Logística Reversa |
- Braskem fornecerá plástico verde para os produtos da Tetra Pak
- A problemática da reciclagem de produtos eletroeletrônicos órfãos
- Empresas dobram as operações de logística reversa em 1 ano e já obtém resultados
Posted: 26 Jun 2013 10:50 AM PDT
A Tetra Pak, líder mundial em soluções para processamento e envase de
alimentos, firmou um acordo com a Braskem, maior petroquímica das
Américas, para o fornecimento de polietileno de baixa densidade (LDPE),
conhecido como plástico verde. Elaborado por meio de cana-de-açúcar, o
produto irá compor, a princípio, duas das quatro camadas protetoras que
formam as embalagens da Tetra Pak no mercado brasileiro.
Dessa maneira, os recipientes serão compostos por 82% de materiais
provenientes de fontes renováveis. A capacidade produtiva da Tetra Pak
neste ano deve chegar a 13 bilhões de embalagens, mas esse número deve
aumentar no próximo ano com a finalização da duplicação da segunda
unidade da empresa no Estado do Paraná.
"Esperamos que até 2020 todas as nossas embalagens sejam 100%
sustentáveis. Esse é o nosso grande objetivo e esse acordo com a Braskem
nos ajuda a dar um passo a mais em relação a esse projeto", explica o
presidente da Tetra Pak do Brasil, Paulo Nigro. A produção dos novos
recipientes com plástico verde está programada para começar no início de
2014, na fábrica que a companhia mantém em Ponta Grossa (PR).
De acordo com o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, serão produzidas
30 mil toneladas de polietileno de baixa densidade entre 2013 e 2014,
sendo que 15 mil toneladas já estão endereçadas à Tetra Pak. "Parte da
nossa produção já está comprometida com a Tetra Pak, mas acreditamos que
depois dessa entrega teremos um adicional para comercializar com o
resto do mercado", afirma Fadigas.
Apesar de não divulgar os investimentos, o presidente global da Tetra
Pak, Dennis Jönsson, afirmou que a empresa investe, anualmente, 4% do
seu faturamento na área de inovação. "São, aproximadamente, 400 milhões
de euros nessa área e escolhemos o Brasil para receber esse projeto
piloto com plástico verde. Vamos esperar os resultados obtidos aqui para
estudar uma possível expansão dessas embalagens, primeiro, para o resto
do continente americano e, depois, para o resto do mundo", ressalta
Jönsson.
As expectativas para a implantação das novas embalagens são positivas,
apesar das mudanças que afetaram o Brasil nas últimas semanas.
"Observamos que a situação econômica do País ainda é muito boa se
comparada a outras economias e a oferta de empregos segue em alta, o que
acaba estimulando o consumo. Além disso, o dólar deve se estabilizar em
um patamar intermediário favorecendo a importação de equipamentos. Por
isso, continuamos otimistas e não mudamos nossos planos de
investimentos", ressalta Nigro. A duplicação da fábrica em Ponta Grossa
(PR) deve ficar pronta em 2014, mesmo período da Copa.
Por: Bruna Kfouri
Fonte: DCI
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Posted: 26 Jun 2013 10:38 AM PDT
A problemática criada em torno da destinação e reciclagem de produtos
órfãos (como são chamados os itens importados que não tem um fabricante
responsável no País ou entram de forma ilegal) pelas fabricantes
nacionais de eletroeletrônicos pode ser resolvida por intermediação do
governo, que levanta a possibilidade das empresas brasileiras não
precisarem se responsabilizar pela reciclagem das peças.
Segundo o diretor socioambiental da Associação Brasileira da Indústria
Elétrica e Eletrônica (Abinee), André Saraiva, as companhias nacionais
poderiam arcar 100% com a logística reversa e a reciclagem dos órfãos.
Entretanto, de acordo com o edital de chamamento para Propostas de
Acordo Setorial para Implantação do Sistema de Logística Reversa de
Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos no Brasil, lançado no início
do ano pelo Ministério do Meio Ambiente, as fabricantes nacionais são
responsáveis, nos primeiros cinco anos do projeto, pela reciclagem de
17% do volume comercializado por elas, o que permite o não envolvimento
das empresas no processo de tratamento dos produtos considerados órfãos.
"Não temos mais obrigação de cuidar de produtos que foram fabricados por
estrangeiras. Tenho que fazer minha parte reciclando 17% do volume que
comercializo", afirma Saraiva.
