A Região Nordeste precisa investir R$ 25,8 bilhões em rodovias,
ferrovias, hidrovias e portos a fim de evitar gargalos no escoamento de
produção. O dado faz parte do estudo Nordeste Competitivo, encomendado
pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgado na terça-feira
(30).
Segundo o levantamento, o valor deve ser aplicado nos próximos
oito anos em 83 projetos eleitos como prioritários, sendo que a maior
parte deles - 90% - diz respeito à ampliação e modernização de portos e
ferrovias. Caso o investimento não ocorra, a pesquisa prevê entrave ao
transporte de cargas na região.
De acordo com o estudo da CNI, o investimento total para resolver os
problemas de logística nos estados do Nordeste chega a R$ 71 bilhões
para tocar 196 projetos. No entanto, com foco inicial somente nos
prioritários, o estudo aponta que seria possível recuperar o valor
investido em uma média de 4,4 anos, com a economia de R$ 30,2 bilhões
gastos na região com frete, pedágios, transbordo e tarifas portuárias.
Durante a divulgação dos dados, representantes da CNI defenderam a
colaboração entre os setores público e privado para garantir as reformas
necessárias. "Sugerimos que uma força-tarefa multidisciplinar
[envolvendo setor público e privado] seja criada", disse Robson Braga de
Andrade, presidente da CNI.
"Não podemos deixar que esse trabalho [a pesquisa] morra nas gavetas
dos móveis das autoridades governamentais", afirmou José de Freitas
Mascarenhas, vice-presidente da entidade e presidente da Federação das
Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). Segundo ele, o estudo Nordeste
Competitivo teve a colaboração dos governos estaduais e será levado a
representantes do governo federal.
A pesquisa destaca que a Região Nordeste responde por 13,5% do
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro - soma de todas as riquezas
produzidas pelo país. O estudo prevê que, sem os investimentos
necessários, a região enfrentará, a partir de 2020, uma situação crítica
para escoar produtos e bens.
O trecho de ferrovias Açailândia-Marabá, por exemplo, que liga duas
cidades paraenses, mas corta o Nordeste, recebe 279 mil toneladas de
carga diariamente. A capacidade máxima é 311 mil toneladas. A previsão é
que, em 2020, o volume diário de carga da rodovia chegue a 877 mil
toneladas.
A situação dos portos também deixa a desejar. De acordo com o
levantamento, atualmente, dois portos nordestinos - Complexo Portuário
de São Luís, no Maranhão, e o Porto de Recife, na capital pernambucana -
operam acima de sua capacidade. No entanto, a previsão é de que, em
2020, seis portos operem acima da capacidade e mais dois sofram com
gargalos. Os casos mais críticos devem ser os do Complexo Portuário de
São Luís e do Porto de Natal.
Quanto às rodovias que cruzam a região, três apresentam gargalos, com
carros e caminhões transportando carga que ultrapassa em 65% o peso
suportado por essas estradas. Segundo o estudo da CNI, uma simulação de
crescimento da produção até 2020 mostra que, sem investimentos, nove
rodovias serão usadas acima de sua capacidade no prazo de oito anos.
Duas delas podem apresentar estado crítico, ultrapassando em 151% o peso
máximo suportado.
O estudo Nordeste Competitivo é o terceiro de uma série para
identificar gargalos no desenvolvimento do país. Já foram divulgadas
pela CNI as pesquisas Norte Competitivo e Sul Competitivo. A primeira
revelou necessidade de investir R$ 13,8 bilhões em obras prioritárias na
Região Norte. A segunda mostrou demanda por R$ 15,2 bilhões para os
investimentos mais urgentes na Região Sul. Um estudo semelhante sobre a
Região Centro-Oeste já está em andamento e deve ser divulgado no 2°
trimestre de 2013.
Fonte: Agência Brasil
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