Souza Cruz investe em índice de avaliação de transportadoras. Na hora e quantia certas, com qualidade.

Mercadoria na hora certa, quantidade pedida e qualidade desejada - tendo em mente tais objetivos, a Souza Cruz, do grupo British American Tobacco, desenvolveu um índice de qualidade em logística, o LogQi.
A intenção é medir e controlar a qualidade do serviço prestado pelas transportadoras. Segundo dados do Ministério dos Transportes, o transporte responde por 60% da composição dos custos logísticos das empresas.
- O objetivo era ter um índice de linguagem universal que pudesse ser entendido e usado por todos os departamentos envolvidos na busca do melhor nível de serviço possível, dada a complexidade da operação - conta o gerente de transportes de materiais da Souza Cruz, Fernando Rocha. A empresa atende 210 mil pontos-de-venda. Somente no primeiro trimestre deste ano foram 18,9 bilhões de cigarros vendidos.
Até o LogQi, a avaliação das transportadoras era superficial, dificultando a identificação dos erros e, portanto, a correção das ineficiências. "Tínhamos o cálculo da média aritmética simples em um conjunto de parâmetros pré-estabelecidos", explica Rocha. Para ter estoques menores, mais segurança no deslocamento, redução das avarias e acompanhamento dos custos, era preciso controlar melhor o trabalho.
Com o LogQi, podemos avaliar com mais acuracidade e temos mais parâmetros para buscar a melhoria constante de processo - diz Rocha. A Souza Cruz mapeia, assim, as causas, conseqüências e a freqüência com que os equívocos acontecem. Passou-se a observar a hora de apresentação do motorista, da entrega, o cumprimento do plano de rota, os problemas mecânicos, entre outros itens no grupo processo de transporte.
O estado do veículo no embarque e desembarque, condições da carga, tombamentos e colisões dos caminhões foram pontos agrupados na rubrica inspeção. "Verificamos ainda o amassamento das caixas como terceiro grupo", completa Rocha. O diferencial é, na verdade, a análise da meta, variabilidade e incidência do erro. Ou seja, mesmo equívocos pequenos são avaliados em comparação com o impacto do objetivo não alcançado e o intervalo de tempo em que aconteceram.
Com plantações próprias de fumo
- O nível de serviço pode fazer a diferença entre um ponto-de-venda abastecido ou sem produto, daí a rigidez na operação - justifica Rocha. A empresa não tem plantações próprias de fumo, adquirindo a matéria-prima de 45 mil minifundiários, mas administra centros de processamento em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul; Rio Negro, no Paraná; e Blumenau, em Santa Catarina.
Nestes locais, o fumo é preparado e segue para armazéns refrigerados em Santa Cruz do Sul e em Brusque, Santa Catarina. De lá, é encaminhado para duas fábricas da companhia de onde saem os cigarros para os pontos-de-venda. No mês passado, foi inaugurada a segunda planta da organização, em Cachoeirinha, Rio Grande do Sul. A previsão é fabricar 45 bilhões de cigarros por ano só em Cachoeirinha.
A complexidade da operação justifica a preocupação com o serviço prestado pelas transportadoras. "O LogQi inclui réguas, espécie de desvio padrão, que permitem ter dados mais fidedignos", afirma o gerente de transportes de materiais da Souza Cruz, Waldomiro Pacheco Junior.
Aqueles que cometem 10% de erro em relação à meta a ser alcançada recebem 87,5% de aproveitamento. Mais de 40% de erro é considerado 0% de eficiência. "Na avaliação da variabilidade, dez horas de atraso, por exemplo, correspondem a 0% de eficiência porque perde-se a hora de embarque, durante a madrugada. Aquela carga só poderá ser despachada no dia seguinte", explica Pacheco Junior.
O princípio é o mesmo para o grupo de inspeção, no qual 30% de problema é considerado índice 0% de aproveitamento. Diante destes parâmetros, se a transportadora teve 90% em inspeção, 70% em meta e 50% em variabilidade, seu índice é 60%. "Pelo critério antigo, seria 70%, o que não é motivo de preocupação", comenta Pacheco Junior. Os resultados da avaliação aparecerem na eliminação de desvios, redução de perdas e credibilidade na distribuição.
Hoje, a meta do LogQi é de 70%. "Começamos com 50% e vamos continuar aumentando para chegar à excelência em serviço", afirma Rocha, acrescentando que, quando o índice for 100%, o controle será ainda mais rígido. Diretor-presidente do Centro de Estudos Técnico e Avançados em Logística (Ceteal), Paulo Rago destaca que, quanto maior for o investimento das empresas em estratégia logística, melhores serão os resultados.
- A conquista do mercado depende de foco no cliente, de oferecer sempre os melhores produtos, com preços mais competitivo e na hora certa. Para isso, é preciso acabar com os gargalos, avaliando o processo de forma constante - comenta Rago. Hoje US$ 120 bilhões são movimentados por ano Brasil em custos logísticos. "É uma quantia alta que pode ser reduzida com melhoria dos sistemas e eliminação de erros", completa Rago.
SOUZA CRUZ
2 fábricas no Brasil
3 centros de processamento de fumo
210 mil pontos-de-venda
18,9 bilhões de cigarros vendidos no primeiro trimestre de 2003
R$ 202,2 milhões de lucro líquido de janeiro a março
77,2% de participação no mercado nos primeiros três meses do ano
13,3 mil toneladas de fumo exportadas no primeiro trimestre de 2003

Fonte: Cete@l.com

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