A
tão sonhada ampliação da malha ferroviária paranaense, prevista no
Plano de Investimento em Logística (PIL) do governo federal, deve dar
alívio às estradas em tempos de escoamento de safra e reduzir os custos
do agronegócio. Embora seja uma obra de longo prazo – com previsão de
entrega para aproximadamente 20 ou 30 anos –, sua realização é
considerada fundamental para desafogar as rodovias paranaenses e
acelerar o fluxo ferroviário até o Corredor de Exportação do Porto de
Paranaguá, principal porta de saída dos grãos cultivados no Paraná e
região.
Com os novos
trechos, o setor calcula que a movimentação de soja e milho sobre
trilhos será dobrada em relação ao que é transportado atualmente pelas
linhas da Ferroeste e da Serra do Mar. No caso da soja, a previsão é que
o fluxo triplique e some pelo menos 7 milhões de toneladas, estima
Nilson Hancke, assessor técnico-econômico da Federação da Agricultura do
Paraná (Faep). A estimativa é considerada acertada também pela
Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Para transportar essa
quantidade de grãos, são necessários pouco mais de 115 mil vagões. Essa
carga encheria 230 mil caminhões.
Descontando o volume que já é transportado por ferrovia, isso
significa que a demanda do agronegócio é retirar do asfalto 170 mil
carretas de soja -- hoje 1,8 milhão de toneladas do produto são
transportadas pelas duas principais vias férreas do estado, conforme
dados da Ferroeste e da Appa, entidade que administra os portos
paranaenses.Embarcam nos trens outras 1 milhão de toneladas de milho.
“Só [a Região] Oeste produz 5 milhões de toneladas de soja. Desse
montante, uma pequena parte fica para a indústria local, o restante
segue para regiões com fábricas de óleo, ou para as cooperativas que
despacham o produto para o porto”, argumenta Hanke. O especialista
considera que outras 2 milhões de toneladas da oleaginosa retiradas dos
campos de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás passariam pelo Paraná.
Pedido
A principal reivindicação do agronegócio paranaense é que seja
construída uma ferrovia entre Guaíra (Oeste) e o Porto de Paranaguá. Os
trilhos da Ferroeste começam em Cascavel e terminam em Guarapuava, onde
há um trecho, operado por empresa privada, que leva as mercadorias até o
Porto pela Serra.
“Precisamos resolver esse gargalo e ainda construir um trecho ou
reestruturar a ferrovia entre Guarapuava até Engenheiro Bley, ou seja,
aprimorar o máximo possível o reforço de pontos na ligação para o
porto”, avalia Luiz Antônio Fayet, consultor de logística da
Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Na carona da reestruturação ferroviária do Paraná, deve vir uma
redução do preço do frete. Hoje o custo do transporte ferroviário é
praticamente igual ao do rodoviário. O custo alto do frete é uma das
principais razões da pequena movimentação de cargas do agronegócio nas
ferrovias.
Para o engenheiro Renato Pavan, sócio-proprietário da consultoria
Macrologística, a diminuição nos custos com o transporte sobre trilhos
deve ficar entre 10% e 12%. A estimativa é baseada na distância média
entre a origem e o destino das cargas. “Não dá para esperar muito mais
do que isso. Há um limite entre o que está indo pela rodovia e pela
ferrovia e, no Sul, a rodovia é imbatível a até 500 km dos portos”,
considera.
Sobrecarga nas estradas aumenta com supersafra
Uma supersafra brasileira de grãos está a caminho e, com ela, a
perspectiva de maior estrangulamento da logística do país. Se no ciclo
2011/12 houve filas históricas de navios à espera para atracar na Baía
de Paranaguá e em Santos, a temporada que começa agora deve ser marcada
por maiores dificuldades no escoamento da produção. A infraestrutura
será a mesma para uma colheita com potencial recorde. Somente de soja,
espera-se que o volume retirado das lavouras aumente 14 milhões de
toneladas. “A causa é que lá em cima não tem saída”, explica Luiz
Antônio Fayet, consultor em logística da Confederação Nacional da
Agricultura (CNA), em relação à falta de opções para escoamento da
produção brasileira no Centro-Norte do Brasil.Paraná
O consenso entre os especialistas é que as ferrovias que hoje rasgam o
mapa do Paraná não são eficientes e custam caro para quem deseja
transportar mercadorias agrícolas. Com uma frota de 600 carretas
próprias, a Coamo Agroindustrial, com sede em Campo Mourão, é uma das
empresas que quase não usa a malha ferroviária disponível. O presidente
da cooperativa, a maior da América Latina, José Aroldo Galassini, diz
que os valores cobrados para transportar as cargas de caminhão até o
terminal de embarque, em Maringá, somado ao preço do frete ferroviário ,
inviabilizam a operação. Por falta de alternativa, no último ano a
Coamo colocou mais de 3 milhões de toneladas de soja, milho e trigo nas
estradas do Paraná. “Em alguns momentos, tínhamos uma carreta a cada 500
metros ao longo do trecho até o porto. Nossa maior despesa é com
transporte da produção”, revela Galassini.
Investimentos
Empresa aposta na evolução do modal em Paranaguá
Com a perspectiva de ampliação da malha ferroviária no estado, empresas do setor já começam a fazer investimentos visando aproveitar oportunidades futuras. A Seara Agropecuária, empresa de Sertanópolis (Norte), que atua na área está investindo R$ 50 milhões em um terminal privado de grãos próximo ao porto de Paranaguá.
De acordo com o gerente de operações da companhia,Victor Goltz, a estrutura vai agilizar a entrada de cargas no porto. Ele explica que o transporte será realizado por uma composição de 50 vagões, em um trajeto de 5 km entre o terminal e a área de atracação. “Movimentando 1 milhão de toneladas por ano, o investimento deve ser recuperado em 6 ou 7 anos”, calcula.
Além do serviço de transporte, Goltz revela que o projeto será viabilizado pelos serviços de armazenamento e beneficiamento de cargas. “O contratante vai poder colocar a carga dentro dos padrões exigidos, beneficiá-la usando nossa estrutura.”, complementa. A estrutura tem capacidade de armazenamento de 100 mil toneladas e consegue carregar até 1200 toneladas de produto por hora nos trens.
310 mil toneladas
Com a perspectiva de ampliação da malha ferroviária no estado, empresas do setor já começam a fazer investimentos visando aproveitar oportunidades futuras. A Seara Agropecuária, empresa de Sertanópolis (Norte), que atua na área está investindo R$ 50 milhões em um terminal privado de grãos próximo ao porto de Paranaguá.
De acordo com o gerente de operações da companhia,Victor Goltz, a estrutura vai agilizar a entrada de cargas no porto. Ele explica que o transporte será realizado por uma composição de 50 vagões, em um trajeto de 5 km entre o terminal e a área de atracação. “Movimentando 1 milhão de toneladas por ano, o investimento deve ser recuperado em 6 ou 7 anos”, calcula.
Além do serviço de transporte, Goltz revela que o projeto será viabilizado pelos serviços de armazenamento e beneficiamento de cargas. “O contratante vai poder colocar a carga dentro dos padrões exigidos, beneficiá-la usando nossa estrutura.”, complementa. A estrutura tem capacidade de armazenamento de 100 mil toneladas e consegue carregar até 1200 toneladas de produto por hora nos trens.
310 mil toneladas
É o volume de soja e milho movimentado pela Ferroeste, que liga
Cascavel à Guarapuava, no ano passado. Em 2008, linha transportou 728
mil toneladas dos dois grãos.
Fonte: Gazeta do Povo
Fonte: Gazeta do Povo
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