Logística dependente

Com 150 anos de atuação, o grupo suíço Buhler, que desenvolve tecnologia de processos com relevante participação nos setores alimentício, de engenharia de processos químicos e de fundição sob pressão, é uma das muitas empresas que marcaram território no Brasil e definiram para o País estratégias agressivas de crescimento.
Com faturamento de US$ 2,1 bilhões em 2009 e presença em 140 países, a Buhler conta com mais de 7 mil funcionários, sendo 120 na unidade da companhia em Joinville (SC). Em comparação com as demais nações da América do Sul nas quais atua, é no Brasil que a companhia registra seus melhores resultados, com 50% do total das vendas na região.
Entre os segmentos selecionados para aumentar a participação estão moagem e seleção ótica de grãos, cervejarias, beneficiamento de arroz, chocolate e cacau, padaria industrial, rações e extrusão em alimentos. Em sua estratégia global de expansão, a empresa concretizou aquisições, como nos casos da Aeroglide, líder mundial na área de secagem e outros processos térmicos, e, no ano passado, da Sanmak, número um na fabricação de selecionadoras de grãos no Brasil.
Vicissitudes brasileiras
A empresa é também uma das muitas que dependem da precária infraestrutura de distribuição disponível no Brasil. “A burocracia contamina os processos de exportação e importação. Estamos reféns dessa situação, e o problema é que, além de gerar custo, precisamos considerar em nosso planejamento essa ineficiência, que tem impacto em toda a cadeia”, lamenta o gerente de Manufatura e Logística da Buhler, Luiz Henrique Silva. O executivo lembra que as mudanças nas normas e regras da operação tornam ainda mais complicadas as operações das empresas que se aventuram no comércio internacional.
Sem fabricação própria no Brasil, a empresa importa peças e maquinários completos via marítima. A carga abastece os estoques para suporte e manutenção dos clientes e serve de matéria-prima para a montagem de novas máquinas. Os mercados de origem são sempre os mais favoráveis em termos de custo e prazo de entrega. “Tudo depende da melhor oferta. Muitas vezes acontece de a operação combinar várias origens para um mesmo destino”, explica Silva.
A operação de importação é comandada pela Panalpina, operadora logística com a qual a Buhler tem contrato global. O volume de importação da empresa chega a R$ 10 milhões, o equivalente a 60 contêineres de 40 pés por ano. No País, a distribuição até o cliente acontece por rodovia, sob o comando da TNT e da Translig.
Até o ano passado, a empresa tentou fazer uso de um modelo de distribuição interna baseado na cabotagem, mas a operação não foi bem-sucedida. Silva acredita que, embora vantajoso em relação ao custo, o modal ainda não está plenamente incorporado pelo mercado. “Uma pena realmente, porque conseguimos despachar um volume infinitamente maior do que em caminhões, além do transit time excelente e do custo muito atrativo”.
Para Silva, o modelo de negócio da empresa exige precisão do operador logístico. “O mais importante para nós é o tempo que a carga levará para estar disponível. Temos um lead time de fabricação dilatado, de três a quatro meses, mas os volumes operados são grandes, o que demanda muita coordenação e planejamento”.
Ganho de competitividade
Com a pressão de aumentar o faturamento entre 10% e 15%, em média, neste ano no Brasil, a direção da Buhler está atenta ao comportamento do novo governo em relação ao comando da política econômica.
“A atual política cambial no Brasil nos favoreceu por um lado, quando pensamos em importação. Entretanto, favoreceu também o acesso dos nossos concorrentes ao mercado brasileiro. É um grande desafio. Acreditamos que não haverá nenhuma postura mais radical do governo em direção a medidas protecionistas. Portanto, cabe a nós fazer nossa lição de casa e encontrar as intervenções que possam nos tornar mais competitivos. Estamos buscando alternativas”, afirma Silva.
O executivo se refere à inauguração, no primeiro semestre deste ano, de uma filial na cidade de Rondonópolis (MT), especializada em serviços e assistência técnica nos segmentos de produção de óleos e rações animais. O plano é expandir a atuação no Brasil e agilizar o atendimento aos mais de 500 clientes em carteira. “A iniciativa de Rondonópolis nos aproximará dos nossos clientes, o que resultará em redução de custo para eles, já que estaremos 1.500 km mais próximos da demanda de suporte técnico”, acrescenta.
A unidade oferecerá serviços de revisão de cilindros para as máquinas fabricadas. Enquanto não fica pronta a base em Rondonópolis, o equipamento viaja de caminhão até São Paulo para ser revisado e volta à planta. Depois, o deslocamento não ultrapassará 250 km. “Essa atitude indica que estamos pensando mais amplamente em como sermos competitivos”. A iniciativa, se tiver resultados positivos, pode ser replicada em outras regiões do País.

http://www.buhlergroup.com

Fonte: Global Online

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