Gerenciamento tornou-se essencial

Novas tecnologias e serviços elevaram os custos, mas asseguram mercado para as empresas de transporte [...]
Não adianta reclamar. Para se manter no mercado, hoje em dia, o transportador não pode abrir mão de fazer um bom gerenciamento de risco, o que inclui necessariamente o rastreamento dos veículos. Apesar do aumento de custos que as novas tecnologias trouxeram ao gerenciamento de risco nos últimos 10 anos, os investimentos compensam, segundo apurou a Carga Pesada.
As transportadoras cada vez compram mais rastreadores, pagam os custos de comunicação e contam com as empresas especializadas em gerenciamento de risco. Ou montam suas próprias estruturas para esta atividade. Gerenciar risco significa reduzir ao mínimo as possibilidades de prejuízos com roubos de carga ou acidentes e obter a eficiência logística que o mercado exige. A NTC calcula que o advento das novas tecnologias de gerenciamento de risco no Brasil elevou o custo do transporte em 10% nos últimos 10 anos. Por causa disso, há três anos a planilha de custos preparada pela entidade incorporou a taxa GRIS (Gerenciamento de Risco), que permite às transportadoras cobrar até 0,3% do valor da carga para cobrir esse custo. Atualmente, diz a NTC, os empresários investem 12% a 15% do faturamento em gerenciamento de risco.
O diretor de operações da Braspress, Luis Carlos Lopes, afirma que nem todo investimento feito para gerenciar riscos é repassado ao frete. “Mesmo com a cobrança da taxa GRIS, o gerenciamento e a operação custam mais do que você arrecada.”
Rodrigo Clausen, gerente de operações de transferência da Expresso Araçatuba, afirma que a empresa cobra 0,2% de taxa GRIS em certas operações, mas, na hora de fechar a negociação, o valor acaba sendo abatido do frete. “Numa conversa inicial, até se consegue embutir um diferencial, mas a pressão do cliente por descontos é muito forte.”
ECONOMIA
Mesmo assim, empresários ouvidos por nós não estão reclamando, seja porque se sentem mais seguros com o rastreamento, seja por acreditarem que o sistema reduza custos de operação e melhore a logística.
Moacir Pedro Salami, sócio da Nova Safra Transporte, de Varginha (MG), ressalta a economia do gerenciamento. “Tive uns 30 a 40% de desconto no seguro do veículo e uns 50% no seguro de carga. Aumentamos a segurança, vendemos uma boa imagem ao cliente e ainda ficamos no lucro”, diz. O gerenciamento de risco da empresa está a cargo da Foco Gestão.
Salami afirma que a transportadora gasta R$ 125 mensais pela comunicação do satélite por caminhão mais R$ 80 com a gerenciadora. A Nova Safra tem 58 veículos próprios, todos rastreados.
Já o diretor da Transportadora Falcão, de Londrina, Milton Batista de Castro, classifica o gerenciamento de “necessidade”. “Temos que administrar este custo. Os ladrões roubam tudo. Diante desse quadro, o gerenciamento é uma exigência da própria seguradora para se ter um prêmio condizente, competitivo”, afirma. A Falcão tem uma frota própria de 120 caminhões e terceiriza o gerenciamento para a Apisul.
BOOM DO ROUBO
Rodrigo Clausen lembra que a tecnologia de rastreamento chegou ao Brasil, trazida pela Autotrac, como uma ferramenta para fins logísticos. Mas foi inicialmente adaptada à questão de segurança, uma vez que os rastreadores chegaram junto com o boom dos roubos de carga.
“Com o aumento da sinistralidade das cargas, principalmente de cigarros, medicamentos e pneus, as empresas tiveram de buscar uma forma de se resguardar dos roubos”, diz Clausen. O gerenciamento de risco da Expresso Araçatuba é feito pela Pamcary. “Estamos tirando proveito disso. Na verdade, as empresas quando terceirizam o gerenciamento olham muito o lado do custo. Nós estamos olhando o lado da qualidade”, garante.
Já a Braspress mantém sua própria estrutura de gerenciamento. “A bem da verdade, o gerenciamento nasceu dentro de nossa empresa como um diferencial de serviço. Nós transportamos mercadorias de alto valor agregado. Então, foi uma medida estratégica da empresa”, afirma Luis Carlos Lopes.
Com uma central em São Paulo, funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana, a Braspress monitora seus 762 veículos próprios. Trabalham na central 15 pessoas, supervisionadas por um ex-militar.
“NÃO USA QUEM NÃO QUER”
Lopes conta que a empresa opera com equipamentos de três marcas, mas que está gradativamente fazendo a opção pela Omnilink. “Somos o maior cliente de rastreamento da Omnilink”, diz. Ele também ressalta que a tecnologia de rastreamento foi adaptada no Brasil aos aspectos de segurança, mas que dela se podem extrair outros benefícios. “A gente percebeu a importância das informações que o equipamento pode oferecer para a logística. As ferramentas estão lá; só não usa quem não quer.”
Ele ainda ressalta que o gerenciamento deve passar por um salto de qualidade nos próximos anos, com a utilização das etiquetas com tecnologia de radiofreqüência que serão coladas nas mercadorias. “São etiquetas inteligentes com o sistema RFID (Radio Frequency Identification), uma evolução dos códigos de barra que, além do código, possuem um chip. Ao passar por um portal, você pode ter a leitura de uma carreta inteira, de um palete, e rastrear toda a carga sem interferência de digitação ou escaneamento, apenas usando radiofreqüência”, adianta.

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