Sua atuação está migrando de uma atividade focada na operação para uma atividade mais alinhada à estratégia da organização. É preciso ter uma visão mais ampla, vislumbrando a Cadeia de Suprimentos como um todo, além de alinhar as interfaces com outras áreas da empresa.
Nesta matéria especial da revista Logweb sobre os profissionais de logística – e cujo enfoque já se tornou uma tradição no setor, tendo em vista que a sua publicação, anual, remonta ao primeiro número da revista – especialistas no assunto contam o que mudou neste último ano, se os cursos atuais têm boa qualidade e qual a importância dos programas de trainee na formação de talentos.
Como as exigências para atuar na área crescem constantemente, devido às novas tecnologias, por exemplo, a atualização é fundamental. É preciso preencher vários requisitos e ter uma visão completa das operações.
Antes de abordar o que mudou na atuação do profissional de logística, José Carlos Ferrante, professor do curso de Engenharia de Produção Mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia, fala da evolução do conceito logístico nos últimos tempos.
No Brasil, a partir da década de 90, a logística evoluiu muito rapidamente. A empresa deixa de ser uma entidade econômica individual e passa a ser uma entidade econômica compartilhada, de um lado, com os seus clientes e, do outro, com os seus fornecedores. “Em função disso, o conceito logístico é expandido, e a logística deixa de ser considerada como transportes e distribuição para tornar-se um sistema integrado do fornecedor inicial até o cliente final, e do cliente final até o fornecedor inicial. Esse foi o passo inicial para o surgimento dos conceitos de cadeia logística, cadeia produtiva, cadeia de suprimentos e Supply Chain Management”, explica.
Um bom gerenciamento da cadeia logística pode representar uma vantagem diferencial competitiva no mercado, pois, de um lado, agrega valor ao produto via serviço ao cliente e, do outro, agrega produtividade à empresa via redução de custo. Assim sendo, as variáveis logísticas nos processos de comprar, produzir, vender e entregar estão se tornando variáveis decisórias de compras por parte dos clientes.
“O leitor já deve ter ouvido a seguinte expressão: ‘tempo é dinheiro’. Com certeza é uma expressão muito batida na linguagem comum, mas na logística e gestão da cadeia de suprimentos ela tem um significado fundamental. Não só o tempo significa custo, como também prazos extensos implicam em penalidades no serviço ao cliente. Na consideração dos custos, existe uma relação direta entre o tamanho do fluxo logístico e o estoque que fica retido nele, pois em cada dia de retenção do produto ocorrem despesas de manutenção de estoques. Na consideração dos prazos, existe uma relação entre prazos longos e respostas lentas às necessidades dos clientes ‘versus’ prazos curtos e respostas rápidas às necessidades dos clientes”, diz.
Assim – continua Ferrante –, no mercado competitivo atual, onde é cada vez maior a importância da velocidade das entregas e o serviço ao cliente, a combinação de baixos custos e curtos prazos pode significar um aumento do grau de competitividade das empresas.
“Esta evolução do conceito logístico exigiu, também, uma evolução significativa do profissional de logística. O atual profissional deve ter uma visão sistêmica da empresa juntamente com os seus clientes e seus fornecedores. Deve entender muito claramente que o aumento da produtividade da cadeia logística deve agregar valor para aquele que remunera esta cadeia, ou seja, o consumidor final”, acrescenta o profissional.
Realmente, com a globalização, maiores oportunidades surgiram para as empresas. Assim, os processos logísticos passam por mudanças a cada ano para adequação e aumento da competitividade das mesmas. “A logística vem ganhando notoriedade e conhecimento por parte da população, diferentemente da visão de ser somente relacionada a transporte, conforme ouvíamos muito em 2000, ano em que teve início o primeiro curso de bacharelado em logística no Brasil disponibilizado pela Univali (Universidade do Vale do Itajaí) em Santa Catarina, oferecendo 50 vagas e formando, em 2002, 19 bacharéis em logística. Desde então a logística vem crescendo e se profissionalizando”, explica Amarildo Nogueira, diretor de desenvolvimento e inovação da Mega Inovação Consultoria e Treinamento.