Para o consultor ambiental e diretor do Pinheiro Pedro Advogados,
Fernando Pinheiro Pedro, as brasileiras, entretanto são responsáveis
pela reciclagem dos resíduos órfãos.
"Essas companhias devem se responsabilizar pela recuperação desses itens
levando em consideração a afinidade de seus produtos com esses
materiais produzidos por empresas estrangeiras sem sede no Brasil",
explica Pinheiro Pedro.
Em 2011, a Abinee começou a trabalhar em cima de um estudo que levou a
criação da Logística Reversa dos Resíduos de Equipamentos
Eletroeletrônicos (REEE). O documento aponta sete desafios a serem
superados pelo setor para a implantação do projeto ambiental. Entre eles
está a responsabilidade e a forma de custeio dos produtos órfãos.
Com base em dados reunidos no documento, a linha verde (celulares,
impressoras, notebooks, etc.) é a mais afetada pela entrada desses itens
no mercado informal brasileiro. Os dados retirados do Relatório GIA,
elaborado pela Global Intelligence Alliance, apontam uma penetração de
2% desses produtos no segmento de impressoras, 20% em celular, 25% em
notebook e 33% em desktop.
Em relação à linha branca (geladeiras, fogões, etc.), esses números são
menos expressivos. Apenas o ar condicionado sofre com 0,5% de penetração
de produtos órfãos, enquanto os demais itens somam 0%.
Para Pinheiro Pedro, as peças importadas ou pirateadas deixam de ser
órfãs a partir do momento que entram no varejo nacional. "Após ser
consumido, ele não tem mais orfandade. Na verdade, o produto já passou
por uma cadeia de consumo e precisa ser absorvido pelo setor. Então essa
orfandade não existe", enfatiza o consultor.
O segmento nacional de eletroeletrônicos emprega, atualmente, mais de
180 mil trabalhadores diretos e responde por mais de 15% da produção
industrial no País. Além disso, de acordo com dados divulgados pela
Abinee, o faturamento anual do setor representa 3,3% do Produto Interno
Bruto (PIB) total do Brasil.
Oportunidades
Por isso, o interesse de novos empresários no setor de reciclagem não
surpreende, devido à possibilidade de crescimento apresentada nessa
área. É o caso da Sinctronics, empresa nacional de reciclagem de
eletroeletrônicos, que já opera dentro da Flextronics - sua empresa
mãe.
A companhia está construindo um Centro de Reciclagem e um Centro de
Inovação em Tecnologia Sustentável na cidade de Sorocaba (SP) e já prevê
a contratação de 80 funcionários.
"A Sinctronics nasceu de uma necessidade de atender à demanda de
descarte, coleta e reciclagem de eletroeletrônicos em âmbito nacional
seguindo os requisitos ambientais estipulados pelo governo", explica o
diretor geral da companhia, Carlos Ohde.
A unidade fabril deve ficar pronta ainda nesse ano e terá capacidade
para processar até 300 toneladas por mês de eletroeletrônicos. Segundo
Ohde, 90% do material será reciclado e os 10% restante serão enviados
para coprocessamento. O executivo também afirma que a empresa terá
capacidade para trabalhar com produtos órfãos.
A Vertes, empresa nacional situada em Mauá (SP) e fundada em 2009, já
colhe os frutos do seu trabalho. Com uma carteira de 280 clientes,
incluindo gigantes do ramo de bebidas e alimentos, também não vê
problemas em trabalhar com os órfãos.
Com um faturamento de R$ 1,8 milhão em 2012, a empresa almeja um
crescimento de 10% nesse ano e tem capacidade para produzir 60 toneladas
por mês.
"Conseguimos reciclar 90% dos produtos que recebemos e não exportamos
nada. Todos eles retornam para o mercado brasileiro", conclui o diretor
comercial da Vertas, José Cristovam.
Por: Bruna Kfouri
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Posted: 26 Jun 2013 10:30 AM PDT
As empresas que investiram em logística reversa antes do fechamento dos acordos setoriais já colhem os frutos das aplicações.
O Grupo TPC Logística, por exemplo, teve um crescimento de 100% na
demanda por esse tipo de serviço entre 2011 e 2012. "Por ser um serviço
relativamente novo, a logística reversa ainda não representa fatia
representativa no nosso crescimento total, que foi de 48% no ano
passado, mas estamos muito atentos ao crescimento da demanda por essas
soluções, já que dobrou de tamanho em um ano", afirmou o vice-presidente
do Grupo TPC, Luís Eduardo Chamadoiro.
