Por Milton Lourenço | @comexblog
Depois de tomar uma série de medidas que
resultaram inócuas para acabar com os congestionamentos que tumultuam a
vida dos moradores e causam incalculáveis prejuízos às empresas, o
governo federal, em mais um exemplo de insensibilidade, continua a
insistir em manter o embarque de grãos na área da Ponta da Praia, no
porto de Santos.
Se trabalhasse com planejamento, a
Secretaria Especial de Portos (SEP), muito antes da promulgação da nova
Lei dos Portos (12.815/13), já teria concluído que a melhor opção para o
embarque de granéis no porto de Santos seria o deslocamento dos
terminais para a área continental do município, que dispõe de 241
quilômetros quadrados para receber essa e outras atividades portuárias,
sem causar problemas aos moradores da zona urbana.
Já que nada fez durante esse período de
discussão, a SEP agora alega que seria necessário muito tempo para a
implantação dos terminais na área continental, insistindo em manter as
licitações, que estão previstas para abril de 2014. Se a SEP levar a
ferro e fogo essa medida, inclusive com o apoio do Supremo Tribunal
Federal (STF), fatalmente, a vida naquelas imediações da Ponta da Praia
vai se tornar um inferno, tais os danos ao meio ambiente e os problemas
viários que irá acarretar.
Até porque ninguém acredita que o
governo tenha meios para fazer cumprir a legislação que obriga as atuais
e futuras instalações a evitar a emissão de partículas. Essa
incapacidade do governo de fazer cumprir suas determinações ficou clara
recentemente em sua tentativa de disciplinar o tráfego de caminhões em
direção ao porto de Santos.
Insensíveis – provavelmente, porque
isolados no Planalto Central –, os ministros do STF concederam liminar
que suspende lei municipal que proíbe a movimentação de grãos na Ponta
da Praia, num flagrante desrespeito à população da cidade de Santos.
Agora, esgotadas todas as instâncias de diálogo institucional, só resta à
Prefeitura local recorrer à esfera jurídica para tentar reverter essa
situação, o que significa mais perda de tempo.
Esse problema também mostra que estavam
cobertos de razão os setores que defenderam em outros tempos a
estadualização da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e
maior autonomia para o Conselho de Autoridade Portuária (CAP), com
predomínio da comunidade local sobre os destinos do porto de Santos, a
exemplo do que ocorre nos mais eficientes complexos portuários da
Europa. A intensificação da federalização do porto de Santos, como
resultado da nova Lei dos Portos, tem se mostrado contraproducente. Só
falta a Codesp voltar a funcionar como moeda de troca no jogo
político-partidário, como aconteceu por largos anos.
Fonte: ComexBlog
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