Cocamar e Corol marcam assembleias para a fusão


Seguindo a tendência que já atinge grandes bancos, empresas alimentícias e cervejarias, a Cooperativa Agroindustrial de Maringá (Cocamar) e a Corol Cooperativa Agroindustrial, com sede em Rolândia, estão na mesa de negociação estudando uma possível fusão.
Interesses existem dos dois lados e se for confirmada a união, elas se tornarão uma das maiores cooperativas da América do Sul, com o maior complexo industrial entre as cooperativas brasileiras, atuação em mais de 60 municípios e um faturamento anual que pode chegar a R$ 3 bilhões dentro de três anos.
A decisão final sairá dentro de duas semanas, quando as duas cooperativas realizarão assembleias para que todos os associados tomem conhecimento do estudo, vantagens e desvantagens e opinem se aceitam ou não a fusão.
A autorização para que as duas diretorias passem a trabalhar na união sairá das assembleias gerais do dia 11 de junho, em Maringá e Rolândia, e a fusão poderá ser concluída por volta de novembro ou dezembro.
A fusão foi sugerida pelo presidente da Corol, Eliseu de Paula, e veio de encontro com interesses confessos do presidente da Cocamar, Luiz Lourenço. Ambos concordam que “o crescimento é a meta de todas as cooperativas e empresas, e quem ficar estagnado, será engolido”, como disse De Paula.
“Isso vale para nós e para empresas de qualquer lugar do mundo”, concorda o presidente da Cocamar. As diretorias das duas cooperativas se entusiasmaram com a possibilidade, mas qualquer decisão depende da aprovação dos 7,6 mil cooperados da cooperativa de Rolândia e dos 6,6 mil da Cocamar.
Consultoria
O estudo de viabilidades vem sendo conduzido pelo consultor Valdemir Campelo, que ganhou conceito internacional ao auxiliar cooperativas em várias partes do mundo. Depois de trabalhar no banco americano J.P. Morgan, Campelo foi um dos responsáveis pela reestruturação da Cocamar quando a cooperativa viveu momentos de dificuldades.
“Não quero fazer cálculos ainda, nem pensar em números sem antes ter em mãos o resultado do estudo”, diz Luiz Lourenço, que considera que aparentemente o negócio é vantajoso para as duas cooperativas.
“Embora esse assunto da fusão tenha surgido há cerca de 40 dias, a Cocamar e a Corol
há anos têm feito negócios e se ajudado”, explica.
Para Lourenço, as duas cooperativas atuam em áreas bem parecidas, o que facilita uma união, criando uma instituição mais forte, com maior poder de negociação.
“Uma pode acrescentar à outra”, considera Eliseu de Paula, pois a Cocamar produz óleo de soja e nós ainda não entramos nessa área, em contrapartida, a Corol tem moinho de trigo, que pode ser bastante útil à expansão da Cocamar”.
Dívida
Segundo o presidente da Corol, a sugestão para que se faça a fusão com a Cocamar “surgiu pensando no cooperado”. Segundo ele, “as duas cooperativas têm uma vocação muito forte no setor produtivo e agroindustrial, ambas buscam crescimento e a união traz vantagem para o associado, pois dá economia de escala e possibilita maior fôlego para todos os embates nas negociações”.
Para De Paula, atualmente empresas como Sadia e Perdigão optaram pela fusão como forma de crescimento, exemplo dado também por alguns dos grandes bancos e pelas cervejarias, todos obtendo grandes vantagens em trabalhar juntos ao invés de concorrerem.
“No nosso caso, além de todas as vantagens da fusão, ainda temos a vantagem de promovermos a união de duas cooperativas de peso com base no estatuto das cooperativas, que facilita bastante”.
As fusões de cooperativas não envolvem dinheiro ou patrimônio de uma e de outra e sim os associados.
Embora na Cocamar nenhum diretor fale abertamente sobre o que pode prejudicar a negociação, sabe-se que a preocupação é com a dívida da Corol com instituições bancárias. Porém, a busca pelo crescimento pode superar essa questão.
Ninguém esconde que um dos objetivos da Corol é salvar seu patrimônio, já que a cooperativa está com dificuldades para reduzir o valor de sua dívida.
Investimentos com dinheiro a juro tiveram uma péssima combinação com frustrações de safras, principalmente em 2009, quando o mundo inteiro viveu uma das piores crises econômicas dos últimos anos.
Expansão
Os interesses da Cocamar também não são segredo. A cooperativa maringaense, considerada a segunda maior do Brasil – atrás somente da também paranaense Coamo, com sede em Campo Mourão –, está de olho na ampla área da Corol, que conta com cerca de 30 municípios em regiões altamente produtivas e hoje muito mal exploradas.
É a chance de a Cocamar dobrar sua área de atuação, aproveitando entrepostos devidamente estruturados, e ainda passar a atuar em áreas que ainda lhe são estranhas, como a moagem de trigo.
O presidente Luiz Lourenço diz não ver a dívida da cooperativa de Rolândia como grande entrave à fusão, pois ela é bem inferior ao patrimônio. Além disso, a Cocamar, que já entrou em crise e conseguiu sair, ganhou a experiência de negociar com instituições bancárias.
“Uma vez confirmada a fusão, vamos tratar de negociar essa dívida, buscar maiores prazos”, diz Lourenço. Ele acredita que os quase R$ 400 milhões que os bancos cobram da Corol não serão apontados no estudo feito pela equipe de Valdemir Campelo como problema à negociação.

Fonte: O Diário da Maringá

0 comentários:

Postar um comentário