Sem intermodalidade, Brasil perde competitividade internacional e aumenta emissão de poluentes

Estudo da Fundação Getúlio Vargas aponta que concentração de transporte de cargas e passageiros por modal rodoviário pode significar aumento de 100% nas emissões de carbono na atmosfera, além de encarecer custos logísticos, colocando em xeque competitividade brasileira [...]
O Brasil pode elevar em cerca de 100% as emissões de carbono na atmosfera se não investir na diversificação dos modais de transporte. A estimativa é do GVces (Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas). De acordo com a pesquisa, além da maior poluição, o uso intensificado do modal rodoviário no transporte de cargas culmina na perda de competitividade brasileira, uma vez que acarreta em mais custos de ineficiência energética no transporte e logística dos produtos.
Os dados da pesquisa estão dispostos no documento “Propostas empresariais de políticas públicas para uma economia de baixo carbono no Brasil”, elaborado pela plataforma Empresas pelo Clima, do GVces. O estudo será entregue à presidente eleita Dilma Rousseff e apresentado no workshop “Caminhos Empresariais para uma Economia de Baixo Carbono”, dia 9 de novembro, em São Paulo.
O estudo destaca a má utilização do potencial brasileiro para o transporte aquaviário, tanto fluvial quanto de cabotagem, que apresentam um dos menores custos operacionais. Diante deste cenário, o documento sugere a criação de canais navegáveis nas barragens das hidrelétricas, construção de terminais de conexão e transbordo, além de adequação da infraestrutura ferroviária atual, para que haja o aumento da velocidade de trens, da flexibilidade e do número de linhas disponíveis, entre outras propostas.
Barreiras no uso ferroviário
Apesar das vantagens de um modelo intermodal diversificado, o estudo da GV aponta que ainda existem barreiras para uma maior adoção do transporte ferroviário. Entre os principais motivos citados por vinte setores produtivos ouvidos pelo centro, estão:
- indisponibilidade de rotas (65%);
– redução na flexibilidade das operações (58%);
– baixa velocidade (50%);
– custos (48%);
– indisponibilidade de vagões (34%);

Para melhorar as condições de via e superar estes gargalos do setor, estima-se um custo de quase R$ 22 bilhões.

Transporte urbano
Outro foco para a redução das emissões, de acordo com o estudo, é o transporte urbano de passageiros. Estima-se que 43% do transporte de passageiros esteja concentrado no uso de automóvel particular, 50% no uso de ônibus, e apenas 7% no transporte sobre trilhos (trem e metrô).
O coordenador do programa Empresas pelo Clima, Luiz Pires, afirma que um maior foco no transporte urbano ferroviário traria vantagens não só para o meio ambiente, mas também para as empresas. “Com o investimento em políticas públicas de transportes menos emissores, como, por exemplo, na integração intermodal, há ganhos evidentes para as empresas brasileiras, com a diminuição do custo total do frete, aumentando a competitividade da indústria nacional”, explica.
A ampliação do uso de biocombustíveis e combustíveis alternativos também é apontada como solução efetiva para redução das emissões de poluentes.

Fonte: Portal Transporta Brasil

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