Fusões e Aquisições aplicadas às empresas de Logística e de Transportes - por Roberto Lacerda Oliva

Roberto Lacerda Oliva, é o Diretor Geral da empresa SOMA LOG - www.somalog.com. Em entrevista concedida ao nosso blog, o especialista aborda aspectos ligados à realização de operações de Fusões e Aquisições aplicadas às empresas de Logística e de Transportes.

De maneira resumida, podemos afirmar que nos próximos anos serão realizadas importantes operações de Fusões e de Aquisições de empresas dos setores de Logística e de Transportes que atuam no mercado brasileiro. Da mesma maneira como ocorreu em mercados maduros, como o Europeu ou o Norte Americano, a tendência é de uma concentração do número de empresas que atuarão no segmento.
Temos identificado diversas empresas com distintas motivações para levar à cabo uma operação de F&A. Entretanto, a materialização de uma boa oportunidade de venda, a união com outra empresa do setor buscando o fortalecimento e aumento do poder de competitividade, questões ligadas à problemáticas dos planos de sucessão empresarial são os aspectos mais comumente encontrados pela SOMA LOG em contato com o mercado.
Para abordar questões ligadas a processos de fusões e de aquisições de empresas de Logística e de Transportes, entrevistamos ao empresário hispano e brasileiro, Roberto Lacerda Oliva, quem esteve visitando o Brasil durante o mês de Março e respondeu às nossas perguntas em uma entrevista bastante interessante.
1. A que atividade se dedica a sua empresa?
Somos uma empresa de Assessoria Integral, que opera no âmbito de operações corporativas, realizando atividades de FUSOES e AQUISIÇOES exclusivamente para empresas que trabalham nos setores de Logística e Transportes.
2. Sua empresa atua unicamente no setor da cadeia de SUPPLY CHAIN?
Somos especializados exclusivamente no desenvolvimento de operações com empresas que desenvolvem atividades de logística e transportes. Consideramos que ambos segmentos contam com uma importante complexidade empresarial. Nossa equipe de Diretores Associados conta com profissionais com grande experiência na Direção de organizações de L&T o que nos credencia para identificar, de maneira muito rápida, as melhores oportunidades de negócios para os nossos clientes.
3. Como podemos comparar as empresas de logística e transportes da Europa e do Brasil?
Sobre o ponto de vista geral, os principais operadores internacionais já estão presentes ou manifestaram interesse em iniciar atividades no Brasil. Com relação às empresas de transportes, o Brasil está deixando de contar com um setor bastante segmentado para atuar de maneira centralizada, fenômeno que já ocorre nos principais países da Europa e dos Estados Unidos. A diferença fundamental está na questão da infraestrutura. A Europa conta com um sistema de intermodalidade
que facilita muito a realização de operações integrais de Logística e de Transportes. O Brasil caminha pouco a pouco para conseguir esta autonomia. Sobre o âmbito do segmento ao qual nos dedicamos, o que para o empresário brasileiro constitui um problema, para o investidor internacional é visto como uma oportunidade; um país em permanente construção que oferece campo para o desenvolvimento operativo e tecnológico dos principais operadores.
4. Como a atividade de M&A vem se desenvolvendo nos setores de Logística e de Transportes nos últimos anos?
Na Europa e nos EUA, a tendência vem sendo de concentração do setor, com a constituição de grandes grupos que operam ao redor dos denominados operadores integradores; no final dos anos 90, estes grupos começaram a realizar sucessivos processos de compras de empresas de logística e transportes no mundo inteiro. Pouco a pouco este fenômeno começa a ser realidade no Brasil; pensemos que há alguns anos atrás era impensável que algumas das tradicionais empresas de transportes do Brasil passassem a ser controladas por grupos internacionais.
5. O que ocorreu no ano 2009 com relação às operações de fusões e aquisições no setor de Logística e Transportes?
A crise econômica mundial, produzida a partir do segundo semestre do ano 2008, paralisou a realização das operações de M&A no setor, de uma maneira drástica. No ano 2009 as empresas se preocuparam em solucionar seus problemas internos, ajustando seus meios com base na nova situação da demanda. De uma maneira objetiva, as empresas que adotaram rápidas ações, redimensionando custos e ajustando as operações à nova demanda saíram fortalecidas da crise e agora observam, de maneira nítida, que a realização de um processo de internacionalização pode ser interessante para suportar com menos pressão futuras situações de retração e repressão econômica.
6. Que oportunidades existem no Brasil, para operações de M&A no setor de Logística e Transportes Existem muitas oportunidades. Por este motivo a SOMA LOG realiza uma aposta para reunir os conhecimentos que adquiri nos quase 25 anos em que milito no segmento de Logística e de Transportes na Europa, havendo participado de forma ativa na materialização de complexas operações de L&T. No Brasil, existe um grande potencial - tanto em fusões como em aquisições. Devemos levar em consideração que, como na Europa e nos EUA, no Brasil chegará - em curto espaço de tempo - a tendência de concentração e especialização que torna as empresas mais eficazes e flexíveis. Existe uma geração de jovens profissionais do segmento de Transportes no Brasil, que pretende materializar a opção.
7. Como vê o futuro das operações de F&A no Brasil Acredito que o mercado avançará de maneira muito rápida. Atuamos com grande confidencialidade no segmento ao qual nos dedicamos. Porém, posso afirmar que existe um grande número de empresas europeias, com as quais mantemos contatos através da SOMA LOG Europa, que dispõem de planos concretos para iniciar e/ou incrementar suas atividades no Brasil. Estar em contato constante com estas organizações é um dos valores diferenciais e agregados de nossa empresa.
8. O senhor observa um desejo real por parte dos empresários brasileiros em materializar operações de F&A?
Minha vida profissional permite com que tenha contato com empresas sediadas no Brasil, no continente Latino Americano, na Europa, e por intermédio de nossos correspondentes com algumas organizações norte americanas. Temos observado; e isso foi objeto de um artigo que difundi na imprensa brasileira, algumas ações de caráter absolutamente especulativos. Alguns empresários estão aproveitando o momento favorável pelo qual atravessa o país, para realizar alguns exercícios de contato com o mercado tanto comprador como vendedor. É a forma que encontram para saber, de maneira objetiva, o valor de suas empresas para uma possível operação de venda e/ou de fusão empresarial com outra organização do setor. Nossa recomendação é que o excesso de ações especulativas, em médio espaço de tempo, deprecia o valor de uma organização. A atividade de F&A deve ser confiada a especialistas pelo simples motivo de que as empresas devem ter continuidade e o processo não deve influenciar no dia a dia da gestão empresarial.

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