Aplicação do processo metodológico de produção do
Design Industrial, com novos materiais, em vagões.
O caso Rumo Logística - modelo Hopper Fechado, com revestimento, manga 6.1/2”12” (HPT), bitola de 1,60 m.
José Emílio de Castro Horta Buzelin
Bacharel Desenhista Industrial pela Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG.
Aluno – Cadeira de Mestrado em Desenho Industrial (Ergonomia Avançada II).
Escola de Design – Universidade do Estado de Minas Gerais – ED/UEMG.
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Desenho Industrial e Ergonomia – CPqD.
(Ex. RFFSA SR2 / FCA / MRS Logística S.A. - Consultor, escritor e pesquisador ferroviário).
Resumo (abstract)
No ano de 2009, a Rumo Logística, empresa do grupo Cosan, investiu na aquisição de ativos ferroviários junto à indústria nacional. Para a definição da identidade de sua marca e imagem nestes equipamentos, foi utilizada a metodologia de processos em Desenho Industrial, através da qual foi definido também o uso de elementos poliméricos industriais aplicados em larga escala para a identificação de sua assinatura e inscrição gráfica na finalização do layout (padrão de pintura) em vagões.
O uso deste material foi inédito junto à carteira de clientes ferroviários, considerada a área e a extensão de sua aplicação para um único lote (vagões), resultando em redução do tempo fabril, otimização e racionalização do processo de finalização do produto, redução da presença de poluentes químicos (solventes e tintas), além da solução estética e funcional em relação aos demais processos tradicionais (pintura).
Resultante da aplicação da metodologia do design e análise de processos através da cadeia de produção, a finalização fabril dos vagões, modelo hopper HPT para o transporte de açúcar cristal a granel para exportação, através da definição do layout e padrão de pintura contou com este diferencial e sobre ele o descritivo que se segue em razão dos resultados obtidos, tanto do ponto de vista produtivo quanto conceitual.
Análise de cenário
Com a incorporação de ativos ferroviários em seu sistema logístico, a Cosan passou a contar diretamente com o modo ferroviário no atendimento de suas atividades voltadas ao setor agrícola brasileiro, representado pela exploração e produção de cana-de-açúcar, visando o mercado de exportação, com o beneficiamento agroindustrial obtido através do processamento para obtenção de açúcar e de álcool (etanol).
Dada a natureza da atividade, as necessidades de racionalização ligadas ao transporte são imperativas, revelando assim o segmento logístico que se deve estruturar para atender a esta demanda. A decisão sobre o melhor modo atuante nesta cadeia produtiva encontra no segmento ferroviário um vetor de atendimento coerente com a natureza do produto.
A Cosan, através de sua empresa coligada Rumo Logística, identificou na atividade ferroviária o seu foco de interesse e investimentos, dando, assim, continuidade à tradição econômica que revela as estradas de ferro indispensáveis no contexto logístico e cuja presença no Brasil está consolidada há mais de 150 anos.
O foco ferroviário
O interesse pelo modo ferroviário por estas empresas não se limita ao uso passivo da infraestrutura existente. Assumiram o desafio de agregar aos seus ativos patrimoniais, equipamentos ferroviários de última geração, responsáveis (em primeiro momento) pela movimentação primordial de sua produção no segmento de exportação de um padrão especial de açúcar cristal processado bruto (granel).
Antes da participação ferroviária, a ordem de grandeza de movimentação se estabelecia em torno de 30 mil toneladas/mês, passando, em breve período, com a introdução dos ativos para mais de 300 mil (t/m), com meta acima de 500 mil (t/m), para 2011, com ênfase (prioridade) pela movimentação sobre trilhos (Fonte: Rumo Logística - 2011). Os números revelam o nível de importância que os ativos assumem.
Com a atenção também dos clientes e investidores sobre o novo modelo, a Rumo buscou o desenvolvimento de uma identidade visual associativa e consolidada ao modo ferroviário, que agregasse os elementos visuais e de imagem a um resultado de compromisso, qualidade e excelência pertinentes às expectativas empresariais neste quesito.
Para a obtenção dos resultados estimados, etapas distintas de desenvolvimento metodológico e de projeto foram aplicadas e, como resultado deste processo, adveio o desenvolvimento do Manual de Identidade Visual dos Ativos Ferroviários da Rumo Logística.
Etapas de processo, análise e aplicação da metodologia do Desenho Industrial na finalização do ativo ferroviário
I - Identificação dos Ativos
Material Rodante: vagões tipo HOPPER, fechados, com escotilhas de carregamento e descarga por gravidade (tremonhas) com revestimento especial, para o transporte de açúcar granulado processado, direcionado para clientes no mercado externo. Ambos os equipamentos desenvolvidos para o tráfego em bitola de 1,60 m (5'3"), a bitola larga adotada no Brasil.
