Paraná sai na frente de Mato Grosso na safra de soja 10/11

O Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil e que tradicionalmente inicia os trabalhos de semeadura no país, foi superado pelo Paraná na temporada 2010/11, com as chuvas de primavera chegando antes aos Estados do Sul sob a influência do fenômeno climático La Niña.
O Paraná, que contou com precipitações desde quinta-feira da semana passada após um longo período de seca, adiantou o plantio este ano, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral). No ano passado, nesta época, levantamento do órgão do governo do Estado ainda não havia captado semeadura, que pelo zoneamento agrícola só deve começar em 1o de outubro.
Enquanto isso, em Mato Grosso, onde as chuvas normalmente chegam antes dos outros Estados, a maioria absoluta dos produtores ainda aguarda as precipitações, previstas para chegar em maiores volumes somente a partir de sábado.
Um ou outro apenas, segundo a Aprosoja, se arriscou plantando no seco, na espera pelas chuvas.
"Quem plantou, plantou no pó... O produtor está arriscando", disse o presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), Glauber Silveira.
Segundo ele, o produtor adota tal estratégia de semear com a terra seca, assumindo os riscos de eventualmente ter que replantar a soja se a chuva não vier, para ganhar tempo quando elas chegam. Se chove demais, as máquinas também não podem entrar nas lavouras.
No Paraná, produtores que adotaram a mesma estratégia de plantar no pó estão agora se beneficiando das chuvas, que devem favorecer a germinação das lavouras.
Dados do Deral divulgados nesta quinta-feira indicam que até segunda-feira, dia 27 de setembro, os paranaenses já tinham semeado 44 mil hectares, ou 1 por cento dos 4,48 milhões de hectares que o Estado projeta plantar em 10/11.
Nesta quinta-feira, os produtores avançavam no plantio, especialmente nas regiões de Toledo e Campo Mourão, segundo o agrônomo do Deral Otmar Hubner.
Em Mato Grosso, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), órgão ligado aos produtores, o plantio somou até esta quinta-feira 25 mil hectares, ou 0,4 por cento da área total estimada em 6,24 milhões de hectares. Na mesma época do ano passado, quando as chuvas foram mais abundantes, o plantio no Estado somava 5 por cento da área total, ou aproximadamente 290 mil hectares.
O Paraná e o Mato Grosso, juntos, responderam por quase metade da safra do Brasil oficialmente estimada em um recorde de 68,6 milhões de toneladas em 09/10. Os mato-grossenses colheram 18,7 milhões de toneladas na safra passada, enquanto os paranaenses, 14 milhões, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
RECUO DE ÁREA EM MT?
De acordo com o presidente da Aprosoja, a área plantada com soja em Mato Grosso poderá até ficar aquém das expectativas, caso as chuvas tardem a chegar, com alguns produtores deixando de plantar a oleaginosa e optando pelo algodão já na safra principal.
"Quando ele consegue plantar antes, ele planta a soja e depois o algodão. Mas ele tinha que plantar a soja bem antes" para fazer o algodão segunda safra, comentou Silveira.
Um início prematuro do plantio no Paraná e um atraso em Mato Grosso --ano passado, em meados de setembro, os produtores estavam em atividade mais intensa de plantio-- não devem mudar muito a oferta de soja no início da colheita, no entanto.
Segundo a analista da AgraFNP Jacqueline Bierhals, os produtores de Mato Grosso, sabendo que neste ano as chuvas tardariam a chegar mais pelo La Niña, podem ter optado por variedades de ciclo mais curto, de 100 a 105 dias.
"Talvez o Mato Grosso comece a colher um pouco depois da média normal, mas eles devem compensar com variedades de ciclo mais curto, porque eles têm interesse de fazer a safra mais rápida para plantar o algodão e safrinha de milho", comentou.
"Aqui está uma preocupação, tem previsão de chuva mas não chove", completou Silveira, ansioso para que os produtores possam logo iniciar o plantio da soja para ter tempo hábil para semear a segunda safra, evitando o período seco do inverno durante o desenvolvimento das lavouras.

Fonte: Reuters

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