Quase metade das 109 empresas com alto faturamento do país já tem algum executivo com bonificações atreladas ao cumprimento de metas ambientais. E esse número pode ser visto de duas formas: como um copo meio vazio - é um universo ainda bastante restrito de empresas - ou meio cheio, já que bônus condicionados ao ambiente sequer eram pensados alguns anos atrás.
O dado consta da primeira pesquisa nacional realizada para medir como os executivos brasileiros estão atuando para minimizar o impacto dos transportes rodoviários nas emissões de dióxido de carbono (CO2), o mais conhecido dos gases que contribuem para o aquecimento global. O setor é um elo da cadeia produtiva essencial para quem produz e de igual relevância para as mudanças climáticas: o modal rodoviário responde por 62,7% da movimentação de carga e 87,6% das emissões de CO2 do transporte de cargas no Brasil.
"A gente sabia que era um tema que importava para o setor, por isso tentamos mapear o que as empresas estão fazendo no país", diz Maria Fernanda Hijjar, diretora da área de inteligência de mercado do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), no Rio de Janeiro. A conclusão do estudo será apresentada em abril, durante o II Fórum Global de Sustentabilidade no Suply Chain, em São Paulo.
Para obter o panorama mais próximo da realidade, os pesquisadores do ILOS entrevistaram 109 executivos de logística das mil maiores empresas em faturamento em 14 setores - energia, têxtil, mineração, papel e celulose, químico, higiene e beleza entre eles. Descobriram que seis em cada dez dizem já sentir que as mudanças climáticas têm impacto nos seus negócios, seja sob a forma de pressão do governo ou de seus clientes. E para 70%, essa pressão tende a aumentar à medida que a economia cresce e, com ela, a poluição, a fiscalização e as cobranças do consumidor.
Essa tendência mundial tem mexido nos organogramas das empresas, ainda que com velocidades diferentes. De alguns anos para cá, os assuntos de sustentabilidade ganharam importância e independência. Se muitas empresas ainda têm o tema vinculado ao departamento de Assuntos Corporativos ou aos Recursos Humanos, por exemplo, outras criaram unidades específicas para lidar com questões ambientais, com gerentes e diretores migrando para as novas funções. Segundo a pesquisa, 74% estão nesse segundo grupo. "Isso é um indicador do comprometimento da empresa", diz Maria Fernanda.
No caso da logística, a premissa é simples: transportar ar é jogar dinheiro fora e poluir mais. Por isso, emitir menos é também reduzir custos com combustível e tempo, gerando benefícios para todos. Na JSL Logística (antiga Júlio Simões Logística), uma das maiores transportadoras do país, os caminhões passaram a rodar mais completos depois de mudanças estratégicas de rota e adaptações dos veículos.
Hoje, 100% de sua frota de 7 mil caminhões e 14 mil veículos de passeio possui motor eletrônico que aceita o biodiesel B5 (mistura de 5% de biodiesel no diesel). Os caminhões têm idade média de 2,5 anos, e os carros de passeiam não passam de um ano. "Além das emissão de emissão de gases, esses controles reduzem o custo de manutenção e acidentes", diz a diretora comercial, Irecê Andrade. A outra parte da explicação para a preocupação ambiental vem a seguir: "Os questionários para concorrências nos perguntam o que fazemos para minimizar as emissões de poluentes".
Por esse motivo, a JSL contratou uma consultoria externa para conhecer o volume exato de CO2 que sua frota joga na atmosfera. A partir dos resultados, pretende fazer compensações. Assim como ela, a maioria das empresas ouvidas pelo ILOS (60%) caminha nesse sentido, tendo já feito inventários de emissões de gases-estufa.
Empresa referência nessas questões, a Natura trabalha com 13 transportadores de seus produtos e monitoram de perto o desempenho delas. "Não pressionamos, mas estimulamos melhorias de desempenho ambiental", diz Ángel Medeiros, diretor de inovação e logística da Natura. Da sua parte, a empresa criará em 2012 um novo Centro de Distribuição de produtos que reduzirá em 25% as emissões de CO2 em relação a 2010 - pelo simples fato de reduzir as distâncias de transporte.