Para a movimentação da produção de açúcar cristal a granel para exportação, os ativos em material rodante deveriam atender às necessidades operacionais do transporte deste produto, cujas características remetem a um produto com alto teor de abrasividade, higroscópico, em estado bruto (não refinado), com granulometria uniforme e destinado exclusivamente para exportação.
Para tanto a escolha do material rodante que melhor se adequasse às necessidades de transporte e vazão do produto (capacidade), passou pela análise dos modelos existentes e a conclusão foi pela utilização daquele que oferecesse segurança e preservação dos aspectos físicos e da integridade química do produto a granel, sem que fosse exposto às intempéries durante a movimentação e tivesse rápida vazão (tanto no carregamento quanto na descarga)..
O modelo mais adequado foi definido através do conhecido hopper, cujas características construtivas revelaram-se mais adequadas às necessidades do cliente.
Apresentado em conhecidos subgrupos, o hopper (fechado) foi adotado como projeto padrão para representar a frota de ativos de material rodante da Rumo Logística, entretanto, um desafio em particular foi apresentado ao fabricante: o cliente necessitaria de um modelo cuja capacidade de vazão e descarga, fosse mais rápida do que o convencional do modelo, fugindo desta forma ao paradigma operacional do modelo do vagão, cujas tremonhas de descarga normalmente são acionadas unitariamente e não em conjunto, de uma única vez.
Este, portanto, passou a ser um diferencial definitivo no ativo, colocando assim os fornecedores de material rodante diante deste desafio.
Ao passo que este aspecto de projeto avançava, no mesmo diapasão, a Rumo avaliou o interesse em que seus ativos ferroviários – que seriam os primeiros a deter tal tecnologia de descarga rápida (instantânea) – também obtivessem uma expressão de imagem corporativa e afirmação de marca e logotipia através de um novo layout, fugindo do padrão convencional existente.
A intenção para tal atitude não refletia outro objetivo senão definir a presença do novo player no segmento ferroviário, representativo em uma parceria operacional (ALL), mas independente em seus ativos e com identidade visual própria.
II - Briefing
Para o desenvolvimento do chamado “padrão de pintura” (paint-scheme) a ser aplicado nestes ativos, o resultado seguiu algumas etapas do processo de desenvolvimento da programação visual e gráfica, a partir da atuação da metodologia em Desenho Industrial.
Para o estudo do processo que resultou no padrão adotado, os quesitos levantados seguiram uma lista de informações, resultantes do briefing, com o reconhecimento dos elementos que associam a linguagem à imagem empresarial do cliente. Tais informações orientam a linha de trabalho que resultará na melhor percepção do processo de desenvolvimento do produto desejado (imagem).
Rumo Logística / Cosan. Universo: setor agro-industrial; Mercado: externo (exportação); Foco: sucroalcooleiro;Objeto de produção em análise: açúcar granel; Mobilidade da produção: transporte; logística;Foco da mobilidade da produção: modo ferroviário; Objeto da mobilidade: ativos ferroviários (locomotivas e vagões); Interesse em análise: aplicação de padrão de pintura dos ativos ferroviários. Empresas envolvidas: Rumo Logística Cosan; ALL - América Latina Logística; Foco empresarial: Rumo Logística; Coligação da imagem empresarial: Cosan; ALL - América Latina Logística; Policromia institucional predominante: Rumo Logística;Destaque para a assinatura Rumo Logística; Linguagem: tradicional com foco em modernidade; limpeza dos elementos de imagem; Semântica: simplicidade; objetividade; rápida identificação da imagem / marca; aderência institucional; sinergia da linguagem do padrão com a imagem da empresa; arrojo; direcionamento; identidade logística; identidade vinculada com o modo (ferrovia); inclusão de um slogan que envolva o conceito de energia e ou identidade; aproveitamento energético; bioenergia; biomassa; meio ambiente; O projeto de investimento em ativos ferroviários está contido na grade de estratégia de mercado e de logística da Rumo Logística / Cosan, ocupando lugar de destaque, sob a atenta observação de investidores estrangeiros.
III - Desenvolvimento do Caderno de Estudos / Geração de Alternativas
Desenhos sem escala, com representação gráfica em formato de “sketch” representaram os primeiros movimentos tangíveis do processo de desenvolvimento. Da geração de alternativas houve a definição daquela que melhor traduzisse o elo entre os interesses do cliente (empresa) e argumentação técnica sobre o projeto.