Até agora, o foco do Grupo TPC tem sido a logística reversa pós-consumo,
para empresas de e-commerce e telecomunicações, as que mais registram
prejuízos em caso de devolução de produtos ou desistência do consumidor.
Chamadoiro explicou que principal objetivo desse serviço é impedir que
os produtos percam o valor, evitando prejuízos. "Um produto devolvido,
por exemplo, ficava aberto, num canto do Centro de Distribuição (CD),
até que fosse avaliado. Quando isso acontecia, a mercadoria já não tinha
o mesmo valor. ", disse.
"A logística reversa dá tratamento imediato a esse produto para que não perca valor de venda", detalhou.
Clientes
Um dos principais clientes do Grupo TPC, uma grande operadora de
telefonia celular, cujo nome não foi informado devido a um contrato de
confidencialidade, reduziu os prejuízos em até 80% depois de implantar a
política de logística reversa. "O material retorna fora de garantia,
com a embalagem danificada ou com um pequeno defeito, por exemplo. Assim
que essa mercadoria é devolvida, é rapidamente repassada ao fabricante.
É muito importante que isso aconteça com rapidez para que o produto não
perca o valor", explicou ao DCI o gerente do segmento de Telecom do
Grupo TPC, Ciro Costa. "A partir daí, o fabricante faz uma triagem e
verifica prazo de validade, uso, defeitos. Então, pode até recusar a
devolução. Até 2010, 7 entre 10 aparelhos eram rejeitados. A TPC
acelerou o processo fazendo a triagem antes do fabricante, evitando a
rejeição", disse.
Reciclagem
Outro foco da logística reversa é a reciclagem. A JadLog, por exemplo,
já vê nesse segmento uma oportunidade de negócio maior do que a de
qualquer cliente individual da empresa, que entrega em todo o Brasil e
possui rede de 500 lojas franqueadas. Hoje, a logística reversa
representa 12% do negócio da empresa, que movimentou, ao todo, R$ 293
milhões em 2012, e já prevê R$ 325 milhões para este ano. "Atendemos
principalmente empresas de eletroeletrônicos, como Sony, Lexmark e
Positivo. Trazemos o produto estragado para consertar e levamos
consertado. Ou trazemos o cartucho de impressora vazio e devolvemos
cheio, atendendo à legislação ambiental", explicou o diretor comercial
da empresa, Ronan Hudson.
A empresa solucionou, inclusive, o problema logístico relacionado aos
postos de reciclagem. Como a maior parte desses pontos está localizada
nas Regiões Sul e Sudeste, o custo da logística reversa no Nordeste, por
exemplo, ficava muito mais caro. "Resolvemos isso planejando as
viagens. Como mais de 60% da carga sai do Sul e Sudeste para outras
regiões e temos uma ociosidade no retorno desses veículos, aproveitamos
para trazer resíduos para reciclagem", concluiu Hudson.
Em outros casos, é preciso buscar alternativas, como a da Wise Waste,
empresa recém-criada, que cresceu 300% no último ano. A entrante
investiu em novas cooperativas de reciclagem no Nordeste para viabilizar
a reciclagem de alguns materiais. "Praticamente 70% dos resíduos
plásticos e de papel são produzidos no Nordeste", explicou Chicko Sousa,
sócio da empresa, que desenvolve produtos a partir de resíduos. "A
logística inviabilizava a reciclagem. O quilo do papel é vendido a R$
0,20 e o transporte do Nordeste ao Sul custa R$ 0,30", concluiu.
"Por isso temos a aplicação da economia circular. Nós utilizamos
estruturas já existentes, que estão subutilizadas, fazemos um link da
cooperativa a um reciclador local e desse reciclador a um revendedor
local. Eliminamos a capacidade ociosa de estruturas já existentes e
viabilizamos a venda", arrematou Sousa.
Hoje, a Wise Waste proporciona economia de até 15% à principal cliente, a
gigante P&G, com a compra de novos displays, fabricados com
resíduos de pós-consumo da própria empresa.
"Nós desenvolvemos os produtos com resíduos de pós consumo da empresa e
vendemos de volta para a própria P&G com um preço abaixo do de um
produto comum. Isso é possível porque a resina que reciclamos, por
exemplo, é 40% mais barata que a resina virgem", contou Sousa.
Por: Luiza Silvestrini
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