Fonte:Valor Econômico
O dado consta da primeira pesquisa nacional realizada para medir como os executivos brasileiros estão atuando para minimizar o impacto dos transportes rodoviários nas emissões de dióxido de carbono (CO2), o mais conhecido dos gases que contribuem para o aquecimento global. O setor é um elo da cadeia produtiva essencial para quem produz e de igual relevância para as mudanças climáticas: o modal rodoviário responde por 62,7% da movimentação de carga e 87,6% das emissões de CO2 do transporte de cargas no Brasil.
"A gente sabia que era um tema que importava para o setor, por isso tentamos mapear o que as empresas estão fazendo no país", diz Maria Fernanda Hijjar, diretora da área de inteligência de mercado do Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), no Rio de Janeiro. A conclusão do estudo será apresentada em abril, durante o II Fórum Global de Sustentabilidade no Suply Chain, em São Paulo.
Para obter o panorama mais próximo da realidade, os pesquisadores do ILOS entrevistaram 109 executivos de logística das mil maiores empresas em faturamento em 14 setores - energia, têxtil, mineração, papel e celulose, químico, higiene e beleza entre eles. Descobriram que seis em cada dez dizem já sentir que as mudanças climáticas têm impacto nos seus negócios, seja sob a forma de pressão do governo ou de seus clientes. E para 70%, essa pressão tende a aumentar à medida que a economia cresce e, com ela, a poluição, a fiscalização e as cobranças do consumidor.
Essa tendência mundial tem mexido nos organogramas das empresas, ainda que com velocidades diferentes. De alguns anos para cá, os assuntos de sustentabilidade ganharam importância e independência. Se muitas empresas ainda têm o tema vinculado ao departamento de Assuntos Corporativos ou aos Recursos Humanos, por exemplo, outras criaram unidades específicas para lidar com questões ambientais, com gerentes e diretores migrando para as novas funções. Segundo a pesquisa, 74% estão nesse segundo grupo. "Isso é um indicador do comprometimento da empresa", diz Maria Fernanda.
No caso da logística, a premissa é simples: transportar ar é jogar dinheiro fora e poluir mais. Por isso, emitir menos é também reduzir custos com combustível e tempo, gerando benefícios para todos. Na JSL Logística (antiga Júlio Simões Logística), uma das maiores transportadoras do país, os caminhões passaram a rodar mais completos depois de mudanças estratégicas de rota e adaptações dos veículos.
Hoje, 100% de sua frota de 7 mil caminhões e 14 mil veículos de passeio possui motor eletrônico que aceita o biodiesel B5 (mistura de 5% de biodiesel no diesel). Os caminhões têm idade média de 2,5 anos, e os carros de passeiam não passam de um ano. "Além das emissão de emissão de gases, esses controles reduzem o custo de manutenção e acidentes", diz a diretora comercial, Irecê Andrade. A outra parte da explicação para a preocupação ambiental vem a seguir: "Os questionários para concorrências nos perguntam o que fazemos para minimizar as emissões de poluentes".
Por esse motivo, a JSL contratou uma consultoria externa para conhecer o volume exato de CO2 que sua frota joga na atmosfera. A partir dos resultados, pretende fazer compensações. Assim como ela, a maioria das empresas ouvidas pelo ILOS (60%) caminha nesse sentido, tendo já feito inventários de emissões de gases-estufa.
Empresa referência nessas questões, a Natura trabalha com 13 transportadores de seus produtos e monitoram de perto o desempenho delas. "Não pressionamos, mas estimulamos melhorias de desempenho ambiental", diz Ángel Medeiros, diretor de inovação e logística da Natura. Da sua parte, a empresa criará em 2012 um novo Centro de Distribuição de produtos que reduzirá em 25% as emissões de CO2 em relação a 2010 - pelo simples fato de reduzir as distâncias de transporte.
Fonte:Valor Econômico
0 comentários:
Postar um comentário