A Folha de São Paulo, publicou recentemente e O Globo - matéria sobre acidentes rodoviários, com conclusões precipitadas e não fundamentadas que merecem uma análise mais técnica sobre assunto tão delicado.
Tenho escrito sobre esse tema mostrando, com fundamentação, que há um equívoco na abordagem desse tema ao se fazer uma elevada correlação entre acidentes e mortes nas rodovias com rodovias em estado precário ou baixos investimentos em obras e manutenção.
O último estudo científico realizado sobre esse assunto é do IPEA, em convênio com o DENATRAN, cujos resultados foram divulgados em 2006 (dados de 2004 e 2005). De lá para cá, infelizmente, nenhum estudo sistemático foi realizado.
Esse estudo se propôs a calcular os custos dos acidentes rodoviários, tanto nas rodovias federais quanto nas estaduais e mostrou os seguintes dados objetivos:
• Quanto melhores as condições das rodovias, maior a quantidade e o custo dos acidentes rodoviários. Isso é natural, pois, nas rodovias onde estão os grandes volumes de tráfego, maior é a probabilidade de ocorrência de acidentes.
• As rodovias estaduais de São Paulo são consideradas as melhores do país. Entretanto, lideram o ranking de custo anual de acidentes, com R$ 3,3 bilhões. Em segundo lugar, vem o conjunto de rodovias federais do Sudeste (SP, MG, RJ e ES), com R$ 2,4 bilhões. Em seguida, as rodovias estaduais de Minas Gerais, com R$ 1,9 bilhões; as federais do Sul (RS, SC, PR), com R$ 1,6 bilhões; e a malha estadual do Paraná, com R$ 1,2 bilhões.
• No total, o custo anual de acidentes em rodovias municipais, estaduais e federais atinge o valor de R$ 22,0 bilhões, sendo que nas malhas municipais e estaduais custam R$ 15,5 bilhões, quase 70% do custo total.
• Nas rodovias federais, os atropelamentos de pedestres (foto) foram responsáveis por 19,2% das fatalidades, perdendo apenas para a colisão frontal, com 24,6%. Os componentes humanos e comportamentais contribuíram para 58,3% dos acidentes. Já o estado da via contribuiu com apenas 3,4%.
• 65,5% dos acidentes ocorreram com as condições de tempo boas. Em pleno dia, ocorreram 53,9% deles. As condições de traçado em que se registrou maior ocorrência foi em retas, com 72,4%.
• O maior número de ocorrências se deu nos fins de semana e nos meses dezembro, janeiro e julho.
• 51% dos motoristas envolvidos tinham mais de 10 anos de carteira de habilitação.
• 50,4% dos acidentes ocorreram com menos de 1h de viagem.
• 74,1% dos veículos envolvidos foram automóveis (48,3%) e caminhões (25,8%).
• Nas rodovias estaduais de São Paulo ocorreram 70.224 acidentes, o que correspondeu a 62,4% dos 112.457 em todas as rodovias brasileiras.
• Morreram, no local, 2.029 pessoas nas rodovias estaduais paulistas contra 6.119 em todas as rodovias federais. A esses números acrescentem-se 66% de mortes fora do local do acidente. Logo, as rodovias paulistas são responsáveis por cerca de 25% das mortes em acidentes rodoviários no país.
Como se pode constatar, a imprudência dos motoristas é a principal causa dos acidentes e, principalmente, das mortes. Quanto melhor as condições das rodovias maior a velocidade e as ultrapassagens em situações proibidas, com um grande número de colisões frontais. Além disso, os atropelamentos têm um peso muito grande na quantidade de mortes, já que as pessoas são atropeladas com o veículo a mais de 60 km/h, o que não dá muita chance de sobrevivência aos pedestres.
Tudo isso aponta para medidas intensivas de educação para o trânsito, complementada com uma ação mais presente da Polícia Rodoviária e implantação de radares.
Na área da educação, há ações para o ensino fundamental; maior qualidade nas auto-escolas; propaganda de utilidade pública permanente; formação de caminhoneiros, com a inclusão de simuladores, nos moldes do que é feito com os pilotos de avião; jogos para crianças e utilização eficaz da Internet.
Em relação a melhorias operacionais nas estradas, estão previstas ações de manutenção rotineira das rodovias e da sinalização; eliminação de pontos críticos de acidentes; implantação de terceiras faixas em subidas; atendimento do Samu (Sistema de Atendimento Móvel de Urgência) nos corredores com maior fluxo de tráfego, como é feito na rodovia Régis Bittencourt; renovação da frota de caminhões, com a exclusão de veículos com mais de vinte e cinco anos de fabricação; e maior rigor nas inspeções veiculares.
Na área de controle e repressão, há ações que informem e punam o excesso de velocidade, o excesso de carga por eixo nos caminhões, o uso de drogas pelos condutores, o desrespeito à sinalização, entre outras.
Os recursos para obras, serviços e ações educativas, visando à redução acelerada dos acidentes e da gravidade deles, não devem ser contingenciados, nem sofrer solução de continuidade, em relação ao fluxo financeiro.
A ação coordenada das três esferas de Poder, com a ativa participação dos Ministérios dos Transportes, das Cidades e da Justiça, bem como das entidades da sociedade, podem reduzir, até 2015, os atuais números para patamares mínimos aceitáveis.
