Em Hortolândia, a locomotiva do crescimento é, na verdade, um vagão de
trem. Num retrato mais fiel, um vagão carregado de computadores. A
cidade do interior paulista de 192 mil habitantes, sede de empresas de
tecnologia como IBM e Dell, resgata sua tradição ferroviária para
despontar como o maior polo do setor no país.
Cerca de 70% dos vagões de carga e 60% das unidades de passageiros fabricados no país saem de Hortolândia.
Os dois números sugerem um mergulho na história. Na década de 1980, a
região, ainda um distrito da hoje vizinha Sumaré, era sede de uma
unidade da Cobrasma (Companhia Brasileira de Materiais Ferroviários) e
representava fatia relevante da produção nacional.
A falência da
companhia, nos anos 1990 e a queda dos investimentos no setor deixaram
um passivo trabalhista e galpões vazios na cidade.
Problemas que
fizeram do município um hospedeiro natural de empresas do setor após a
retomada dos investimentos, estimulada pela criação do plano ferroviário do governo federal, em 2003.
"Existia uma tradição ferroviária em Hortolândia. Havia mão de obra.
Quando chegou a hora, [a cidade] tinha todas as condições de receber
investimentos", diz Luis Ramos, diretor da Bombardier.
O grupo instalou em 2012 uma linha de produção global de monotrilhos.
A primeira a ocupar os ociosos galpões da antiga Cobrasma foi a
AmstedMaxion, em 2003. Pela infraestrutura local, o grupo acabou
transferindo mais adiante toda a produção de vagões de Cruzeiro (SP)
para Hortolândia.
A espanhola CAF, hoje com pedidos da CPTM
(Companhia Paulista de Trens e Metrô), inaugurou uma fábrica na região
em 2009 e se juntou às outras três já presentes (AmstedMaxion, Progress
Rail e Hewitt).
A chegada da canadense Bombardier consolidou o
polo. Hoje, são cerca de 4.000 trabalhadores ligados à atividade
ferroviária, ainda inferior ao setor de tecnologia, com quase 15 mil.
A instalação das fábricas seguiu a evolução dos contratos do setor. As
encomendas saltaram de 748 vagões em 2000 para 7.597 vagões em 2005, no
pico, para se manter estável perto de 3.000.
Até 2020, a produção deve alcançar 40 mil vagões e 4.000 carros de passageiros, sem as vendas externas.
A Bombardier, por exemplo, está de olho em editais na Índia e na América do Sul, todos para serem fabricados em Hortolândia.
FUTURO
Vicente Abate, presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria
Ferroviária), prevê mais investimentos nos próximos anos.
Para ele, Hortolândia atrai não só por infraestrutura e mão de obra mas por uma política industrial agressiva.
Os novos aportes no polo devem chegar com a conquista de novos contratos.
Para fazer frente à demanda de mão de obra futura, o setor articulou com o Senai um centro de formação no Estado de São Paulo.
A escola ferroviária receberá R$ 60 milhões de investimento e terá
capacidade para 12 mil matrículas. A expectativa é que ela seja
construída em Hortolândia.
Fonte: Folha via ANTF
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