EIF investe para colocar suas locomotivas nos trilhos

Fabricante nacional aplica R$ 7 milhões para ampliar a produção e já prevê aporte de mais R$ 14 milhões...
Os empresários Carlos Braconi e João Gemma, sócios da EIF, resolveram aproveitar o clima de anúncio de investimentos no setor ferroviário, tanto pelo setor público como o privado, e investir na companhia. Com um aporte de R$ 7 milhões, eles transferiram a empresa de Paulínia (interior de São Paulo) para Três Rios (interior do Rio). A mudança aconteceu no ano passado e não foi apenas física. De prestadora de serviços de manutenção, a EIF transformou-se na única fabricante de locomotivas brasileira.
“Mudamos exatamente para começar a fabricar locomotivas e equipamentos ferroviários”, conta Carlos Braconi. O quadro de funcionários subiu de 30 pessoas para 250. Desses, 150 trabalham na manutenção de parte dos 22 mil vagões da Estrada de Ferro Vitória-Minas, da mineradora Vale. Outros 30 fazem manutenção na MRS Logística. “Na fábrica, ficam 70 funcionários.”
A empresa começou importando locomotivas dos Estados Unidos, equipamentos com potência de 3.000 HP. Fazia a reforma e as revendia. “De 2001 para cá, refizemos 150 locomotivas desse porte”, lembra Braconi. O passo seguinte foi entrar no nicho de locomotivas menores, de baixa e média potência, já que o mercado demandava a renovação da frota.
A EIF já entregou uma unidade para a fábrica de cimento da CSN e tem mais duas para a mesma cliente em produção. Com o aquecimento das encomendas, Braconi diz que a companhia resolveu antecipar os investimentos. Assim, está aplicando mais R$ 14 milhões para ampliar a produção. Com esses recursos, o empresário estima que terá capacidade para fabricar de 15 a 20 locomotivas. Segundo o empresário, o preço de uma máquina de 1.000 HP de potência varia de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões.
Histórico
Carlos Braconi conta que, até 1986, o País tinha três fabricantes de locomotivas. “Com a derrocada do setor, elas fecharam.” Mais recentemente, as ferrovias passaram a ser concedidas aos operadores privados, como ALL e MRS, num movimento de recuperação que levou cerca de cinco anos. Num segundo momento, os usuários passaram a comprar locomotivas usadas dos EUA. “Isso alavancou os negócios de fornecedores de componente e prestadores de serviços”, conta o empresário.
“O mercado cresceu e, recentemente, as empresas além de comprar usadas estão demandando novas unidades.” A GE Transportes Ferroviários, subsidiária da multinacional GE, acaba de fechar um contrato para fornecer 115 locomotivas para MRS, todas produzidas no Brasil.
A EIF produz equipamentos com potência de 700 HP e 1.500 HP, resultado de uma parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Agora, passará a fabricar locomotivas de 2.000 HP, fruto de uma parceria com a empresa norte-americana Global Locomotive, com duas dimensões de bitola. “Estamos pensando em entrar no mercado de ‘short-line’”, afirma Braconi, explicando que é um segmento comum nos EUA, mas ainda inexplorado no Brasil. “Elas não operam os troncos principais, apenas os ramais entre um tronco e outro. Essas linhas interligam as ferrovias principais.”

Fonte: Revista Grandes Construções / Ig

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