Zoneamento, clima e logística retardam plantio de soja

O plantio de soja vai atrasar na Região Centro-oeste do País, onde se concentra mais de metade da produção nacional, segundo a Embrapa. Falta de chuva, problemas na entrega de adubos e uma orientação do Ministério da Agricultura causam o atraso.
A Região Centro-oeste produziu 66,6 milhões de toneladas na safra passada. A consultoria Safras & Mercado prevê aumento na região na temporada atual, para 82,3 milhões de toneladas, em cerca de 25 milhões de hectares.
O Mato Grosso do Sul está há 95 dias sem chuvas, com déficit hídrico de 80 milímetros, de acordo com a divisão de Dourados (MS) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Além disso, sojicultores do estado obedecem à recomendação federal, de que o plantio da soja comece somente após o dia 1º de outubro - mesmo que o período de vazio sanitário tenha terminado no último final de semana, em 15 de setembro.
"Quem quiser antecipar [o plantio], dificilmente vai ter bons resultados, pois o solo está desnutrido", afirma o pesquisador Carlos Ricardo Fietz, da Embrapa. "A palavra-chave é cautela: os produtores estão cautelosos em relação à semeadura - para não antecipá-la", acrescenta.
Segundo Fietz, produtores sul- -mato-grossenses pedirão ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que antecipe para o dia 21 de setembro o prazo de início do plantio estabelecido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático.
No Mato Grosso e no Paraná, a recomendação é de que a semeadura comece no dia 21 de setembro, mesma data reivindicada pelos produtores do MS.
Também com clima seco, de modo geral, o Mato Grosso tem sido beneficiado por chuvas localizadas, segundo o presidente da Associação dos Produtores de Soja local (Aprosoja-MT), Carlos Fávaro: "Então, já é possível começar o plantio em pequenas áreas".
A tendência para o estado é de que as lavouras comecem ao longo de outubro e se desenvolvam gradualmente, em função das "chuvas localizadas", de acordo com o especialistas Cleber Noronha, do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
"Ainda não há notícias [de início de plantio no Mato Grosso]. Ainda não choveu o suficiente - está chovendo mas não em volume ideal", diz Noronha. "O plantio vai acontecer de forma pontual [localmente]", prevê.
Atraso dos fertilizantes
Outro fator de um potencial atraso no plantio de soja na Região Centro-oeste é o atraso na distribuição de adubos, que tem origem na infraestrutura brasileira e na greve de servidores federais.
Fávaro disse que 200 navios com fertilizantes estariam retidos, em fila, no Porto de Paranaguá (PR). "A entrega dos fertilizantes está atrasada em Diamantina, Araguaia e Canarana", relata.  

Outubro decisivo
Fávaro diz que o plantio da soja só poderá ser comprometido se os problemas persistirem até a segunda quinzena de outubro, em média. "Por enquanto, está dentro da normalidade", diz.
Sua produção, contudo, que ocupa 600 hectares em Lucas do Rio Verde (MT) e deve render 35 mil toneladas de soja neste ano, ainda não começou por causa da falta de chuva.
"Se outubro avançar sem chuva e com o atraso dos adubos, a situação ficará preocupante", observa o produtor.
Para Fietz, da Embrapa (MS), o contexto atual impede a produção precoce: "O plantio só não será antecipado".

Fonte: DCI

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