Reflexões sobre a Logística Internacional

Agregando as soluções de embalagem e distribuição à estratégia internacional do produtor [...]
As etapas básicas do processo de planejamento e exportação de produtos do agronegócio brasileiro já foram frutos de debate em edições anteriores. Um fluxograma padrão contempla desde questões referentes à pesquisa de mercado, ao cadastramento no registro de exportadores e importadores (REI) e à obtenção da senha de acesso ao SICOMEX até o embarque e a averbação da mercadoria e o pagamento por parte do importador. Dada a complexidade do processo, vale a pena bater mais vezes nesta tecla para esmiuçar as peculiaridades dessas etapas.
Mas, apesar da importância incontestável destes conceitos primários, o foco do trabalho de hoje será uma questão de suma importância para uma estratégia internacional (e mesmo nacional) bem sucedida: a logística. Este “milagre” da gestão empresarial trata das atividades referentes ao fluxo de produção e informação e à armazenagem dos produtos, indo da aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final. E, como era de se esperar, tal fenômeno vem recebendo destaque crescente nos fóruns de discussão acadêmica e empresarial. O nível de tecnologia agregado aos processos logísticos é tamanho que, graças a ele, a delicada uva do Submédio São Francisco, por exemplo, pode viajar sem problemas 40 dias em um contêiner para o Porto de Sydney, Austrália.
Nem tudo são flores, todavia. Recentemente, houve o anúncio de redução de investimentos nos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e dos Transportes, o que implica sobremaneira em políticas agrícolas precárias e dificuldades no escoamento das safras. O modal marítimo, bastante utilizado na exportação do agronegócio, encontra uma infra-estrutura precária nos pátios dos portos ou tributos para lá de desanimadores. Vejamos o caso da soja brasileira. O País produz cerca de 58 milhões de toneladas ao ano; a metade disto é exportada a um custo logístico muito elevado. Compare os U$ 70 dólares por tonelada no Brasil com os U$ 9 dólares nos Estados Unidos. Faltariam políticas públicas do governo e cooperação e associativismo entre os produtores? Fica a reflexão.
Deixemos os modais e a infraestrutura de transporte para uma próxima oportunidade. Vamos em direção a um tópico mais operacional e igualmente relevante: atenção às embalagens. O produtor deve estar atento a aspectos importantes no tocante à preparação da mercadoria para exportação. Questões como o controle da qualidade das embalagens utilizadas para transporte e apresentação ao consumidor final merecem especial atenção, sobretudo no caso de perecíveis. Exigências do mercado internacional (vide certificações como o Global Gap) tanto ao cumprimento da legislação dos países importadores, quanto à adaptação da aparência externa ao gosto do consumidor local e à valorização da imagem do país e da empresa no exterior devem compor a pauta de decisão do exportador.
Em geral, as mercadorias são embaladas pelo vendedor, que analisa a proteção durante o transporte e a movimentação, o armazenamento, a comercialização e o consumo. A marcação dos volumes e a rotulagem da mercadoria são do mesmo modo importantes. No embarque e no desembarque, sua função é individualizar as mercadorias, facilitando a identificação por parte do importador e das autoridades fiscais e alfandegárias. Exemplos de marcação consistem particularmente nos símbolos de frágil, de sensibilidade ao calor ou à umidade ou mesmo de impossibilidade de usar guincho. Isso remete o pensamento às embalagens de transporte e à unitização ou alocação de um conjunto de mercadorias em uma única unidade. Suas dimensões são padronizadas e facilitam as operações de movimentação mecanizada da carga. Três tipos são mais frequentemente utilizados:
1) Pré-linhagem (também chamada de amarração ou cintamento) que permite, por içamento, o movimento da carga, desde que adequadamente envolvida por redes especiais;
2) Paletização ou uso de plataforma de madeixa que suporta a carga e permite sua movimentação com uso de empilhadeira;
3) Conteinerização, que consiste em dispor a carga em um recipiente chamado contêiner, o qual suporta uso repetitivo e é destinado a propiciar o transporte de mercadorias com inviolabilidade e velocidade;
Assim como a embalagem, as decisões de transporte para exportação podem ser decisivas para o êxito das operações dos produtores. O frete, quer seja marítimo, aéreo, ferroviário ou rodoviário, tem seus custos influenciados pelo tipo de carga, peso, volume, localização dos pontos de embarque e desembarque, entre outros. O pagamento pode dar-se pela modalidade freight prepaid (pago no local de embarque) ou freight collect (pago no local de desembarque). Dando continuidade às reflexões sobre a logística internacional do agronegócio brasileiro, trato destas e de outras peculiaridades do transporte na próxima edição.

Fonte: Portal Dia de Campo - ANTF

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