No caso da Rumo Logística / Cosan houve uma preparação reconhecida por before briefing, que consiste em uma análise preliminar a partir da proposta recebida, iniciada de um reconhecimento genérico sobre o cliente e o seu negócio. Representa uma “captura” daquilo que traduzirá em essência os dados coletados no briefing, utilizados no desenvolvimento das pranchas definitivas.
No contexto metodológico da Geração de Alternativas não existe um número limite para a sua apresentação. Situações que vão de um simples rascunho a centenas de pranchas até se chegar ao elemento desejado encontram na literatura técnica do design exemplos inesgotáveis.
Contudo o objetivo dessa etapa é justamente canalizar a linguagem traduzida em imagem, a partir de modelos que possam ser discernidos durante o processo de escolha, onde quantidade não traduz necessariamente qualidade.
A definição dos critérios adotados no material rodante (vagões) balizou os resultados que seriam obtidos juntos aos demais ativos.
Neste fórum não serão apresentadas todas as alternativas em estudo de desenho que definiram o resultado obtido, uma vez que não representa o foco primordial desta abordagem, contudo, a exposição do caminho percorrido faz parte do processo que focaliza o tema tratado, ilustrado em resultado, com a apresentação dos três estudos finalizados, a saber: Brief; Prototype e Serial.
Identidade Visual
A Cosan investiu no final dos anos 2000 em uma nova assinatura para a sua identidade visual e corporativa, seguindo o mesmo caminho suas empresas coligadas (“holding”), a exemplo da Rumo que também recebeu uma nova identidade institucional.
Ao tomar por base a identidade corporativa da Cosan, os exercícios focalizaram como assinatura principal a logomarca e o logotipo da empresa, elementos tais que foram explorados conforme apresentados, pré-existentes, bem como a assinatura cromática (uso das cores corporativas).
Por se tratar do universo ferroviário, a aplicação dos elementos de identidade buscou dar coerência com este segmento, sem perda da identidade remetente à modernidade e leveza que são dois pontos imediatamente perceptíveis na assinatura do cliente e de seus afiliados, pontos tais que foram preservados e explorados neste processo.
As cores representaram nestes estudos uma preocupação à parte, para atender a duas vertentes: (1) a comunicação da identidade do cliente a partir de conceitos de valor que a empresa define (energia; biomassa; leveza; conservação; limpeza; sustentabilidade). (2) à racionalidade fabril, com otimização de matéria-prima e dos materiais utilizados.
A logomarca da Rumo Logística apresenta fusão entre a logotipia e o ícone representativo. As gerações iniciais foram realizadas utilizando a mesma plataforma de desenho, aonde se identificam os elementos visuais que são reforçados em todas as etapas.
IV - Desenvolvimento do Conceito
A referência encontrada e relacionada com ativos ferroviários para a Rumo Logística, (in“Manual de Identidade Rumo Logística - Normas de Uso da Marca”-MOURA, F.M. - maio 2009), revela uma sugestão demasiadamente simplificada para aplicação da assinatura Rumo, sem maior tratamento visual para estes ativos, bastando para tal unicamente o apontamento da área da assinatura (inscrição).
Isto se explica pela realidade vigente naquele momento e dos objetivos da empresa em relação aos seus ativos de transporte no segmento do açúcar para exportação, que foram significativamente mudados a partir do segundo semestre do mesmo ano, quando os ativos ferroviários passariam a exercer forte protagonismo.
Com esta nova realidade, a proposta de desenvolvimento de uma identidade visual inédita, sinérgica com a identidade institucional já existente, de forma mais elaborada e convergente com o novo cenário da empresa, buscou através da metodologia de design, alcançar um critério de proximidade com a ferrovia, que aliasse modernidade e, ao mesmo tempo, um sentido de pertença com o segmento.
