Sem ter despertado entusiasmo nas grandes empreiteiras, o governo
federal busca seduzir gigantes do agronegócio e investidores financeiros
para o leilão da ferrovia Açailândia (MA) - Vila do Conde (PA),
previsto para outubro.
Esse é o primeiro dos 12 trechos, em um total de dez mil quilômetros, de
novas ferrovias do megaprograma de concessões anunciado pela presidente
Dilma Rousseff. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro
dos Transportes, César Borges, estão pessoalmente empenhados em
assegurar o sucesso do leilão e passaram os dois últimos dias tentando
convencer as empresas a entrar na disputa.
Na quarta-feira, Gleisi e Borges receberam presidentes de grupos do
agronegócio, encabeçados pelas tradings - Cargill, Louis Dreyfus e
Caramuru - e pela Cosan. Também estiveram com gestores de fundos
importantes, como o Vinci Partners e o Pátria Investimentos, no Palácio
do Planalto. Ontem foi a vez de uma rodada de conversas com grandes
bancos. O objetivo das reuniões, segundo uma fonte graduada do governo,
foi motivá-los a entrar nas concessões de ferrovias e provar que essa é
uma oportunidade de obter rentabilidade de dois dígitos para o capital
investido.
Na tentativa de evitar a todo o custo um leilão sem pretendentes, o
Planalto estimulou as empresas do agronegócio e os bancos a se juntar em
consórcios.
Reservadamente, as grandes empreiteiras alegam vários motivos para
justificar a falta de interesse no primeiro leilão de ferrovias. Um
deles é o foco maior nas concessões de rodovias e de aeroportos, que são
negócios considerados mais maduros e com menos riscos. Outro ponto
crítico, segundo elas, é que os investimentos necessários para o trecho
Açailândia-Vila do Conde estão subestimados. Nos estudos de viabilidade,
o governo calcula os investimentos em R$ 3,1 bilhões, mas as
construtoras falam em algo mais próximo de R$ 5 bilhões, por tratar-se
de um trecho que corta a Amazônia e promete desafios em termos de
engenharia.
Também não foi vencida a desconfiança quanto ao chamado "risco Valec ".
No novo modelo, a estatal ferroviária compra toda a capacidade de
transporte dos trechos concedidos, para revender depois o direito de uso
da infraestrutura a potenciais clientes. Quando o programa foi lançado,
a ideia era que isso desse alívio aos investidores, pois o mecanismo
afasta o risco de demanda dos futuros concessionários. Mas ainda existe
insegurança sobre a capacidade de pagamento da Valec.
As empreiteiras lembram que o prazo de concessão é longo, de 35 anos, e
ninguém sabe qual será o tratamento que outros governos darão ao
assunto. Em junho, uma medida provisória permitiu ao Tesouro capitalizar
a estatal em até R$ 15 bilhões, com títulos públicos. Foi um mecanismo
para afastar os temores.
A taxa de retorno para o trecho Açailândia-Vila do Conde foi definida em
8,5% ao ano. De acordo com o governo, excluindo a parte de
financiamento, o retorno para o capital próprio das empresas chegaria a
16% ou 17%. Os críticos afirmam que esses números dificilmente poderão
ser atingidos, porque as premissas de investimentos são equivocadas.
Fonte: Portal NTC
Governo 'caça' investidor para licitação de ferrovia
Postado por
EQUIPE INFOLOGIS
/ sexta-feira, agosto 16, 2013 /
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