Segundo ele, por conta deste conhecimento adquirido pela grande maioria da população, não basta apenas conhecer os processos logísticos, mas, também, especializar-se na área de atuação em que se deseja trabalhar, participando de treinamentos e cursos, ter uma boa network, acompanhar o mercado e sua tendência, bem como as inovações decorrentes ou de relevância para a logística.
Nota-se que a área de logística vem se tornando cada vez mais estratégica dentro das organizações. Para muitos produtos e serviços há uma maior quantidade de alternativas disponíveis. Questões como disponibilidade de entrega e facilidade de colocação de pedidos, por exemplo, passaram a ser o diferencial que faz o cliente optar pelo fornecedor “A” ou “B”.
Sendo assim, o mercado está mais competitivo e os clientes estão mais exigentes com o nível dos serviços prestados e com o custo dos mesmos. Atividades como compras, transportes, gestão de estoques e processamento de pedidos precisam ser bem administradas, pois podem representar o sucesso ou o insucesso de uma organização.
“Por isso, penso que a atuação do profissional de logística está migrando de uma atividade focada na operação para uma atividade mais alinhada com a estratégia da organização”, acredita Hélio Meirim, professor universitário em cursos de MBA, pós-graduação e graduação, além de coordenador da Comissão de Logística do Conselho Regional de Administração, RJ.
De fato, de acordo com Fernando Guilhobel Rosas Trigueiro, coordenador do MBA em Logística da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco/UPE, ultimamente o profissional de logística tem de ter uma visão mais ampla, ou seja, vislumbrar a Cadeia de Suprimentos como um todo. Tem de passar para uma visão mais estratégica, além da operacional, se preocupar com o cliente e a alta performance da organização.
“Essa evolução é nítida nos últimos 10 anos. Com isso, a profissionalização do setor passa a ser fundamental, e a busca de mais conhecimento se tornou uma realidade”. A opinião é de Dalva Santana, consultora na área de logística e professora do Curso de Logística da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas e professora convidada do MBA em Gestão Empreendedora da Faculdade de Tecnologia – FTEC em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Com uma atuação mais abrangente, o profissional de logística também precisa de conhecimentos em Mobilidade Urbana e Logística Reversa e Desenvolvimento Sustentável, conforme salienta Osvaldo Contador Junior, professor pleno I, pesquisador e coordenador do curso superior de Tecnologia em Logística da Faculdade de Tecnologia de Jahu – FATEC JH, em São Paulo.
De acordo com Anne Gimeno, gerente de projetos da Cebralog – Centro Brasileiro de Aperfeiçoamento Logístico, o profissional de logística vem recebendo um valor diferenciado atualmente. “Apesar de o setor da logística não trazer ‘lucro’ ativo para a empresa, hoje em dia ele está sendo visto como uma grande oportunidade de redução de custos com a melhoria dos processos. Dessa forma, os profissionais da logística estão recebendo uma atenção especial e diferenciada do mercado”, acredita.
Alta demanda
De fato, segundo o professor-doutor Hugo Tsugunobu Yoshida Yoshizaki, coordenador do curso de Especialização em Logística Empresarial na Fundação Vanzolini, há maior turnover de pessoal pela alta demanda, ou seja, o mercado de trabalho de logística está muito aquecido.
Mas, há um hiato neste mercado, de acordo com Daniel Georges Gasnier, diretor da Imam Consultoria. “Estamos vivendo um ‘quase-apagão’ de talentos: faltam pessoas efetivamente qualificadas para preencher todos os cargos que as empresas estão oferecendo”, expõe.
Sobre necessidades e faltas também fala Edson Carillo, vice-presidente do Instituto ILOG – Instituo Logweb de Logística e Supply Chain, diretor da Aslog e professor de pós-graduação na FGV nas disciplinas de Operações e Serviços, Jogos e Planos de Negócios. “Com as empresas em geral experimentando um incremento de demanda, o profissional de logística tem se deparado, principalmente, com o desafio da escassez, principalmente de recursos, como equipamentos e mão de obra qualificada.”
Se for feita uma rigorosa comparação entre a importância da logística para as empresas e o nível de atuação da grande maioria dos profissionais do segmento, pode-se constatar, ao contrário do que se espera, que não tem havido mudanças expressivas nesta relação. É o que acredita Eugenio Celso R. Rocha, diretor técnico e operacional da Safemov Logística Consultoria & Treinamentos.
