A abertura de um corredor logístico, com investimentos em ferrovias e rodovias, atravessando os países do Mercosul e o Chile, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, é a alternativa para intensificar o comércio exterior dessas nações. Para detalhar melhor essa ideia, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) contratou um estudo para identificar os principais “gargalos” que precisam ser resolvidos para implantar a iniciativa. As empresas que participam do consórcio responsável pelo levantamento são a Enefer, Consultoria, Projetos; Trends Engenharia e Infraestrutura; Vetec Engenharia; Ernst & Young Assessoria Empresarial e Siqueira Castro Advogados.
O consultor da Enefer, Affonso Cardoso Palmeiro, diz que entre os temas da pesquisa estão as situações ferroviárias, rodoviárias, de hidrovias, comércio exterior e crescimento da economia dos países do Cone Sul. Entre os principais obstáculos já apontados para a integração regional estão a demora no tempo de passagem de cargas pelas fronteiras e a travessia dos Andes.
Dificuldades como essas, afirma Palmeiro, fazem com que os fretes entre Brasil e Argentina aumentem de 20% a 30% anualmente. Em alguns casos, as cargas chegam a levar de dois a três dias para serem liberadas, o que gera o ônus do caminhão parado. No caso dos Andes, as condições do território e do clima fazem com que os veículos gastem cerca de cinco vezes mais combustível do que se transitassem em uma linha reta.
Palmeiro conversa com representantes de transportadoras, caminhoneiros e despachantes aduaneiros para concretizar o estudo que se iniciou em 2009 e deve ser finalizado no segundo semestre. O material produzido será divulgado e servirá de base para que o poder público elabore políticas para o setor e que os agentes privados (como operadores ferroviários, embarcadores e produtores) estabeleçam estratégias de atuação mais bem formuladas.
A assessoria de imprensa do Bndes informa que o estudo está concentrado no chamado Eixo de Capricórnio, que abrange regiões do Brasil, Argentina, Paraguai e Norte do Chile, compreendendo uma área de cerca de 1,72 milhão de km2. O valor financiado pelo Bndes para a pesquisa é de R$ 6 milhões, provenientes do Fundo de Estruturação de Projetos (Bndes FEP) - o fundo, entre outros objetivos, apoia a realização de estudos técnicos e a elaboração de projetos de infraestrutura logística, energética, social e urbana.
Apesar de fazer avaliar a malha de transporte multimodal, o foco do levantamento é o setor ferroviário. Uma das obras que podem consolidar o corredor bioceânico, que também é analisado pelo Bndes, é a implantação de uma linha férrea ligando portos do Brasil e Chile. No País, as possíveis conexões dessa linha seriam os portos de Rio Grande, Paranaguá, Santos ou algum complexo de Santa Catarina. No final de 2009, uma comitiva de 18 chilenos visitou o porto do Rio Grande para discutir o assunto. A proposta trazida pelos chilenos prevê a ligação das cidades de Valparaíso, no Chile, Mendoza e Córdoba, na Argentina, e Montevidéu, no Uruguai, ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O gerente da Empresa Portuária de Coquimbo, Miguel Zuvic Mujica, convidou os dirigentes do porto gaúcho para participar do 5º Fórum dos Corredores Bioceânicos, em abril, em Serena, para ampliar esse debate.
Fonte: ANTF
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