Hora de infraestrutura e logística

Por Antonio Wrobleski Filho

Não existe crescimento econômico contínuo sem investimentos em infraestrutura. A China é o principal exemplo disso. Um país pode ter um ambiente financeiro atrativo, empresas inovadoras, população bem educada, mas se não for capaz de gerar energia e escoar sua produção é impossível se desenvolver economicamente. Esta é uma lógica incontornável.
Investir nessas áreas, portanto, deve ser prioritário para qualquer Governo. Infelizmente, como sabemos, o Brasil não fez essa lição de casa nos últimos anos e deve acelerar para compensar o prejuízo, principalmente agora que muitas das condições para o crescimento econômico, inexistentes antigamente, foram, finalmente, estabelecidas.
E quando uma nova administração se prepara para assumir o comando do país, é sempre uma boa oportunidade para que os problemas com a infraestrutura sejam revistos e sua solução alçada à prioridade. É fundamental para o país sustentar o crescimento uma revitalização de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, hidrovias, etc.
O novo Governo deve se convencer de que, além de um planejamento mais apurado, é essencial mais dinheiro para essa tarefa. A China, sempre ela, investe por ano cerca de 4% a 5% em infraestrutura de movimentação de cargas, enquanto o Brasil apenas 0,5%. Segundo um estudo da Associação Brasileira da Infraestrutura (Abdib), para adequar a infraestrutura ao crescimento do país esse investimento deveria pelo menos dobrar nos próximos anos.
É muito dinheiro, é verdade, mas de retorno indiscutível. Além dos benefícios futuros, sabemos que o incremento de 1% nos investimentos em infraestrutura gera, em curto prazo, uma variação positiva de 0,39% no PIB.
Também é necessário avaliar a atração de recursos externos para o país. Um estudo da consultoria inglesa Economist Intelligence Unit (EIU) com empresários internacionais identificou que 49% atribuem as dificuldades enfrentadas nos seus negócios por aqui aos problemas de infraestrutura. Eles citam fretes rodoviários caros, malha ferroviária insuficiente, portos e aeroportos sobrecarregados e hidrovias inexistentes. É certo que isso prejudica a entrada de mais investimentos.
Devemos lembrar que o Brasil é um país com renda média, população de quase 200 milhões de habitantes, expectativa de crescimento em torno de 5% nos próximos anos, democracia consolidada e ambiente econômico favorável. Se tivermos uma infraestrutura de qualidade seremos um dos lugares mais atraentes para investimentos no mundo. Tudo isso deve entrar na conta do próximo Governo.

Leia a matéria na íntegra em: http://www.logweb.com.br/novo/coluna/36/hora-de-infraestrutura-e-logistica/

Antonio Wrobleski Filho – engenheiro com pós-graduação em Finanças e MBA da Universidade de Nova York. Nos últimos dez anos, foi presidente da Ryder do Brasil, com forte atuação em todo o Mercosul. Foi diretor Executivo da Hertz e da DHL. Participou de inúmeras missões no exterior, em países como Estados Unidos, México, Alemanha e França, em projetos relacionados à infraestrutura e à logística. Recentemente, comandou a fusão de cinco empresas de transportes e logística no ABC Paulista, operação que deu origem à Trafti Logística, empresa que presidiu durante o processo de fusão. Atualmente, atua como consultor e preside a AWRO Associados Logística. Email: antoniowrobleski@gmail.com

Fonte: LogWeb

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