“Há uma significativa defasagem entre aquilo que pode e precisa ser feito no setor e aquilo que os profissionais estão realmente qualificados para fazer”. Ele cita como exemplo a gestão deficiente das operações de movimentação e armazenagem de materiais, que apresenta sinais preocupantes nos níveis de segurança e confiabilidade, além da elevação dos custos com desperdícios e retrabalho.
“Portanto, sobretudo no nível operacional, entendemos que a atuação dos profissionais de logística não tem correspondido na mesma proporção às necessidades do setor”, declara Rocha.
Já o engenheiro Jorge Domingos Junior, professor de logística pela Rodipa Consultoria, vê o profissional de logística muito mais atuante e muito mais conhecedor das técnicas inerentes à profissão, não apenas com foco em um determinado ponto isolado da cadeia logística, mas com visão total de todos os pontos importantes que afetam, de alguma maneira, o desenvolvimento da empresa.
“Em um passado não muito distante, víamos o profissional de logística exatamente como o trabalhador que tinha muito tempo de serviço na empresa ou que tinha dominado a confiança dos diretores, porém sem os conhecimentos necessários à profissão. É verdade que em algumas empresas tais acontecimentos ainda existem, mas percebemos que está mudando o cenário, favorecendo o profissional estudioso no assunto.”
Ele diz que nos cursos que oferece pela Rodipa tem notado um constante aumento de capacidade nos alunos, principalmente naqueles que já atuam e precisam constantemente de atualização.
Para Lars Meyer Sanches, coordenador executivo do curso de Especialização em Gestão da Cadeia de Suprimentos do LALT/UNICAMP, em São Paulo, está havendo a necessidade de o profissional de logística gastar mais tempo alinhando as interfaces com outras áreas da empresa (comercial, marketing, manufatura, etc.). “Isto acontece pois as decisões tomadas nesta área trazem um grande impacto no desempenho da logística. Por exemplo, a concentração das vendas no final do mês (tema por mim estudado em meu doutorado) é em grande parte provocada por decisões da área comercial e provocam um enorme impacto em todos os indicadores da logística (nível de serviço, eficiência operacional, giro dos estoques, etc.)”, declara.
Segundo Sanches, em função desta mudança, os profissionais da área precisam conhecer mais sobre as demais áreas e aprender a influenciar as suas decisões (gestão da mudança). Outro ponto fundamental – segundo ele – é ter um razoável conhecimento de finanças, pois esta é a linguagem comum nas diversas áreas da empresa.
“Com certeza, o profissional de logística tem percebido a sua real contribuição dentro das empresas, pois movimenta toda a cadeia de suprimentos. Neste período pós-crise mundial, quando teve papel preponderante, já é comum a existência do cargo de diretor de logística/Supply Chain”, analisa Laudizio Marquesi, diretor da Consulog – Consultoria Logística e membro de comitês do setor, como a NTC&Logística – Associação Nacional do Transporte de Cargas e o SETCESP – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região.
De acordo com ele, hoje existe a busca por uma capacitação contínua, além de habilidade na utilização de ferramentas específicas e softwares na resolução de problemas das empresas, projetando cenários e soluções logísticas. “Diante destas necessidades de mercado, hoje se recrutam profissionais de logística com experiência em nível internacional. Como isto nem sempre é possível, o profissional de logística deverá estar sempre buscando conhecimentos em cursos de atualização, publicações e sites de boa qualidade, visitas e comissões técnicas ao exterior e participação em Câmaras Técnicas em sua área de atuação.”
Mauro Henrique Pereira, consultor independente, também fala da última crise global, que provocou nas empresas uma profunda reflexão em suas matrizes de custo e cadeias de suprimentos. Contratos e fornecedores começaram a ser revistos de modo a se obter o aumento ou mesmo a manutenção das receitas, uma vez verificada a queda dos níveis de consumo. Neste sentido, Pereira avalia que cresceu a importância do profissional de logística em sua especialidade de repensar os modelos, os fluxos e dar novas soluções, a fim de atingir os novos objetivos do mercado.
