Gargalo na logística de medicamentos

Estão definidos os novos governantes que comandarão os destinos do país até 2014, mas uma dúvida permanece entre os atacadistas farmacêuticos.
A agenda de prioridades dos próximos governantes está contemplando a distribuição de medicamentos Brasil afora? A função de transportar remédios da indústria até as prateleiras das farmácias e drogarias é sinônimo de transpor obstáculos. A tarefa desafiadora não se restringe às distribuidoras farmacêuticas, mas a toda a atividade atacadista.
Imagine percorrer um país com a maior extensão territorial da América do Sul (8,5 mil km²) para abastecer mais de 63 mil pontos de venda. Some-se a isto o fato de que medicamentos são produtos que exigem cuidados específicos de armazenamento e transporte. Por estes motivos, o atacado farmacêutico no Brasil pode ser considerado mais uma missão do que um negócio.
A própria malha viária é um dos principais obstáculos do segmento de transportes. Por suas dimensões continentais, o Brasil exibe uma complexidade de transporte indescritível. Nosso país sempre foi carente de transporte ferroviário, apresenta muitas limitações quanto à abrangência dos serviços aéreos, o modal hidroviário praticamente inexiste e o transporte de cabotagem idem. A alternativa que resta aos distribuidores é a malha rodoviária. Mas aí nos deparamos com a precariedade das estradas brasileiras. Repor os estoques das farmácias e drogarias espalhadas por 5.564 municípios, utilizando vias em condições comprometedoras, dificulta o progresso da atividade e o acesso da população aos medicamentos.
Para completar, a distribuição ainda convive com o alto custo de rodagem nas estradas brasileiras, em função das privatizações. O excesso de postos de pedágio tem peso significativo nos custos dos fretes. E esta situação não é exclusiva dos distribuidores do setor farmacêutico. Atacadistas de alimentos, vestuário e de muitos outros segmentos também sofrem as conseqüências.
Porém, a distribuição de remédios conta com uma problemática peculiar: a segurança. Atualmente, os medicamentos são a quarta carga mais visada por quadrilhas de assaltantes. O sistema de rastreabilidade irá combater esse obstáculo, porém enquanto ainda não for implementado, o atacado farmacêutico continua a enfrentar esta realidade de insegurança.
Com a finalidade de contornar estes gargalos, o atacado farmacêutico vem trabalhando para a consolidação de parcerias que beneficiem o setor. O relacionamento com órgãos governamentais e outras entidades também tem sido um dos caminhos encontrados para driblar este cenário. Ser o elo entre a indústria farmacêutica e a população brasileira é um papel de extrema responsabilidade.
Em um país socialmente injusto, onde o acesso aos remédios esbarra no fator renda, as distribuidoras do setor cumprem uma função primordial: ser o agente facilitador que leva os medicamentos diariamente aos rincões mais distantes do Brasil. Além de cumprir este trabalho árduo, os atacadistas ainda lidam com os gargalos. Tudo para garantir qualidade e segurança ao consumidor, personagem mais importante de toda a cadeia farmacêutica.

Luiz Fernando Buainain é presidente da Abafarma - Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico

Fonte: WebTranspo

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