Novos motores precisarão de diesel mais limpo

Poucos transportadores estão informados sobre a tecnologia, que vai exigir um diesel bem mais limpo para ser usado nos caminhões novos, a partir de janeiro do ano que vem...
Pesquisa de uma montadora constatou que pelo menos 80% dos transportadores não conhecem detalhes datecnologia que será utilizada na fabricação dos caminhõese do diesel a partir de janeiro de 2012.
Os caminhões terão motores que atenderão às normasde emissões Conama 7, compatíveis com Euro 5,e custarão de 10% a 15% mais que os atuais, equipadoscom motores Euro 3. Além disso, o diesel indicado parao bom funcionamento dos novos motores terá que sermais limpo, o chamado “S50”, com baixo teor de enxofre(50 ppm – partículas por milhão), sendo que o atual dasregiões metropolitanas, que é o melhor, tem 500 ppm.A partir de 2013, está previsto o uso do diesel S10 – com 10 ppm de enxofre.
Para atender às novas normas de emissões, só o dieselmais limpo não vai bastar. A maioria dos motores Euro 5deverá adotar o SCR (Selective Catalytic Reduction), sistemaque utiliza no pós-tratamento dos gases de escape oArla 32, produto químico composto por 32,5% de ureiadissolvida em água, capaz de neutralizar o óxido de nitrogênio(NOx) resultante da combustão, convertendo-oem substâncias inofensivas: nitrogênio e água. O NOx éo gás mais nocivo à saúde emitido pelos motores diesel.
Um transportador que está testando os novos motoresnão tem queixas quanto à parte técnica. O G-10,de Maringá (PR), tem dois caminhões. “Não tem havido nenhum problema”, diz o diretor Cláudio Adamucho.Ele coloca em dúvida, no entanto, que até o início dopróximo ano o diesel mais limpo e o Arla 32 estejam disponíveis em todos os postos do País. “Será uma dificuldade para a Petrobrás.O Brasil émuito grande.”
Nem a Petrobrás nem a ANP tem informações muito precisas sobre a logística de distribuiçãoe sobre o preçodo novo combustível.Tudo que a Carga Pesada conseguiu apurar, pelasassessorias de imprensa, é que o diesel S-50 em 2012e o S-10 em 2013 serão fornecidos a uma rede de postos selecionados de todo o País. E só. Consta que, paraatender às novas especificações, a Petrobrás investirá 10bilhões de dólares até 2013.
FORNECEDORES – Os fabricantes de caminhõesacham que os prazos serão cumpridos. Até a Vale do RioDoce manifestou interesse em produzir o reagente à basede ureia. A preocupação agora é difundir as informaçõesbásicas sobre o funcionamento da nova tecnologia. Volvo(no ano passado), Scania e Mercedes-Benz promoveram encontros com a imprensa.
Todos os fabricantes já têm caminhões com esta tecnologiarodando em outros países. A Mercedes-Benz usará aqui o mesmo sistema e a mesma denominação –BlueTec 5 – que adota na Europa: “É uma tecnologiausada com sucesso desde 2005. Em todo o mundo, cercade 300 mil caminhões e mais de 25 mil ônibus Mercedes têm esta tecnologia”, diz Gilberto Leal, gerente de Desenvolvimento de Motores da empresa. A nova norma exige a redução de 80% nas emissões de material particulado e de 60% nas emissões de óxido denitrogênio, em relação à legislação atual.
A maior dúvida é quanto ao preço dos novos caminhões.Roberto Leoncini, diretor da Scania, disse quea montadora está desenvolvendo fornecedores locaispara que os novos motores tenham o menor impacto possível no preço do caminhão: “Estamos trabalhando nisso desde 2009. Todas as partes envolvidasestão fazendo a lição de casa, a nova tecnologia não écomplexa e não há motivos para haver antecipação decompras de caminhões visando evitar os novos preçosno ano que vem”, afi rmou.
O que é importante saber
Além do tanque normal de diesel, a partir de 2012 os caminhõesnovos terão outro tanque, para o reagente Arla 32.Arla 32 é a sigla de Agente Redutor Líquido Automotivocom 32% de ureia diluída em água desmineralizada.Esta substância é corrosiva, mas não é tóxica nem explosiva.Deverá ser vendida em litros, galões ou tambor, comvalidade de seis meses.
O consumo da Arla 32 é de aproximadamente 5% doconsumo do diesel, ou seja, um caminhão pesado rodando120 mil km por ano consumirá em torno de 60 mil litrosde diesel e três mil litros de Arla 32.
O sistema batizado pela sigla SCR (do inglês SelectiveCatalytic Reduction, ou Redução Catalítica Seletiva) é baseadono pós-tratamento dos gases de escape com a injeçãode Arla 32.
Seus componentes são uma bomba, uma unidade injetora,um sensor de NOx e um catalisador. É necessário tambémum cérebro eletrônico (OBD – On Board Diagnosis), responsável por manter os níveisde emissões de poluentes dentrodos limites legais. Ele controla osistema de injeção, de admissãode ar, tratamento de gases de escape e o nível do tanque do reagenteArla 32. Uma lâmpada nopainel de instrumentos indicapossíveis falhas no sistema.
Informação importantíssima: um diesel acima da especificação de 50 ppm de enxofre pode provocar falhasno sistema SCR e reduzir o torque do caminhão em pelomenos 40%.
O transportador Cláudio Adamucho ainda não tem oque dizer sobre o nível de consumo dos motores que o G-10está testando. “Quem está monitorando é a montadora. Seráum caminhão mais caro, que terá uma tara um pouco maior.A grande diferença será mesmo para o meio ambiente.”

Fonte: Carga Pesada

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