Estudo Sul Competitivo, liderado pela CNI e pelas federações industriais da região sul, aponta caminhos para solucionar gargalos de infraestrutura no eixo Paraná-Santa Catarina-Rio Grande do Sul. Principal alvo das reclamações da indústria do sul, a infraestrutura foi tema de um estudo realizado pela consultoria Macrologística, com financiamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e das federações industriais dos três estados da região sul (Fiergs, Fiesc e Fiep).
Divulgado hoje, o estudo “Sul Competitivo” revela que serão necessários R$ 70 bilhões para implantar um adequado sistema de escoamento da produção.
A cifra de R$ 70 bilhões se distribui entre 177 projetos que, segundo o levantamento, poderiam destravar os nós logísticos da região. Do total, R$ 15,2 bilhões estão relacionados a projetos considerados prioritários. “Com base na análise do potencial para gerar economias, conseguimos priorizar oito eixos, compostos de 51 projetos. A previsão é que esses eixos viabilizem no conjunto uma economia de R$ 3,4 bi por ano, o que faz com que o prazo pra recuperar o investimento de R$ 15 bilhões em projetos prioritários seja de menos de cinco anos”, projeta Olivier Girard, diretor da Macrologística e principal responsável pelo estudo.
É justamente na economia que reside o principal objetivo do projeto Sul Competitivo. Como o próprio nome já diz, a indústria regional identificou grande perda de competitividade justamente por causa do alto custo logístico.
Girard explica que as análises foram feitas de forma sistêmica. Ou seja, os projetos são multimodais. Ele exemplifica citando o eixo integrado da hidrovia do Paraná. “Consideramos todas as estradas que se precisa para chegar a um terminal, o que se precisa no próprio terminal, na hidrovia e também o que precisa ser feito na ponta do sistema, nos portos”, afirma Girard.
O estudo estende a visão para países vizinhos. Uruguai, Paraguai, Argentina e Chile foram visitados pelos técnicos. Das rotas internacionais, uma está entre as prioridades ressaltadas no Sul Competitivo: o eixo Buenos Aires – São Paulo, que entra no Brasil pela Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul e passa pela BR-285 e pela BR-153 até chegar à região Sudeste (confira, no final do texto, todos os eixos prioritários).
No entanto, é preciso deixar claro que as federações e a CNI providenciaram apenas o estudo. Começa agora a fase política: sensibilizar o governo federal para que tudo seja posto em prática. Por isso, o documento foi entregue hoje nas mãos de Ideli Salvatti, ministra de Relações Institucionais, e Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento e Logística. “Vamos ter que garantir que esses projetos sejam incluídos no próximo PAC ou programas de concessões”, sustenta Girard.
Com a palavra, a indústria
Segundo Edson Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), o estudo é parte de um esforço para que país vá além de medidas meramente paliativas. “O Sul Competitivo é o mais completo projeto de logística para o transporte de carga já desenvolvido para atender essa região do país. Este conjunto de obras vai permitir uma integração física e econômica entre o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul e entre essa região e outros Estados e países vizinhos. Se nada for feito nesse sentido, teremos gargalos extremamente críticos, em um horizonte de quatro ou cinco anos”, garante. Campagnolo aposta na viabilização de parcerias público-privadas junto aos governos federal e estaduais.
Glauco José Côrte, presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), também ressalta o fortalecimento da união industrial dos três Estados, em busca do que classificou como uma consistente base técnica para definir quais obras devem ser priorizadas na região. “A melhoria da infraestrutura é crucial para a competitividade da indústria e passa pela ação conjunta dos setores público e privado”, reforça.
Na mesma linha, Heitor José Müller, da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), acrescenta que, no país, o custo de logística está no patamar de 18%. “Todo investimento que se fizer em infraestrutura irá, logicamente, elevar a competitividade industrial. O projeto Sul Competitivo, além de valorizar a necessidade urgente de modernização no transporte de carga do País, indica os melhores investimentos, tendo ainda como característica positiva as suas interligações regionais”, ressalta.
A exemplo do que havia afirmado após o lançamento do Programa de Investimentos em Logística, Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), salienta a importância da participação da iniciativa privada na economia, cujo aumento classifica como essencial. “Precisamos desses investimentos nos três estados, pois, certamente, vão dar mais competitividade a uma região tão importante para a economia brasileira”, ratifica.
Abaixo, a lista dos oito principais eixos apurados pelo estudo Sul Competitivo. Cinco são eixos rodoviários já existentes. Dentre aqueles que devem ser desenvolvidos, um é rodoviário e os outros dois, ferroviários. Para chegar a esse resultado, foram avaliadas as obras necessárias para a modernização, implementação e ampliação de cada eixo intermodal, os custos e prazo de retorno sobre o investimento, impacto no meio ambiente, benefícios sociais, geração de tributos e empregos - além do desenvolvimento regional em função de cada projeto ou eixo de integração. Confira:
Eixos já existentes
1 - Eixo de Integração Atual da Rodovia SP – Porto Alegre via BR-116
2 - Eixo de Integração Atual Rodoviário SP – Caxias do Sul via BR 101
3 - Eixo de Integração Atual Rodoviário Passo Fundo – Imbituba via BR 285
4 - Eixo de Integração Atual Rodoviário São Miguel do Oeste – São Francisco do Sul via BR 280/282
5 - Eixo de Integração Internacional Atual Rodoviário São Paulo – Buenos Aires via São Borja, BR 285 e BR 153
Novos eixos
6 - Novo Eixo de Integração da Ferrovia Norte-Sul – Trecho Sul
7 - Novo Eixo de Integração Ferroviário Guairá – São Francisco do Sul – Paranaguá via Anel ferroviário no litoral e serra
8 - Novo Eixo de Integração Rodoviário da Boiadeira Porto Camargo – Paranaguá via Campo Mourão e BR 487
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