Um novo caminho está se abrindo para o comércio exterior do Brasil com
seus principais parceiros, os países asiáticos. Mas atrasos na
infraestrutura de transportes local podem fazer o país perder, ao menos
inicialmente, essa oportunidade.
Ao custo de R$ 11 bilhões, a ampliação do canal do Panamá vai quase
dobrar a capacidade atual de transporte de carga da superlotada passagem
na América Central, por onde trafega grande parte das mercadorias que
cruzam o Atlântico e o Pacífico.
O novo canal pode reduzir custos do comércio exterior brasileiro. Mas
isso só será concretizado se o país efetivar as obras em estradas e
ferrovias que farão a ligação de regiões produtoras ao Norte do país
–especialmente de grãos– com o Panamá.
O canal foi aberto em 1914. Em 2006, a empresa que o administra percebeu
que sua capacidade de transporte de carga – de cerca de 750 milhões de
toneladas anuais– não suportaria o crescimento do comércio exterior.
Em 2013, ela chegou ao teto. O projeto é alcançar uma capacidade de fluxo de 1,2 bilhão de toneladas até 2025.
Cerca de 60% das obras estão concluídas. Os responsáveis pelo projeto
acreditam que o novo canal estará em operação em junho de 2015. A
previsão inicial era 2014.
O novo canal permitirá o uso de navios com mais que o dobro da
capacidade atual. Isso porque as eclusas (mecanismo que permite a
navegação em locais com desnível de água) atuais comportam navios de 290
metros de cumprimento e 12 metros de profundidade. Com as obras,
passarão a atender navios de 400 metros por 15,2 metros.
BENEFÍCIOS
Para o Brasil, o novo canal poderá beneficiar as regiões Norte e
Nordeste. Nelson Carlini, conselheiro da empresa de logística Logz,
lembra que um navio que vai de Belém (PA) à China pelo Panamá chega três
dias e meio antes do que se for pela Argentina (por onde gasta 45
dias).
“Isso [três dias a mais] hoje custa US$ 150 mil”, calcula Nelson
Carlini, apontando que o principal beneficiado será o setor
agropecuário.
Luiz Fayet, consultor de logística da Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil, diz que 80 milhões de toneladas de soja e milho (57%
do total) foram produzidas ao norte do país em 2012.
Dessa produção, apenas 25 milhões foram consumidos ou exportados pela
região Norte. Um excedente de 55 milhões de toneladas desceu para o sul,
provocando o caos logístico da última safra.
Essa situação torna os custos internos de transporte da soja no Brasil
quatro vezes superiores aos dos concorrentes. Se os produtos agrícolas
não forem escoados pelo Norte, a diferença de custo em relação aos
produtos norte-americanos será ainda maior.
A BR-163, as ferrovias Norte-Sul e Transnordestina e novos terminais
portuários em Belém (PA) e Itaqui (MA) seriam as vias para ligar regiões
produtoras com a saída pelo norte e, de lá, ao Panamá. Para a próxima
safra, em 2014, há alguma chance de a BR-163 estar pronta. As outras
obras, só para a de 2015, se não sofrerem novos atrasos.
REVOLUÇÃO
As obras no canal são consideradas como uma nova revolução no setor
logístico. Mathieu Floriani, diretor nas Américas da Deustch Post DHL,
maior empresa do mundo em logística, indica que 28% das cargas da costa
do Pacífico dos EUA vão se transferir para o Atlântico.
Portos americanos no Atlântico já estão em ampliação para receber navios
maiores. Isso deve tornar mais barato o custo de transporte de
mercadorias do país.
Michael Wilson, vice-presidente de operações na América da Hamburg Sud,
uma das maiores operadoras de navios do mundo, diz que o novo canal será
uma grande oportunidade para todos os países do Atlântico. Ele pondera
que os portos precisam estar preparados para a maior quantidade de
navios de contêineres que vão operar.
Fonte: Portal NTC
Com atraso na infraestrutura, Brasil vai desperdiçar novo canal do Panamá
Postado por
EQUIPE INFOLOGIS
/ quarta-feira, agosto 14, 2013 /
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