Matéria na íntegra: http://www.logweb.com.br/novo/conteudo/index/nid/MjUxODI=/tp/not/
Fonte: LogWeb
Nesta matéria especial da revista Logweb sobre os profissionais de logística – e cujo enfoque já se tornou uma tradição no setor, tendo em vista que a sua publicação, anual, remonta ao primeiro número da revista – especialistas no assunto contam o que mudou neste último ano, se os cursos atuais têm boa qualidade e qual a importância dos programas de trainee na formação de talentos.
Como as exigências para atuar na área crescem constantemente, devido às novas tecnologias, por exemplo, a atualização é fundamental. É preciso preencher vários requisitos e ter uma visão completa das operações.
Antes de abordar o que mudou na atuação do profissional de logística, José Carlos Ferrante, professor do curso de Engenharia de Produção Mecânica do Instituto Mauá de Tecnologia, fala da evolução do conceito logístico nos últimos tempos.
No Brasil, a partir da década de 90, a logística evoluiu muito rapidamente. A empresa deixa de ser uma entidade econômica individual e passa a ser uma entidade econômica compartilhada, de um lado, com os seus clientes e, do outro, com os seus fornecedores. “Em função disso, o conceito logístico é expandido, e a logística deixa de ser considerada como transportes e distribuição para tornar-se um sistema integrado do fornecedor inicial até o cliente final, e do cliente final até o fornecedor inicial. Esse foi o passo inicial para o surgimento dos conceitos de cadeia logística, cadeia produtiva, cadeia de suprimentos e Supply Chain Management”, explica.
Um bom gerenciamento da cadeia logística pode representar uma vantagem diferencial competitiva no mercado, pois, de um lado, agrega valor ao produto via serviço ao cliente e, do outro, agrega produtividade à empresa via redução de custo. Assim sendo, as variáveis logísticas nos processos de comprar, produzir, vender e entregar estão se tornando variáveis decisórias de compras por parte dos clientes.
“O leitor já deve ter ouvido a seguinte expressão: ‘tempo é dinheiro’. Com certeza é uma expressão muito batida na linguagem comum, mas na logística e gestão da cadeia de suprimentos ela tem um significado fundamental. Não só o tempo significa custo, como também prazos extensos implicam em penalidades no serviço ao cliente. Na consideração dos custos, existe uma relação direta entre o tamanho do fluxo logístico e o estoque que fica retido nele, pois em cada dia de retenção do produto ocorrem despesas de manutenção de estoques. Na consideração dos prazos, existe uma relação entre prazos longos e respostas lentas às necessidades dos clientes ‘versus’ prazos curtos e respostas rápidas às necessidades dos clientes”, diz.
Assim – continua Ferrante –, no mercado competitivo atual, onde é cada vez maior a importância da velocidade das entregas e o serviço ao cliente, a combinação de baixos custos e curtos prazos pode significar um aumento do grau de competitividade das empresas.
“Esta evolução do conceito logístico exigiu, também, uma evolução significativa do profissional de logística. O atual profissional deve ter uma visão sistêmica da empresa juntamente com os seus clientes e seus fornecedores. Deve entender muito claramente que o aumento da produtividade da cadeia logística deve agregar valor para aquele que remunera esta cadeia, ou seja, o consumidor final”, acrescenta o profissional.
Realmente, com a globalização, maiores oportunidades surgiram para as empresas. Assim, os processos logísticos passam por mudanças a cada ano para adequação e aumento da competitividade das mesmas. “A logística vem ganhando notoriedade e conhecimento por parte da população, diferentemente da visão de ser somente relacionada a transporte, conforme ouvíamos muito em 2000, ano em que teve início o primeiro curso de bacharelado em logística no Brasil disponibilizado pela Univali (Universidade do Vale do Itajaí) em Santa Catarina, oferecendo 50 vagas e formando, em 2002, 19 bacharéis em logística. Desde então a logística vem crescendo e se profissionalizando”, explica Amarildo Nogueira, diretor de desenvolvimento e inovação da Mega Inovação Consultoria e Treinamento.
Segundo ele, por conta deste conhecimento adquirido pela grande maioria da população, não basta apenas conhecer os processos logísticos, mas, também, especializar-se na área de atuação em que se deseja trabalhar, participando de treinamentos e cursos, ter uma boa network, acompanhar o mercado e sua tendência, bem como as inovações decorrentes ou de relevância para a logística.
