Custo da construção deve superar R$ 2 bi sem incluir as compensações ambientais e sociais, mas modelo do negócio ainda não está fechado...
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Depois de anos de pendengas, os governos federal e estadual decidiram que o Ferroanel de São Paulo será composto por três trechos de aproximadamente 200 quilômetros (km) de extensão. Só o custo da construção deve superar R$ 2 bilhões - valor sem as compensações ambientais e sociais impostas ao empreendimento, que vai resolver um grave conflito entre trens de passageiros e de carga dentro da cidade de São Paulo.
O modelo de negócio ainda não está fechado. O projeto poderá ser
feito por meio de Parceria Público Privada (PPP), concessão pública ou
pela regra das novas ferrovias brasileiras, que separa a infraestrutura
da operação. Isso significa que o governo federal construiria o
Ferroanel e abriria a malha para o uso de vários operadores. Mas esse
assunto ainda está em negociação, já que envolve trecho sob concessão da
MRS Logística. Além disso, a empresa administra o sistema de
cremalheira para descer a serra até Santos.
O primeiro tramo do Ferroanel a ser construído será o Norte, o
preferido pelo governo federal. A estrada de ferro entre Jundiaí e
Manoel Feio, em Itaquaquecetuba, será construída ao lado do trecho Norte
do Rodoanel, sendo alguns trechos em túnel. Isso tende a diminuir
custos e impacto ambiental. Segundo o especialista em regulação e
assessor da superintendência de serviços de transportes de cargas da
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Francisco Gildemir
Ferreira, esse é o trecho com maior potencial de transporte.
Quando concluído, será responsável por 90% da demanda do Ferroanel,
diz ele. De acordo com as projeções, esse trecho movimentará cerca de 40
milhões de toneladas de carga até 2040, sendo 24 milhões com destino a
Santos. Para chegar aos terminais santistas, no entanto, os trens terão
de passar por uma linha segregada em construção pela MRS que dá acesso à
Paranapiacaba, diz Ferreira. Dali, a carga tem de descer pelo sistema
de cremalheira da MRS.
O tramo Sul, defendido pelo governo estadual, será o segundo a ser
construído e terá demanda de aproximadamente 5 milhões de toneladas.
Nesse caso, já há um projeto elaborado pela Dersa, margeando o Rodoanel
Sul, entre a Estação Evangelista de Souza e a cidade de Ribeirão Pires.
"Quando o Rodoanel foi desenvolvido, o Estado definiu um traçado de
quase 30 km para o Ferroanel. Há uma faixa adicional de 160 metros que
já está desapropriada", destaca o assessor de planejamento da Secretaria
de Logística e Transportes do Estado de São Paulo, Milton Xavier.
Segundo ele, o trecho Sul é prioritário para a economia do Estado, já
que capta um grande volume de carga do Rio de Janeiro e Minas Gerais,
além de outras região de São Paulo. Mas, com os programas de
investimentos da CPTM, para o transporte de passageiros, o tramo Norte
também passou a ser urgente, diz o assessor. "Com a compra de novas
locomotivas e vagões para reduzir o tempo de partida dos trens de
passageiros, ficará cada vez mais inviável a passagem de trens por
dentro da cidade de São Paulo."
O trecho Noroeste, que ligará a malha até Evangelista de Souza (ainda
em definição), deverá ser o último a ser construído e seu cronograma
dependerá da demanda, prevista inicialmente em 3 milhões de toneladas.
"Hoje a decisão é de fazer os três trechos, sendo o Norte e Sul com
prioridades na construção", afirma Ferreira, da ANTT.
Disputa. A discussão sobre a necessidade de
construção do Ferroanel já dura mais de uma década. Hoje, sem o contorno
da cidade, os trens de carga têm de disputar com os trens de
passageiros os trilhos para ultrapassar a capital. Boa parte do
transporte tem de ser feito durante a noite, o que reduz de forma
significativa o potencial de transporte por meio das ferrovias.
Milton Xavier, da Secretaria do Estado, destaca que em 2011 o
transporte ferroviário foi responsável por apenas 18% das cargas
movimentadas em Santos. A maioria esmagadora das mercadorias que entram e
saem do maior porto do País são transportadas por meio de caminhão.
Reflexo disso também pode ser percebido no trânsito da capital, que já
teve de restringir a movimentação de caminhões dentro da cidade para
evitar o estrangulamento do trânsito.
Segundo fontes do setor, nos últimos meses, o projeto ganhou mais uma
defensora: a presidente Dilma Rousseff deu ultimato para que o projeto
seja acelerado.
Fonte: Estadão
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