Indústria e logística lideram emprego qualificado no Paraná

O Paraná seguirá em ritmo de expansão na oferta de empregos nos próximos dois anos, impulsionado pelo crescimento econômico do país e por investimentos ligados – direta ou indiretamente – à Copa do Mundo, aos Jogos Olímpicos, à exploração do pré-sal, à melhora da infraestrutura do estado e à construção do metrô em Curitiba.
Um comunicado do Instituto de Pesquisa Econômica Apli­cada (Ipea), emitido em 2011, apontou um déficit de mão de obra para 22 mil vagas nos setores da indústria e da logística do Paraná, justamente as áreas que devem responder pelo maior número de postos para profissionais de média e alta qualificação.
“O mercado interno é robusto, embora não esteja blindado contra um agravamento da crise econômica internacional”, pondera Julio Suzuki, diretor de pesquisas do Instituto Paranaense de Desen­­­volvimento Econômico e Social (Ipardes), para quem o número de empregos pode tranquilamente repetir o resultado de 2011.
No ano passado foram preenchidos no estado 126 mil novos postos formais de trabalho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O melhor resultado da série histórica foi em 2010, no auge do crescimento econômico da década, quando foram criados 153 mil empregos.
Demanda
Especialistas em mercado de trabalho exibem motivos para acreditar em crescimento da demanda por profissionais. Além de se beneficiar de investimentos de alcance nacional, o Paraná vive ciclos próprios de desenvolvimento que demandarão, por exemplo, mais engenheiros. É o caso das obras de infraestrutura rodoviária e portuária e da construção do metrô de Curitiba.
Cesar Rego, gerente em Curitiba da Hays, empresa de recrutamento de atuação global, estima que a maior oferta de vagas no estado se distribua por pelo menos 11 grandes áreas e 28 tipos de atividades, todas para profissionais com qualificação e experiência. A indústria da construção civil, por exemplo, deve ficar aquecida até o Mundial de futebol, puxada por investimentos na rede hoteleira. Em seguida, os próprios hotéis terão de aprimorar o staff para receber turistas.
De acordo com o diretor da regional Sul da Business Part­­ners, Carlos Contar, a economia brasileira vai precisar de suportes para continuar crescendo. “Serão necessários investimentos em infraestrutura. Há grandes oportunidades para engenheiros, administradores e profissionais que atuam com vendas”, diz.
O setor industrial, em especial a indústria de base, continuará em ritmo de expansão, segundo Mariciane Gemin, sócia-gerente da consultoria Asap em Curitiba. “Áreas como engenharia, compras, logística e processos serão mais demandadas, pois são a base para o crescimento das operações industriais”, afirma.
Para Cesar Rego, se o profissional começar a buscar aprimoramento ainda consegue “surfar” nesta onda. “Os ciclos de investimento que o país vai viver, inclusive os estaduais e na capital, serão de longo prazo, por isso menos vulneráveis às crises internacionais. Ainda dá tempo para começar a se preparar e crescer junto”, avisa.
Instituições de ensino buscam sintonia com as demandas das empresas
Para tentar diminuir a distância entre a necessidade do mercado e a qualificação dos profissionais, instituições de ensino têm buscado uma sintonia maior com as empresas para atender à demanda por profissionais habilitados e criar oportunidades para os jovens.
É o que faz a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). “A oferta de vagas em todos os cursos está sendo dobrada para aumentar o acesso à universidade, inclusive em cursos com alta carência de mão de obra, como a engenharia, por exemplo. Além disso, o estágio é uma disciplina obrigatória para que o estudante tenha uma formação sólida, em sintonia com o mercado”, ressalta o diretor de relações empresarias e comunitárias da UTFPR, Nicolau Afonso Barth.
No TECPUC foi aberto neste ano o curso de Técnico em Eventos, com foco no planejamento e execução de grandes eventos, como a Copa do Mundo e a Olimpíada.
Mas, para o diretor regional do Senai-PR, Marco Antônio Secco, as universidades ainda estão descoladas da realidade do mercado. Segundo ele, o Senai oferece projetos estruturantes para os profissionais da indústria. “Não é para fazer concorrência com as universidades, mas para suprir a carência de mão de obra. No ano passado 271 mil profissionais passaram pelos cursos do Senai-PR. Isso equivale a mais de um terço do total dos profissionais da indústria paranaense. Nossos comitês técnicos contam com o apoio de empresas, para traçar o perfil do profissional demandado”, ressalta Secco.
Mercado
Empresas de diversos setores já sentem a falta de mão de obra e projetam mais demanda para este ano. Para Ana Iria Vianna, diretora financeira da concessionária de veículos Copava e acionista do Grupo Noster, que atua no ramo de incorporações, há previsão de aumento nas vendas de automóveis e no número de lojas da concessionária. Com isso, novos funcionários precisarão ser contratados. “Hoje já temos dificuldade com os cargos do setor comercial e técnicos de oficina. Na construção civil, também está difícil contratar. Grandes projetos em vias de iniciar vão precisar cada vez mais de trabalhadores, que muitas vezes vêm de fora”, diz.
No varejo, a busca por profissionais qualificados também é grande. Na Omar Calçados, a dificuldade em preencher as vagas abertas deve continuar este ano, com a abertura de mais cinco unidades da rede. “Estamos treinando funcionários dentro do quadro para deixá-los prontos quando as lojas forem abertas”, explica o gerente comercial Luiz Henrique Linhares.

Fonte: Gazeta do Povo

0 comentários:

Postar um comentário