Após extensa produção de alternativas (sketch drawings), os estudos resultantes apresentados abaixo, foram submetidos à apreciação executiva (cujo acompanhamento esteve presente durante todo o processo (idem material de tração (locomotivas) ):
(Desenhos acima): de cima para baixo podemos observar os três estudos em relação às etapas distintas de “Briefing” (estudos preliminares), “Protótipo” (estudos avançados) e “Seriado Definitivo” (novos estudos avançados com modificações por reavaliação do cliente). Redefinições foram necessárias em razão do detalhamento dos padrões de assinatura da Cosan e da ALL, em conformidade com detalhamentos e recomendações técnicas dos manuais de identidade visual e gráfica (estudo de uso e normas de aplicação da marcas pré-existentes das empresas envolvidas. O padrão aplicado no Protótipo foi escolhido originalmente para ser adotado em Série pela Rumo Logística, com aceitação definida. O modelo em Briefing não chegou a ser adotado. Com os elementos já lançados em planta e projeto, houve, entretanto, a solicitação de um novo estudo, pela Cosan. O desafio foi atender às observações e aspirações do cliente sem alterar as expectativas de escolha do padrão e, ao mesmo tempo, a programação do fornecedor em relação à etapa fabril (provisão de matéria-prima (tintas)), bem como a preparação dos demais elementos adesivos (logotipias e logomarcas das assinaturas convergentes). Para o estudo serial, que se tornou o padrão vigente dos ativos de material rodante, foi respeitado o mesmo processo de aplicação e distribuição dos materiais. No processo de desenvolvimento de projeto pelo Desenho Industrial, situações desta natureza não são incomuns e podem ocorrer em fases distintas do projeto, de acordo com o grau de intervenção, sem que se caracterize perda das etapas vencidas. “O design pela sua capacidade multidisciplinar e transversal, fornece rápidas respostas por meio de produtos, imagens e novas possibilidades de interação” (MORAES, D. in “Metaprojeto: o design do design. Pg.20 - Ed. Blucher - 2010). Estudos do autor (car body drawings – J Moldover-USA (sob autorização)).Resultou deste trabalho o desenvolvimento e entrega do MANUAL DE IDENTIDADE VISUAL DOS ATIVOS FERROVIÁRIOS DA RUMO LOGÍSTICA / COSAN (et BUZELIN, J.E.C.H. – 2010).
Uso de novos materiais a partir da análise de projeto em Design
A técnica de “plotagem”, que consiste no jargão do segmento da indústria gráfica em imprimir imagens digitalmente processadas e convertidas em superfícies compósitas de polímeros vinílicos (plásticos), autocolantes, associados a adesivo de alto impacto e coesão, em formatos planos diversos, conformados e cortados com precisão através das chamadas “impressoras de faca”, permite uma quase infinita gama de formatos e tamanhos, a partir de qualquer desenho desenvolvido ou transferido para uma plataforma digital com precisão matemática (algorítmicos), o que facilitou em muito o uso desta mídia em grandes áreas, sem perda de qualidade, o que até poucos anos, se não impossível, era impraticável, dado principalmente às limitações associadas à tecnologia analógica de captura, transferência e impressão.
A nova geração de materiais poliméricos planos de baixa densidade, alto impacto e em película de precisão (0,1 mm a 0,5 mm, e / ou até outras espessuras, de acordo com a necessidade ou exigência do cliente), contribuiu para que este processo se tornasse acessível, permitindo assim a aplicabilidade em qualquer área de acordo com as necessidades do cliente, sem perdas ou desperdícios e sob o foco sustentável, tanto ambiental quanto produtiva.
Vantagens consideradas: permite quase ilimitada aplicação, em variedades, tons e posicionamentos; diversidade de materiais e tipos; pode ser aplicado fora da planta industrial (empresas de “plotagem” realizam este tipo de serviço no campo); reduz significativamente, dependendo dos elementos gráficos de imagem e marca em questão, o tempo de mobilização para a execução desta etapa fabril.
Desvantagens estimadas: dada à natureza da atividade ferroviária de carga, a “plotagem” tende a ter uma vida útil reduzida; veículos ferroviários enfrentam intempéries climáticas em extremos; o acúmulo de unidade (água) entre o polímero e a superfície pode propiciar pontos de corrosão (aço-carbono); exigência de manutenção periódica curta (imobilização do ativo ferroviário).
Os vagões hopper Rumo já se encontram a praticamente um ano em operação sob condições operacionais típicas exigentes.
É interessante observar que, do elenco de desvantagens associadas à análise do processo, algumas, senão todas tem se relevado contraditórias ao prognóstico negativo, ou, pelo menos, muito reduzidas, a saber:
-Vida útil: sob o primeiro ano de uso, os elementos aplicados ainda oferecem boa resistência, definição cromática e fixação.
-Integridade superficial: a película dos adesivos poliméricos apresenta conformidade progressiva, ou seja, por contato e superfície, acomodam-se com o tempo, tornando-se mais coesa e uniforme, dificultando assim a retirada do filme e preservando a integridade contra umidade. Elementos de proteção agregados à película contra a ação de raios U.V. solares (que contribuem para o desbotamento cromático e degradação da superfície), revelam-se eficazes, quando corretamente agregados.
