Não existe mais necessidade de escrever sobre a deficiência do país no que diz respeito às precárias condições de nossa infraestrutura de transporte de cargas.
O problema é de conhecimento público e percebemos as carências no dia a dia das nossas atividades logísticas.
Profissionais que trabalham nas áreas compreendidas pela logística, principalmente as logísticas de suprimentos e de distribuição, elaboram planos contingenciais e em não tão raro, planos extra-contingenciais (ou planos “c”).
O crescimento do país, projetado em 5% para este ano, aliado ao crescimento da safra (em torno de 4%), emitem sinais de estresse além do que é possível suportar.
Estamos com falta de estrutura de atracação de embarcações nos portos (além da estrutura de suporte de carga e descarga de containers), estamos com falta de instalação de portos inteiros, aeroportos de carga (e toda a sua estrutura), novas rodovias, além de melhorias na pavimentação e duplicação em uma série de estradas.
Isto sem falar de gestão e regulamentação daquilo que já existe, tais como novo marco regulatório para o modal ferroviário, rodoviário e hidroviário.
A competitividade do país, por óbvio, passa pela execução de obras e desenvolvimento de inteligência logística. Considerando o aumento da demanda por produtos de consumo da população brasileira e mundial, seria de se esperar que a prioridade fosse restaurar o que já existe e construir o que fosse necessário.
O PAC e o PNLT estão alinhados com estas premissas que garantirão o nosso crescimento econômico de forma sólida. Infelizmente tenho notado que algumas prioridades são relegadas ao retardo em razão de novos projetos, que de tão extravagantes beiram o nonsense, mas por incrível que pareça contam com apoio político. Isto acontece com a construção do Trem-bala.
Projetado para cobrir o percurso de Campinas até o Rio de janeiro, foi orçado inicialmente em R$ 13 bilhões, elevando-se para cerca de 33 bilhões. Na semana passada o jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem de um estudo de viabilidade do Trem-bala, realizado por três grandes empreiteiras, onde o valor do investimento passa a ser de R$ 55 bilhões.
Outros absurdos são observados, como por exemplo, a parte de financiamento do governo, que chega a R$ 26,6 bilhões. Cabe ressaltar que a passagem será de R$ 199,00, o que significa um valor maior do que o bilhete aéreo e como se não bastasse, haverá necessidade de subsídio para cobrir eventuais prejuízos da empresa operadora (não raro superestima-se uma demanda que dificilmente acontecerá, apenas para demonstrar viabilidade no projeto).
Os defensores do projeto desviam o foco da discussão, salientando a obtenção de tecnologia que está no pacote de aquisição, além de sensibilizar a opinião pública para o sentimento ufanista subjacente ao projeto do trem-bala.
Francamente, perder tempo para discutir viabilidade de projeto de trem-bala com a infraestrutura de transporte de cargas em frangalhos é inversão de prioridades.
Por:
Mauro Roberto Schlüter
IPELOG
mauro@ipelog.com
Fonte: ANTF
O problema é de conhecimento público e percebemos as carências no dia a dia das nossas atividades logísticas.
Profissionais que trabalham nas áreas compreendidas pela logística, principalmente as logísticas de suprimentos e de distribuição, elaboram planos contingenciais e em não tão raro, planos extra-contingenciais (ou planos “c”).
O crescimento do país, projetado em 5% para este ano, aliado ao crescimento da safra (em torno de 4%), emitem sinais de estresse além do que é possível suportar.
Estamos com falta de estrutura de atracação de embarcações nos portos (além da estrutura de suporte de carga e descarga de containers), estamos com falta de instalação de portos inteiros, aeroportos de carga (e toda a sua estrutura), novas rodovias, além de melhorias na pavimentação e duplicação em uma série de estradas.
Isto sem falar de gestão e regulamentação daquilo que já existe, tais como novo marco regulatório para o modal ferroviário, rodoviário e hidroviário.
A competitividade do país, por óbvio, passa pela execução de obras e desenvolvimento de inteligência logística. Considerando o aumento da demanda por produtos de consumo da população brasileira e mundial, seria de se esperar que a prioridade fosse restaurar o que já existe e construir o que fosse necessário.
O PAC e o PNLT estão alinhados com estas premissas que garantirão o nosso crescimento econômico de forma sólida. Infelizmente tenho notado que algumas prioridades são relegadas ao retardo em razão de novos projetos, que de tão extravagantes beiram o nonsense, mas por incrível que pareça contam com apoio político. Isto acontece com a construção do Trem-bala.
Projetado para cobrir o percurso de Campinas até o Rio de janeiro, foi orçado inicialmente em R$ 13 bilhões, elevando-se para cerca de 33 bilhões. Na semana passada o jornal Folha de São Paulo publicou uma reportagem de um estudo de viabilidade do Trem-bala, realizado por três grandes empreiteiras, onde o valor do investimento passa a ser de R$ 55 bilhões.
Outros absurdos são observados, como por exemplo, a parte de financiamento do governo, que chega a R$ 26,6 bilhões. Cabe ressaltar que a passagem será de R$ 199,00, o que significa um valor maior do que o bilhete aéreo e como se não bastasse, haverá necessidade de subsídio para cobrir eventuais prejuízos da empresa operadora (não raro superestima-se uma demanda que dificilmente acontecerá, apenas para demonstrar viabilidade no projeto).
Os defensores do projeto desviam o foco da discussão, salientando a obtenção de tecnologia que está no pacote de aquisição, além de sensibilizar a opinião pública para o sentimento ufanista subjacente ao projeto do trem-bala.
Francamente, perder tempo para discutir viabilidade de projeto de trem-bala com a infraestrutura de transporte de cargas em frangalhos é inversão de prioridades.
Por:
Mauro Roberto Schlüter
IPELOG
mauro@ipelog.com
Fonte: ANTF
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