Logística Reversa - o caminho de volta

O crescimento substâncial de novos produtos e a alta produtividade da indústria mundial de mercadorias com ciclo de vida cada vez menores, cria a necessidade de pensar em descarte antes mesmo de iniciar o desenvolvimento de um novo produto. O cemitério de resíduos poderá comprometer o ciclo mercadológico e manchar a imagem das empresas.
Equacionar o destino dessa quantidade de produtos é uma das metas das empresas visando atender os anseios da sociedade, aplicar conceitos de sustentabilidade e cumprir com as legislações ambientais.
Neste contexto, a logística reversa passa a ter importância, pois pensar no caminho de volta dos produtos de forma estratégica tornou-se fundamental para não disperdiçar tempo e dinheiro, muito menos a imagem da empresa ser arranhada.
A logística reversa é a cadeia de retorno dos produtos consumidos, chamado pós-consumo, ou daqueles que ainda não foram utilizados, pós-venda. Se a devolução da mercadoria acontece no cliente, seja por discrepâncias da movimentação ou no produto, o retorno se inicia pela via que chegou. Quando é devolvido pelo consumidor, o processo se torna mais complexo e deve ter uma atenção redobrada visando atender a necessidade do cliente o mais rápido e eficiente possível.
Assim como a logística direta, a reversa envolve muitos agentes para que todas as etapas da cadeia atinjam o objetivo de dar um destino apropriado a cada matéria-prima do produto, além de atender as solicitações de trocas e reparos feitas pelas clientes.
Em recente estudo apresentado durante o Fórum Internacional de Logística Reversa, realizado em São Paulo este ano, 10% dos produtos vendidos no país retornam para as empresas, e em metade dos casos de devolução, a solução do problema se resolve em até uma semana. Das 188 empresas entrevistadas, 50% delas gasta até 5% do faturamento em retorno de produtos, porém, a maioria não soube mensurar o tamanho do custo gerado. A estimativa é que o custo de retorno poderá alcançar até 10 vezes mais o custo da ida do produto ao mercado.
Todas as empresas fazem logística reversa, poucas de forma eficiente. O maior avanço na qualidade da operações verifica-se nos setores que têm a obrigatoriedade de recolher embalagens de produtos ao final do ciclo de vida, como pneus e embalagens de agrotóxicos, onde a cadeia de retorno está bem organizada. Temos também casos de excelência e concientização como a Whirlpool Latin America, grupo detentor das marcas Brastemp, Consul e Kitchen Aid, que vêm desde 2005 desenvolvendo o programa "Processo de Logística Reversa e Reciclagem de Eletrodomésticos", onde já foram recolhidos mais de 1,5 mil toneladas de metais e plástico de refrigeradores fora de uso, como também 2 mil quilos de CFC e HCFC, gases que podem provocar o efeito estufa. A visão da empresa foi idealizada sob os preceitos do The Natural Step, e prevê um futuro sem resíduos ao longo do ciclo de vida dos produtos. A logística reversa na Whirlpool é vista de forma estratégica desde a década de 90, quando firmou parcerias com empresas que podem contribuir com o fluxo devolutivo de alguma forma. Para ser eficiente este tipo de operação o ônus para o consumidor deve ser o mínimo possível.
Devem participar todos os agentes, onde o consumidor deve disponibilizar seus produtos de maneira adequada, o varejo deve agilizar as operações de reposição na oportunidade de entregar o novo e já retirar o antigo, e o fabricante conhecedor do conteúdo, desmontar e reciclar os diversos componentes da mercadoria. Isto poderá significar menos poluição e maior possibilidade de lucros.

Fonte: Revista Mercado Brasil - www.revistamercadobrasil.com.br

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