-Manutenção: pelos resultados acima apresentados, a conservação revela-se consequentemente racionalizada, uma vez que a integridade e vida útil revelam-se bem definidas no contexto e dada natureza do processo e do material; as intervenções repositórias - quando necessárias - mostram-se simplificadas e pontuais, não exigindo a troca de conjunto, mas dos elementos componentes (letras, números, logotipia, etc.), com mínima imobilização do ativo.
Custos e resultados
A aplicação por vagão, dependendo do grau de maior complexidade da superfície e bem como do padrão em uso, leva em torno de quarenta minutos à uma hora e meia, no máximo (por unidade / equipe, com apenas dois homens atuando, mais o resultado instantâneo (sem necessidade de cura). A pintura associada dos mesmos elementos gráficos pode levar (estimativa) de duas a quatro horas (por unidade / equipe, mobilizando até quatro homens, mais o tempo de cura (secagem)). Portanto percebe-se que o beneficio, sobretudo em tempo por equipe, reflete diretamente nos resultados de produção (seriada).
Os custos de aplicação por peça podem ser estimados em torno de 0,01% do valor total do ativo, representando também o aspecto econômico do valor agregado de investimento. O maior valor fica por conta do uso de películas refletivas, caso optado, fechando em 4:1 os valores finais da matéria-prima em relação à película vinílica padrão (comum). (Fonte: Albany).
(Fotografia acima): aspecto final do vagão hopper fechado, com revestimento, manga T, (HPT), com o layout concluído seriado, vendo-se as assinaturas corporativas da Rumo Logística e Cosan aplicadas com o uso de polímero vinílico adesivo policromático. O material refletivo foi adotado apenas no barramento inferior, na faixa que incide horizontalmente na base do quadro lateral. A opção do material refletivo é viável, porém maior em relação aos custos. Fotografia do autor (2009).
(Fotografia abaixo): um retorno à fábrica para ajustes, de uma pequena tabela de vagões seriados iniciais após alguns testes em campo, revelou que alguns deles se submeteram a um estresse externo com marcas sobre a pintura (estrias), provavelmente motivado pelo arrasto sobre vegetação densa e intermediária ao gabarito da via durante o tráfego. É possível notar que, apesar da pintura ter sido afetada, os elementos adesivos demonstraram boa resistência mecânica, mantendo-se íntegros e comprovando assim a sua eficácia. Fotografia do autor (2009).
Nota conclusiva
Este trabalho foi fundamentado no processo metodológico do Desenho Industrial - Projeto de Produto e nestas primeiras etapas, as propostas passam agora para a fase de discussão.
Os ativos ferroviários passaram a fazer parte em destaque das atividades operacionais e logísticas das citadas empresas e desta forma a decisão em destinar a estes ativos e a eles agregar a excelência da imagem institucional, reflete uma decisão acertada e coerente com os melhores resultados obtidos, seguindo assim uma tendência mundial.
No empresariado, o reconhecimento da grade de contribuição grade do Desenho Industrial ou design traduz uma parcela importante destes valores, uma vez que a atividade em voga visa realizar a interface entre os diversos segmentos produtivos, trazendo-lhes distinção. As soluções trabalhadas pelo Desenhista Industrial estão presentes em interface com a engenharia e a administração.
O uso de novos materiais no contexto de finalização dos ativos na etapa de padronização de pintura e layout está associado aos resultados imateriais traduzidos pela intervenção de um projeto a partir do enfoque que o design é capaz de inserir. Não como atividade periférica ou marginal de uma etapa fabril eventualmente minimizada pelo significado associado ao contexto. Tal interpretação, se considerada, encontra-se na contramão da atualidade estratégica dos processos modernos de produção e das empresas, que buscam, em um novo paradigma, definir um cenário de sucesso nos empreendimentos. Qualidade há muito deixou de ser “total” para ser processual multifocal, como resultado direto da interface de todos os processos, lineares ou não, tangíveis ou não. Agregar valor a um produto - seja ele qual for - não se resume apenas ao que se pode ser mensurado, mas também percebido e avaliado, através das ferramentas de análise de projeto e metaprojeto* (*a mais recente análise semântica sobre a atuação do design no sistema produtivo).
A decisão da Rumo Logística em buscar no Desenho Industrial (Industrial Design) uma ferramenta de identidade, pertença e sinergia com o seu projeto empresarial e logístico, trouxe aos seus ativos ferroviários um diferencial capaz de definir uma nova realidade do entendimento sobre o seu conceito de atuação e produção, não somente perante o mercado, mas, sobejamente, perante a sociedade, que em última instância define a realidade que vivemos e que buscamos superar com a evolução. Dos conceitos e das atitudes, que nascem das decisões que reúnem determinação, coragem, vanguarda, senso de valor e de oportunidade.
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