Brasdesco, com perspectivas de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) na casa dos 4% nos próximos anos – neste ano a margem é de 7.2%, e o cenário proporciona certa tranquilidade a vários setores de negócios, há outros pontos que preocupam o crescimento do País.
Osias Galantine, Diretor de Compras da Fiat Automóveis, Edgar Pezzo, da General Motors, e José Manoel Fernandes, da ArvinMeritor, apontaram a escassez da mão de obra qualificada e a logística como principais gargalos a serem solucionados no País.
Para Galantine, isso gera uma deficiência no processo de produção, o que inevitavelmente eleva os custos. “Comparado com EUA e Europa, o custo de produção (brasileiro) é muito maior”, diz.
Segundo ele, “o investimento para melhorar essa qualidade é escasso – em pessoas, equipamentos e em meios de produção. O acesso à tecnologia não é o problema, mas sim o investimento em modernidade”, afirma ao pontuar, porém, que “a deficiência no processo de produção existe, mas não é generalizada, “algumas empresas já fizeram a lição de casa”, observa.
Reunidos no “Simpósio Tendências e Inovação na Indústria Automobilística”, realizado pela SAE Brasil nesta segunda-feira, 30, os executivos foram enfáticos ao afirmar que a logística precisa ser pensada em sua amplitude.
Para Pezzo, a logística interna precisa de atenção especial. E, segundo ele, “na cadeia como um todo, a capacidade não é tão preocupante, mas sim a qualidade”. “A qualidade existe, mas não nos níveis que queremos. E a grande preocupação é que isso possa nos levar a perder clientes”, comenta.
“Hoje temos um custo logístico 25% maior que os EUA”, observa Galantine. “Falta investimento maciço em infraestrutura, e isso é mais um fator de competitividade”, problematiza o executivo.
Um dos principais desafios no setor apontados pelo executivo da Fiat é em relação à entrega no prazo. Para ele, o problema é generalizado em todos os modais.
Pezzo ressalta que a logística tem um peso muito grande nos negócios da indústria e, ineficiente, acarreta em perda de dinheiro ou retardo nos ganhos. “Não sei se o apagão logístico vai acontecer, mas o que já está acontecendo é o alto custo, que precisa ser reduzido sem comprometer as operações”, salienta.
Fernandes, representante da ArvinMeritor, diz que apesar do problema ser evidente, e ressalta a questão do valor, da condição das estradas e a burocracia nos portos - “às vezes tem uma fila de 100 navios para atracar em Santos”, o Brasil tem chance de superar os gargalos.
Para Galantine, a grande questão é pensar no futuro, mesmo que distante. “No Chile, as estradas passam por cidades muito pequenas. Ao questionar por que, soube que no futuro elas serão necessárias pelo desenvolvimento da região. É isso que o Brasil precisa, se planejar a longo prazo”. Da mesma forma que Fernandes, o executivo da Fiat, observou que “os problemas são complexos, mas há a perspectiva de melhora”.

Fonte: WebTranspo

0 comentários:

Postar um comentário