A corretora MDS Consultores de Seguros e Riscos divulgou um
estudo acerca dos acidentes envolvendo transporte de cargas, e constatou
que 67% dos eventos estão relacionados de alguma maneira a falhas
humanas e de processos.
Segundo a empresa, para se chegar a essa conclusão, foi utilizado
como parâmetro um universo de 1550 sinistros ocorridos entre novembro de
2012 e outubro de 2013. A MDS considerou incidentes em operações
logísticas que tiveram acidentes durante trajeto, operação de carga e
descarga, transbordo e permanência em entrepostos.
Dentre os casos que abrangem os 67% citados anteriormente, cerca de
56% dos prejuízos foram originados por conta de tombamento, capotagem e
colisão devido a fatores como a velocidade incompatível com o trecho
somada à fadiga do motorista, desrespeito às leis de trânsito ou às
normas de segurança, distração, imperícia na manobra, falta de
qualificação profissional, defeito mecânico e uso de medicamentos.
Victor Garibaldi, diretor da corretora MDS e responsável pelo estudo,
afirma que o restante do percentual (que abrange 33% dos incidentes)
ocorre por haver problemas no manuseio e acondicionamento de cargas, com
sinistros muitas vezes procedentes de desrespeito à simbologia impressa
nas embalagens, falta de habilidade técnica na movimentação e
armazenagem dos volumes, ou até mesmo utilização de equipamentos
inadequados e desqualificação do profissional responsável.
Para amenizar o índice, empresas especialistas no segmento têm
procurado aplicar novas metodologias às operações, como explica
Garibaldi sobre um caso de uma companhia de equipamentos de alto valor
agregado, relacionados à infraestrutura no segmento de energia, cujo
transporte é realizado em veículos especiais.
“Foram implementadas medidas de prevenção de perdas como, por
exemplo, a inclusão de batedores à frente do veículo que transporta a
carga, para possibilitar o controle do trajeto, parametrização da
velocidade de deslocamento aferida pelo sistema de rastreamento do
caminhão, distâncias seguras dos demais veículos na via, -,
desenvolvimento de um plano de rotas mais seguro e com menos limitações e
exposições, além de um sistema de premiação que beneficia o motorista
proporcionalmente ao sucesso do transporte sem danos à mercadoria, o que
refletiu em uma redução de 80% nos prejuízos decorrentes de acidentes”,
finaliza.
Apesar do alto índice de acidentes que envolverem falha humana, é
importante destacar que a precária condição da infraestrutura do modal
rodoviário no Brasil permanece sendo o fator crucial para que o número
de acidentes permaneça alto e cresça cada vez mais.
Pesquisa mais recente da CNT (Confederação Nacional do Transporte),
divulgada no final de 2013, mostrou que 63,8% dos 96.714 quilômetros de
rodovias avaliadas apresentam alguma deficiência, seja no pavimento, na
sinalização ou na geometria da via.
O mesmo índice havia sido de 62,7% na pesquisa de 2012, o que significa piora no risco que o modal proporciona.
Fonte: Transporta Brasil
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