Portos no Brasil dobrarão em quatro anos capacidade de contêineres

A falsa discussão instalada no país de que os portos públicos estão saturados e irão travar o crescimento da economia brasileira está sendo enterrada, solenemente, pela realidade. Desde 2003, fala-se em apagão logístico e apagão portuário. Centenas de matérias e artigos foram publicados, na imprensa, com esse teor.

O fato é que, ao contrário do profetizado, a corrente de comércio exterior quase quadriplicou, passando de cerca de US$ 100 bilhões em 2002 para US$ 355 bilhões em 2010. A quantidade de contêineres (cargas de maior valor agregado) aumentou 2,25 vezes, passando de dois milhões, em 2002, para 4,5 milhões, em 2010. Em 2010, o Brasil teve o melhor desempenho, no comércio exterior, entre todos os países, incluindo a China. Em relação a 2009, as exportações cresceram 38%, enquanto as importações cresceram 34%. A China teve crescimento de 25% e 30%, respectivamente.

Esses números demonstram, de forma inequívoca, que a logística portuária tem dado suporte ao crescimento da economia e do comércio exterior, ainda que sejam desejáveis melhores indicadores em produtividade e qualidade do serviço oferecido.

Essas melhorias e o ritmo acelerado de crescimento da economia e do comércio exterior exigem obras e o aumento da produtividade nos portos públicos brasileiros, especialmente no que tange às cargas em contêineres.

A primeira importante medida tomada pelo governo Lula foi criar a Secretaria Especial de Portos (SEP). Logo em seguida, coordenado por esta, a implantação do Plano Nacional de Dragagem, que aumentou os calados dos portos de 12m para 15m, em média. O que permite a atracação de navios Super Post-Panamax de até 9.000 TEU.

Apesar da dragagem permitir navios desse calado, há outros obstáculos a transpor. Os navios anteriores precisavam de berços de atracação de 250m. Nos próximos anos, para atender aos navios Super Post-Panamax, são necessários berços de 400m. Além disso, como estes navios são mais largos que os anteriores, novos guindastes e porteineres de maior alcance serão necessários.

Assim, para dar conta desse desafio, a SEP e a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) estão desenvolvendo medidas para permitam aos atuais operadores privados dos portos públicos investir, diretamente, alguns bilhões de reais em obras e aquisição de novos equipamentos. Adequações contratuais viabilizarão aportes de recursos privados no aumento da capacidade dos terminais de contêineres em portos públicos.

Além disso, outros investimentos estão em andamento nos principais portos, com destaque para os seguintes:

- No Rio, a expansão permitirá o surgimento do maior cais contínuo para contêineres da América do Sul, com cerca de 2 mil metros de extensão e com capacidade de movimentar 2 milhões de TEUs, contra os 500 mil que tem hoje. Os operadores privados investirão cerca de R$ 1,2 bilhão, em obras e equipamentos, até 2014.

- Em Santos, várias iniciativas estão em andamento. Os inúmeros investimentos atualmente em curso no porto de Santos mais que dobrarão a sua capacidade atual.

- No Paraná, o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) atingirá capacidade de 1,5 milhão de TEU/ano, contra os 700 mil TEU atuais.

- Em Salvador, o Tecon Salvador, terá capacidade para movimentar 530 mil TEU/ano, a partir de março de 2012, contra os 250 mil de 2010

Além dessas, outras medidas contribuirão para o aumento da capacidade de movimentação de contêineres nos portos públicos brasileiros, como:

- Integração dos sistemas de controle de diferentes órgãos do governo responsáveis pelo controle dos navios recebidos pelos portos. O projeto, realizado pelo Serpro, envolve a criação de um painel de controle único com os sistemas da Receita Federal, Polícia Federal, Anvisa, Marinha Mercante e Ministério da Agricultura, agilizando o processo de liberação. Esse projeto, já iniciado em Santos, será estendido a todos os portos públicos.

- Projeto Porto Sem Papel, em fase de implantação, que permitirá uma tramitação mais rápida das cargas, reduzindo custos e viabilizando maior competitividade aos produtos brasileiros.

- Plano Nacional de Logística Portuária, a ser concluído até o final deste ano, permitirá ao governo e à iniciativa privada apresentar propostas de implantação de novos portos públicos para movimentação de contêineres, o que poderá significar aportes significativos, nos próximos cinco anos.

Esse conjunto de fatos nos permite reafirmar, portanto, que a logística portuária melhorará significativamente nos próximos anos, de modo adequado às nossas necessidades de maior competitividade no comércio exterior e de redução de custos no mercado interno.

Fonte: Agência T1


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