Um trilhão de reais: é este o valor que o Brasil precisa investir em infraestrutura de transportes até 2030 para se equiparar ao padrão de países como Rússia e Austrália.
A conclusão é de um estudo do núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP
assinado pelos professores Claudio Tavares de Alencar e João da Rocha
Lima Júnior com o mestrando Flávio Abdalla Lage e apresentado no final
da semana passada na 14ª Conferência Internacional da LARES (Latin
American Real Estate Society).

No Brasil, este 1,17% do PIB por ano equivale a um total de R$ 1,09
trilhão até 2030, já considerando o crescimento estimado para o período.
O Programa de Investimento em Logística (PIL) lançado em meados de 2012
prevê dobrar os investimentos na área, mas com um valor total de cerca
de R$ 240 bilhões – ou seja, só um quarto do necessário.
Mesmo com menos recursos previstos, o plano do governo parte das mesmas
conclusões do estudo. A primeira é que o financiamento público não será
suficiente para melhorar nossa infraestrutura.
Os aportes do Tesouro para o BNDES já aumentaram muito nos últimos
anos, então a única solução possível é melhorar o ambiente institucional
para turbinar o mercado de crédito de longo prazo, além de multiplicar
as concessões.
A segunda conclusão é que o Brasil precisa variar seu foco. O país
depende demais do modal rodoviário, que sempre foi o foco dos nossos
investimentos públicos apesar do alto custo relativo.
Como ele responde por 58% do transporte de cargas, no entanto, ainda
precisa ser o maior destino de recursos, já que a malha é deficitária e
pouco pavimentada:
Malha total (Km) | % pavimentada | Movimentação anual de cargas (Milhões T*Km) | |
---|---|---|---|
Brasil | 1,5 milhão | 14% | 485.625 |
China | 4,1 milhões | 64% | 5.137.474 |
Rússia | 1 milhão | 80% | 247.936 |
Canadá | 1,4 milhão | 40% | 136.393 |
Alemanha | 643 mil | 100% | 468.900 |
Austrália | 823 mil | 43% | 194.906 |
E nem assim tudo estaria resolvido: “para se chegar em níveis mundiais
de qualidade seriam necessárias a construção e pavimentação de 814 mil e
772 mil quilômetros de rodovia, respectivamente. Dado que o país levou
cerca de 86 anos para construir e pavimentar 221 mil quilômetros,
torna-se impossível executar tudo no período”, diz o estudo.
Uma alternativa interessante para países de dimensões continentais e
grande volume de produção de produtos de baixo valor agregado como o
nosso é o transporte ferroviário.
É por isso que o estudo recomenda duplicar a malha de 30 mil para 60
mil quilômetros ao custo de R$ 364 bilhões, além de investir cerca de um
quarto desse valor no transporte por rios e mar.
Transporte | Investimento necessário (em R$) | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Rodoviário | 607 bilhões | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
Ferroviário | 364 bilhões | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
Hidroviário/Marítimo | 85,5 bilhões | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
Aéreo | 33,3 bilhões | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
Total | 1,09 trilhão |
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Fonte: Exame
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