Nota-se que a área de logística vem se tornando cada vez mais estratégica dentro das organizações. Para muitos produtos e serviços há uma maior quantidade de alternativas disponíveis. Questões como disponibilidade de entrega e facilidade de colocação de pedidos, por exemplo, passaram a ser o diferencial que faz o cliente optar pelo fornecedor “A” ou “B”.
Sendo assim, o mercado está mais competitivo e os clientes estão mais exigentes com o nível dos serviços prestados e com o custo dos mesmos. Atividades como compras, transportes, gestão de estoques e processamento de pedidos precisam ser bem administradas, pois podem representar o sucesso ou o insucesso de uma organização.
“Por isso, penso que a atuação do profissional de logística está migrando de uma atividade focada na operação para uma atividade mais alinhada com a estratégia da organização”, acredita Hélio Meirim, professor universitário em cursos de MBA, pós-graduação e graduação, além de coordenador da Comissão de Logística do Conselho Regional de Administração, RJ.
De fato, de acordo com Fernando Guilhobel Rosas Trigueiro, coordenador do MBA em Logística da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco/UPE, ultimamente o profissional de logística tem de ter uma visão mais ampla, ou seja, vislumbrar a Cadeia de Suprimentos como um todo. Tem de passar para uma visão mais estratégica, além da operacional, se preocupar com o cliente e a alta performance da organização.
“Essa evolução é nítida nos últimos 10 anos. Com isso, a profissionalização do setor passa a ser fundamental, e a busca de mais conhecimento se tornou uma realidade”. A opinião é de Dalva Santana, consultora na área de logística e professora do Curso de Logística da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas e professora convidada do MBA em Gestão Empreendedora da Faculdade de Tecnologia – FTEC em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Com uma atuação mais abrangente, o profissional de logística também precisa de conhecimentos em Mobilidade Urbana e Logística Reversa e Desenvolvimento Sustentável, conforme salienta Osvaldo Contador Junior, professor pleno I, pesquisador e coordenador do curso superior de Tecnologia em Logística da Faculdade de Tecnologia de Jahu – FATEC JH, em São Paulo.
De acordo com Anne Gimeno, gerente de projetos da Cebralog – Centro Brasileiro de Aperfeiçoamento Logístico, o profissional de logística vem recebendo um valor diferenciado atualmente. “Apesar de o setor da logística não trazer ‘lucro’ ativo para a empresa, hoje em dia ele está sendo visto como uma grande oportunidade de redução de custos com a melhoria dos processos. Dessa forma, os profissionais da logística estão recebendo uma atenção especial e diferenciada do mercado”, acredita.
Alta demanda
De fato, segundo o professor-doutor Hugo Tsugunobu Yoshida Yoshizaki, coordenador do curso de Especialização em Logística Empresarial na Fundação Vanzolini, há maior turnover de pessoal pela alta demanda, ou seja, o mercado de trabalho de logística está muito aquecido.
Mas, há um hiato neste mercado, de acordo com Daniel Georges Gasnier, diretor da Imam Consultoria. “Estamos vivendo um ‘quase-apagão’ de talentos: faltam pessoas efetivamente qualificadas para preencher todos os cargos que as empresas estão oferecendo”, expõe.
Sobre necessidades e faltas também fala Edson Carillo, vice-presidente do Instituto ILOG – Instituo Logweb de Logística e Supply Chain, diretor da Aslog e professor de pós-graduação na FGV nas disciplinas de Operações e Serviços, Jogos e Planos de Negócios. “Com as empresas em geral experimentando um incremento de demanda, o profissional de logística tem se deparado, principalmente, com o desafio da escassez, principalmente de recursos, como equipamentos e mão de obra qualificada.”
Se for feita uma rigorosa comparação entre a importância da logística para as empresas e o nível de atuação da grande maioria dos profissionais do segmento, pode-se constatar, ao contrário do que se espera, que não tem havido mudanças expressivas nesta relação. É o que acredita Eugenio Celso R. Rocha, diretor técnico e operacional da Safemov Logística Consultoria & Treinamentos.
