Projetos propõem renovação de frota

Só falta convencer o governo...
Propostas foram elaboradas e apresentadas por diferentes setores do Transporte Rodoviário de Cargas. As autoridades não estão sensíveis ao problema, embora a iniciativa não mexa – até aumenta – na arrecadação do governo.
Com menos caminhões que os brasileiros, os mexicanos mantêm um programa de renovação de frota desde 2004. Lá, proprietários de caminhões com nove anos de uso já têm incentivo para comprar um mais novo: ganham 15% de desconto (o imposto é menor) e cinco anos pra pagar. Assim, o programa do México havia reciclado 11.466 veículos até o fim de 2009, segundo o site oficial www.chatarrizacion.com.mx.
No Brasil, porém, as propostas para reciclagem de caminhões velhos, com mais de 25 ou 30 anos, ainda não saíram do papel. Pelo menos dois projetos elaborados pelos transportadores foram levados às autoridades. O tema é prioridade para representantes do TRC, mas o governo ainda não se atentou para a situação de calamidade da frota. Por 30 dias, a Carga Pesada tentou ouvir algum representante do Poder Público, mas tudo o que conseguimos foi uma nota da assessoria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) dizendo que ainda não foram definidas ações para a “retirada dos caminhões” de circulação e que o tema “continua com agenda” do Ministério.
No ano passado, a CNT entregou uma proposta ao governo. Trata-se do Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões (RenovAr), que prevê acabar, até 2022, com a frota brasileira com mais de 30 anos de idade. A ideia é que o transportador, seja ele autônomo ou microempresa com até dois caminhões, possa entregar os veículos para a reciclagem e receber um bônus de R$ 30 mil, válido por um ano, para ser utilizado na aquisição de um mais novo, com até oito anos de idade. O valor do bônus seria abatido dos impostos pela montadora ou revenda. Para atingir sua meta, o programa precisaria reciclar 50 mil caminhões por ano.
“A renovação da frota é uma necessidade ambiental”, afirma José da Fonseca Lopes, presidente da seção de Transportadores Autônomos, de Pessoas e de Bens da CNT e da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abicam). “Na era dos motores eletrônicos, não podemos ficar com uma frota de 1 milhão de veículos mecanizados, que emitem seis vezes mais poluentes que os modernos”.
Pela proposta, o governo estabeleceria uma linha de financiamento para a compra de cavalos e implementos ao custo anual de 60% da TJLP (a taxa em janeiro foi de 0,5%) mais 3% para o agente financeiro. O prazo de pagamento seria de 84 meses. Seria criado um fundo de aval para substituir as garantias exigidas pelos bancos ao autônomo.
E o governo não gastaria dinheiro com o plano, segundo a CNT, por causa da arrecadação que a venda de veículos novos iria gerar. Para sucatear 269.610 que já estão com 30 anos hoje, o governo faria uma renúncia fiscal de R$ 8,1 bilhões, mas, mas arrecadaria R$ 11,5 bilhões com os novos caminhões ao preço médio de R$ 200 mil.
Segundo o projeto da CNT, os caminhões velhos seriam entregues em centros de reciclagem e tratados “de forma ambientalmente correta”, com a remoção de componentes considerados perigosos, tais como o tanque de combustível, a bateria e os fluídos (lubrificantes, óleos hidráulicos, líquido de arrefecimento, gás do ar condicionado), e a reindustrialização dos outros.

Fonte: Revista Carga Pesada

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