Segundo levantamento realizado pela empresa Macrologística,
R$ 100 por tonelada de grãos afastam agricultores de Mato Grosso da
superação de gargalos logísticos no escoamento da produção.
O valor definido corresponde à diferença no valor de frete no
comparativo entre duas grandes rotas de escoamento de safra, os portos
de Santos (SP) e Paranaguá (PR) e as vias de Miritituba (PA) e Santarém
(PA), pela rota da BR-163, ainda não pavimentada no trecho localizado no
Pará. O preço pago pelo produtor para escoar uma tonelada de grãos
pelos dois maiores portos do Centro-Sul do Brasil é de R$ 333, ao passo
que o gasto cai para R$ 238 a tonelada ao utilizar o caminho pavimentado
BR-163 Norte.
Para se chegar a esse resultado, o levantamento também considerou os
mesmos pontos de partida e chegada, o polo de Lucas do Rio Verde (MT) e
Shangai (China). Com isso, a diferença no custo do setor chega a um
montante de R$ 2,4 bilhões por safra.
Olivier Roger Sylvain Girard, sócio da empresa Macrologística, alega
que o tema é de fundamental importância por levar em conta a necessidade
de mudanças profundas para evitar maiores prejuízos ao escoamento da
safra e, consequentemente, ao crescimento do agronegócio no país.
O estudo completo inclui a análise de outras opções de rotas de
escoamento, tendo como destinos finais Shangai e Roterdã (Holanda). O
projeto foi capitaneado pelas entidades da Indústria, Comércio e
Agricultura dos Estados da região Centro-Oeste.
Safra recorde
Dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária)
indicam que Mato Grosso produzirá na safra 2013/14, 25,28 milhões de
toneladas, o que seria caracterizado como um novo recorde. Considerando
essa mesma estimativa, caso toda a safra mato-grossense fosse escoada
por Santarém, o custo total de frete seria de cerca de R$ 6 bilhões ante
R$ 8,4 bilhões via Santos e Paranaguá, por meio da interação modal
entre rodovia e ferrovia, o que resulta em uma diferença de R$ 2,4
bilhões.
Para o presidente da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária de
Mato Grosso), Rui Prado, os investimentos feitos em logística de
transporte ainda são muito baixos, resultando na ineficiência da
competitividade de agricultores e provocando um efeito cascata na cadeia
produtiva.
“As estradas ruins ou em péssimas condições – ou o que é pior, a
falta delas – causa prejuízos a quem produz e a quem consome. O produto
final que chega ao supermercado precisa ser mais barato para quem compra
ao mesmo tempo que remunera de forma justa a quem produz. Nós perdemos
competitividade e esse preço mais barato fica no meio do caminho, junto
com a remuneração do produtor”, comenta.
Prado ressalta também que os dados do estudo pautarão as próximas reivindicações do setor junto ao governo federal.
Fonte: Transporta Brasil
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