Ineficiência de logística custa mais de US$ 80 bilhões por ano no Brasil

Pesquisa inédita calculou que gargalos consomem 12% do PIB. Para as empresas americanas, custo logístico é de 8%.

A vida útil de um caminhão no Brasil é de cerca de 13 anos. Seria de 20, se o mesmo veículo rodasse nos Estados Unidos. Más condições das estradas, porém, é só um dos fatores que encarecem a logística no Brasil.
Uma pesquisa inédita da Fundação Dom Cabral calculou quanto custam para as empresas os nossos conhecidos gargalos: 12% do PIB. Para as empresas americanas, o custo logístico é de 8% do PIB, o que significa dizer que, se o Brasil tivesse a eficiência dos Estados Unidos, economizaria, todos os anos, US$ 83,2 bilhões.
“No Brasil, acontece o seguinte fato: o consumidor paga por essa ineficiência, ou a empresa vê as suas margens caindo, ou o produtor paga. De todo jeito, o país perde em competitividade”, diz Paulo Resende, diretor executivo de desenvolvimento e pós-graduação da Fundação.
Comparando o custo para exportar um contêiner, incluindo a preparação de documentos e o transporte em si, o Brasil aparece mal posicionado, inclusive quando comparado aos outros emergentes.
Custo de exportação de contêiner/país:
Cingapura: US$ 456
China: US$ 500
Índia: US$ 1.055
Brasil: US$ 1.790

“O Brasil nunca manteve o nível de investimento comparado com esses países, por isso que a gente perde em eficiência”, afirma Resende.
Em São Paulo, as carretas foram proibidas de circular durante o dia. Para diminuir o custo, a empresa de logística aposta em um caminhão que vale por três. Na frente, vêm os produtos congelados, temperatura abaixo de zero. No recheio do caminhão, vêm os alimentos que podem viajar refrigerados, a 1,5°C. Atrás, na parte traseira do caminhão, vêm os produtos secos, na temperatura ambiente.
“A economia é em torno de 30%, porque nós conseguimos, com esse tipo de veículo, trazer todos os produtos que um restaurante necessita de uma só vez”, afirma Ives Uliana, diretor de operações da Martin Browner.
Criatividade é a saída para contornar o problema. Uma empresa de bens de consumo tem um departamento inteiro para pensar em soluções logísticas. No último ano, tiraram de circulação 300 caminhões. Fizeram parcerias para que as carretas não viajem vazias. “Logística é uma questão super importante para uma empresa de bens de consumo, porque, preocupado com justamente atender bem nossos consumidores e clientes, a gente tem que chegar bem até eles”, explica Marcelo Bueno Pimenta, diretor de logística da Unilever Brasil.
 
 
Fonte: Jornal da Globo via Modais.com


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