Fonte: Site Agência T1
Tenho escrito sobre esse tema mostrando, com fundamentação, que há um equívoco na abordagem desse tema ao se fazer uma elevada correlação entre acidentes e mortes nas rodovias com rodovias em estado precário ou baixos investimentos em obras e manutenção.
O último estudo científico realizado sobre esse assunto é do IPEA, em convênio com o DENATRAN, cujos resultados foram divulgados em 2006 (dados de 2004 e 2005). De lá para cá, infelizmente, nenhum estudo sistemático foi realizado.
Esse estudo se propôs a calcular os custos dos acidentes rodoviários, tanto nas rodovias federais quanto nas estaduais e mostrou os seguintes dados objetivos:
• Quanto melhores as condições das rodovias, maior a quantidade e o custo dos acidentes rodoviários. Isso é natural, pois, nas rodovias onde estão os grandes volumes de tráfego, maior é a probabilidade de ocorrência de acidentes.
• As rodovias estaduais de São Paulo são consideradas as melhores do país. Entretanto, lideram o ranking de custo anual de acidentes, com R$ 3,3 bilhões. Em segundo lugar, vem o conjunto de rodovias federais do Sudeste (SP, MG, RJ e ES), com R$ 2,4 bilhões. Em seguida, as rodovias estaduais de Minas Gerais, com R$ 1,9 bilhões; as federais do Sul (RS, SC, PR), com R$ 1,6 bilhões; e a malha estadual do Paraná, com R$ 1,2 bilhões.
• No total, o custo anual de acidentes em rodovias municipais, estaduais e federais atinge o valor de R$ 22,0 bilhões, sendo que nas malhas municipais e estaduais custam R$ 15,5 bilhões, quase 70% do custo total.
• Nas rodovias federais, os atropelamentos de pedestres (foto) foram responsáveis por 19,2% das fatalidades, perdendo apenas para a colisão frontal, com 24,6%. Os componentes humanos e comportamentais contribuíram para 58,3% dos acidentes. Já o estado da via contribuiu com apenas 3,4%.
• 65,5% dos acidentes ocorreram com as condições de tempo boas. Em pleno dia, ocorreram 53,9% deles. As condições de traçado em que se registrou maior ocorrência foi em retas, com 72,4%.
• O maior número de ocorrências se deu nos fins de semana e nos meses dezembro, janeiro e julho.
• 51% dos motoristas envolvidos tinham mais de 10 anos de carteira de habilitação.
• 50,4% dos acidentes ocorreram com menos de 1h de viagem.
• 74,1% dos veículos envolvidos foram automóveis (48,3%) e caminhões (25,8%).
• Nas rodovias estaduais de São Paulo ocorreram 70.224 acidentes, o que correspondeu a 62,4% dos 112.457 em todas as rodovias brasileiras.
• Morreram, no local, 2.029 pessoas nas rodovias estaduais paulistas contra 6.119 em todas as rodovias federais. A esses números acrescentem-se 66% de mortes fora do local do acidente. Logo, as rodovias paulistas são responsáveis por cerca de 25% das mortes em acidentes rodoviários no país.
Como se pode constatar, a imprudência dos motoristas é a principal causa dos acidentes e, principalmente, das mortes. Quanto melhor as condições das rodovias maior a velocidade e as ultrapassagens em situações proibidas, com um grande número de colisões frontais. Além disso, os atropelamentos têm um peso muito grande na quantidade de mortes, já que as pessoas são atropeladas com o veículo a mais de 60 km/h, o que não dá muita chance de sobrevivência aos pedestres.
Tudo isso aponta para medidas intensivas de educação para o trânsito, complementada com uma ação mais presente da Polícia Rodoviária e implantação de radares.
Na área da educação, há ações para o ensino fundamental; maior qualidade nas auto-escolas; propaganda de utilidade pública permanente; formação de caminhoneiros, com a inclusão de simuladores, nos moldes do que é feito com os pilotos de avião; jogos para crianças e utilização eficaz da Internet.
Em relação a melhorias operacionais nas estradas, estão previstas ações de manutenção rotineira das rodovias e da sinalização; eliminação de pontos críticos de acidentes; implantação de terceiras faixas em subidas; atendimento do Samu (Sistema de Atendimento Móvel de Urgência) nos corredores com maior fluxo de tráfego, como é feito na rodovia Régis Bittencourt; renovação da frota de caminhões, com a exclusão de veículos com mais de vinte e cinco anos de fabricação; e maior rigor nas inspeções veiculares.
Na área de controle e repressão, há ações que informem e punam o excesso de velocidade, o excesso de carga por eixo nos caminhões, o uso de drogas pelos condutores, o desrespeito à sinalização, entre outras.
Os recursos para obras, serviços e ações educativas, visando à redução acelerada dos acidentes e da gravidade deles, não devem ser contingenciados, nem sofrer solução de continuidade, em relação ao fluxo financeiro.
A ação coordenada das três esferas de Poder, com a ativa participação dos Ministérios dos Transportes, das Cidades e da Justiça, bem como das entidades da sociedade, podem reduzir, até 2015, os atuais números para patamares mínimos aceitáveis.
Fonte: Site Agência T1
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