O coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas, Roberto Rodrigues, afirmou nesta segunda-feira que os problemas logísticos brasileiros devem persistir pelos próximos anos e que o País pode esperar ´mais caos´ para a safra 2013/14. Na avaliação de Rodrigues, nenhuma medida emergencial conseguiria reverter a falta de ferrovias e caminhões para escoar a safra até o porto. Medidas de gestão, no entanto, podem minimizar as filas de caminhões e navios. ´Não é possível caminhão ficar dois, três dias parado e navio ficar dois meses parado, não tem cabimento isso´. É possível mexer na operação, regime de trabalho, desburocratização. ´Mas nada que vá dar um alento.´
De acordo com Rodrigues, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projeta crescimento de 20% na produção mundial de alimentos mas, para alcançar esse número, o Brasil precisaria avançar 40% na produção. ´Nós temos terra disponível, gente capaz e tecnologia. Esses fatores nos dão competitividade, mas há uma série de gargalos que precisam ser resolvidos´, reforçou.
O ex-ministro disse, no entanto, que, com a legislação atual, apenas 15 milhões de hectares dos 89 milhões de hectares agricultáveis estão disponíveis aos produtores. ´É um crescimento de 20% sobre a área atual´, lembrou. ´Eu acho que tem de mudar a legislação. Eu defendo um código agroambiental. O código tem de ter água e solo, mais do que floresta. Mais importante que a floresta é a água. O solo é mais importante do que a água. Mas essa é uma conversa muito difícil´, afirmou.
Comércio bilateral
Rodrigues cobrou que o governo adote política de comércio bilateral. ´Fazemos tudo com o Mercosul, cujos interesses não são os mesmos que os nossos. O Brasil tem de eventualmente ir sozinho na negociação e depois trazer os outros países, ou fica impossível´, afirmou.
Os embargos às carnes brasileiras também são considerados uma falha de negociação do Brasil com seus parceiros comerciais. ´Em geral, tem o lado comercial, que deve prevalecer, mas a gente comete erros´, afirmou. De acordo com o ex-ministro, algumas falhas pontuais de algumas empresas acabam prejudicando os negócios. ´São (erros) pontuais e de algumas empresas, mas como prevalece o comercial, usa-se a exceção como a regra.´
Ele afirmou que falta diálogo entre empresas e governo, para adequação às regras, mas também é preciso que o governo negocie quando as exigências não tiverem fundamento. Rodrigues participa nesta segunda-feira de evento do Espírito Santo Investment Bank, em São Paulo, sobre o momento atual e as perspectivas para o agronegócio, cujo tema é ´Onde estamos e para onde vamos?´.
Fonte: AGÊNCIA ESTADO
Caos logístico no Brasil deve persistir, diz Roberto Rodrigues
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EQUIPE INFOLOGIS
/ segunda-feira, abril 08, 2013 /
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