Ferrovias fazem convênio com conselho para leiloar vagões sucateados


Um convênio entre o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) poderá dar destino a 26,7 mil vagões e locomotivas de trens que viraram lixo, mas que estão ocupando parte da malha ferroviária do país, atrapalhando o sistema de transporte de cargas.
O convênio já assinado tem a intenção de dar garantia jurídica para que sejam feitos leilões dos bens, que pertencem à antiga RFFSA (Rede Ferroviária Federal SA), órgão do governo federal que cuidava das ferrovias e foi extinto em 2007.
O modelo é semelhante ao que está sendo feito com aviões de empresas que faliram e estão em áreas de aeroportos do país.
Segundo Rodrigo Villaça, diretor executivo da ANTF, as atuais concessionárias de ferrovias em todo o país tem de cuidar desses bens que, em alguns casos, chegam a atrapalhar o sistema de transporte. Sem ordem judicial, os bens não podem ser retirados dos trilhos onde se encontram.
O número de equipamentos que viraram lixo corresponde a cerca de 25% dos vagões que estão em uso no país, cerca de 103 mil. Os piores problemas são nos estados da região Sudeste.
"É um problema que deveria estar resolvido há 15 anos", disse Villaça durante a abertura do V Brasil nos Trilhos, congresso do setor ferroviário realizado em Brasília.
O Brasil nos Trilhos foi aberto pelo Ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, que apresentou o plano de concessão da área de ferrovias, anunciado há duas semanas pela presidente Dilma Rousseff.
Passos lembrou que o governo está construindo ferrovias para integrar o país e que isso significa que parte do uso das ferrovias será feito para o transporte de passageiros entre longas distâncias.
Mas o plano de conceder 10 mil quilômetros de novas ferrovias até setembro do próximo ano ainda não ganhou passos concretos desde que foi anunciado. A diretora de Licenciamento Ambiental do Ibama, Gisela Forattini, que representou no evento a ministra do Meio Ambiente, Isabela Teixeira, informou que até agora não recebeu nenhum novo projeto na área.
Segundo ela, o Ibama já está se preparando para receber os pedidos de licenciamento da área e que o órgão não é e não será um limitador para que os prazos do governo sejam cumpridos.
"Se tivermos bons projetos, teremos um licenciamento melhor", afirmou.
O presidente da ANTF afirmou que também não foram iniciados os diálogos entre o governo e os atuais concessionários para que se estabeleçam regras claras de uso dos clientes das novas ferrovias nos trechos que já estão concedidos.
Mas, segundo ele, ainda há prazo para esse negociação já que na melhor das hipóteses as novas ferrovias só começam a operar em 2016.
 
Fonte: Folha de São Paulo


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