Custo logístico elevado

Os fatores que atrapalham os investimentos estão cada dia mais visíveis no Brasil. O volume de recursos mobilizados pelas empresas e pelo governo, em máquinas, equipamentos e construções, neste ano, deverá se nivelar aos resultados obtidos em 2011, depois do crescimento anual de 6,4%,verificado entre 2009 e 2011.
Assim, do ponto de vista econômico, o ano em curso é anunciado como nulo. Analistas econômicos estão atribuindo as previsões do frágil crescimento econômico às incertezas decorrentes do tripé da política macroeconômica, em vigor desde 1999, baseado no sistema de metas de inflação, regime de câmbio flutuante e execução fiscal compatível com a sustentabilidade da dívida.
O País, não há dúvida, enfrenta barreiras intransponíveis para queimar etapas no seu processo de desenvolvimento. Entre elas, a falha regulação tributária, a infraestrutura insuficiente, a alta carga fiscal, a ineficiência da burocracia, o atraso da legislação trabalhista, a formação inadequada da mão de obra e o difícil acesso ao financiamento.
O Fórum Econômico Mundial divulgou levantamento promovido sobre a situação brasileira, reconhecendo como atuantes esses fatores mencionados. Ou seja: a acuidade externa percebeu o universo de problemas, há muito tempo, denunciado e reclamado pelo empresariado nacional.
Razões há de sobra para a superação desses impedimentos ao crescimento dos negócios no País. O diagnóstico é antigo, os pleitos se sucedem, mas falta ação executiva capaz de removê-los. A redução nos custos da produção perpassa por mudanças na sistemática de cobrança do ICMS, nos encargos portuários e na ampliação do acesso à malha ferroviária no Sudeste, Sul e Nordeste.
A Fundação Dom Cabral, de Belo Horizonte, estudou os custos logísticos no País. Sua conclusão básica mostra que esse fator, por si só, já compromete 13% das receitas das empresas. O levantamento para a montagem desse painel de despesas operacionais alcançou 123 empresas de diversos setores, representando 20% do Produto Interno Bruto (PIB).
A pesquisa concluiu também: quanto maior o custo logístico, menor é a margem de lucro das empresas, pois, nem sempre elas têm condições de repassar para o preço final o aumento decorrente desse item. Enquanto o custo logístico no Brasil corresponde a 12% do PIB, nos Estados Unidos da América ele não supera 8%. Se a logística brasileira tivesse o mesmo desempenho da americana, o País teria uma economia de R$ 83,2 bilhões por ano.
Na consulta às empresas sobre as principais razões para o aumento dessa despesa obrigatória, aparecem, claramente, as estradas em má conservação, as restrições de cargas e descargas nos grandes centros urbanos, os entraves burocráticos e a falta de concorrência de modais de transportes. Os gastos com infraestrutura minam, ainda, a capacidade de reinvestimentos das empresas industriais e são transferidos para o consumidor.
Os setores mais afetados pelo peso da logística são os de bens de capital, construção civil, mineração, siderurgia e metalurgia, produção agropecuária e bens de consumo. O transporte de longa distância é o que mais contribui para a elevação do índice de custo.
O estudo da fundação mineira aponta como saída, indicada por 70% das empresas consultadas: melhores estradas e a integração das ferrovias com outros meios de transportes. A logística é um sério desafio, cuja solução exige urgente planejamento governamental.
 

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