“Há uma significativa defasagem entre aquilo que pode e precisa ser feito no setor e aquilo que os profissionais estão realmente qualificados para fazer”. Ele cita como exemplo a gestão deficiente das operações de movimentação e armazenagem de materiais, que apresenta sinais preocupantes nos níveis de segurança e confiabilidade, além da elevação dos custos com desperdícios e retrabalho.
“Portanto, sobretudo no nível operacional, entendemos que a atuação dos profissionais de logística não tem correspondido na mesma proporção às necessidades do setor”, declara Rocha.
Já o engenheiro Jorge Domingos Junior, professor de logística pela Rodipa Consultoria, vê o profissional de logística muito mais atuante e muito mais conhecedor das técnicas inerentes à profissão, não apenas com foco em um determinado ponto isolado da cadeia logística, mas com visão total de todos os pontos importantes que afetam, de alguma maneira, o desenvolvimento da empresa.
“Em um passado não muito distante, víamos o profissional de logística exatamente como o trabalhador que tinha muito tempo de serviço na empresa ou que tinha dominado a confiança dos diretores, porém sem os conhecimentos necessários à profissão. É verdade que em algumas empresas tais acontecimentos ainda existem, mas percebemos que está mudando o cenário, favorecendo o profissional estudioso no assunto.”
Ele diz que nos cursos que oferece pela Rodipa tem notado um constante aumento de capacidade nos alunos, principalmente naqueles que já atuam e precisam constantemente de atualização.
Para Lars Meyer Sanches, coordenador executivo do curso de Especialização em Gestão da Cadeia de Suprimentos do LALT/UNICAMP, em São Paulo, está havendo a necessidade de o profissional de logística gastar mais tempo alinhando as interfaces com outras áreas da empresa (comercial, marketing, manufatura, etc.). “Isto acontece pois as decisões tomadas nesta área trazem um grande impacto no desempenho da logística. Por exemplo, a concentração das vendas no final do mês (tema por mim estudado em meu doutorado) é em grande parte provocada por decisões da área comercial e provocam um enorme impacto em todos os indicadores da logística (nível de serviço, eficiência operacional, giro dos estoques, etc.)”, declara.
Segundo Sanches, em função desta mudança, os profissionais da área precisam conhecer mais sobre as demais áreas e aprender a influenciar as suas decisões (gestão da mudança). Outro ponto fundamental – segundo ele – é ter um razoável conhecimento de finanças, pois esta é a linguagem comum nas diversas áreas da empresa.
“Com certeza, o profissional de logística tem percebido a sua real contribuição dentro das empresas, pois movimenta toda a cadeia de suprimentos. Neste período pós-crise mundial, quando teve papel preponderante, já é comum a existência do cargo de diretor de logística/Supply Chain”, analisa Laudizio Marquesi, diretor da Consulog – Consultoria Logística e membro de comitês do setor, como a NTC&Logística – Associação Nacional do Transporte de Cargas e o SETCESP – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região.
De acordo com ele, hoje existe a busca por uma capacitação contínua, além de habilidade na utilização de ferramentas específicas e softwares na resolução de problemas das empresas, projetando cenários e soluções logísticas. “Diante destas necessidades de mercado, hoje se recrutam profissionais de logística com experiência em nível internacional. Como isto nem sempre é possível, o profissional de logística deverá estar sempre buscando conhecimentos em cursos de atualização, publicações e sites de boa qualidade, visitas e comissões técnicas ao exterior e participação em Câmaras Técnicas em sua área de atuação.”
Mauro Henrique Pereira, consultor independente, também fala da última crise global, que provocou nas empresas uma profunda reflexão em suas matrizes de custo e cadeias de suprimentos. Contratos e fornecedores começaram a ser revistos de modo a se obter o aumento ou mesmo a manutenção das receitas, uma vez verificada a queda dos níveis de consumo. Neste sentido, Pereira avalia que cresceu a importância do profissional de logística em sua especialidade de repensar os modelos, os fluxos e dar novas soluções, a fim de atingir os novos objetivos do mercado.
Matéria na íntegra: http://www.logweb.com.br/novo/conteudo/index/nid/MjUxODI=/tp/not/
Fonte: LogWeb
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