Vem aí a onda do “pneu verde”

Multinacional alemã Lanxess, que controla no Brasil operações como as que pertenciam à Petroflex, desenvolve uma borracha que torna os pneus menos resistentes ao atrito – reduzindo o consumo de combustivel [...]
Especializada em produtos químicos que abastecem desde fabricantes de chiclete até grandes indústrias calçadistas, a multinacional alemã Lanxess aposta alto em uma novidade que – assegura a empresa – deverá mudar a cultura do setor automobilístico. Trata-se de uma borracha de alta performance que poderá ser utilizada na fabricação de um “pneu verde”, capaz de melhorar a perfomance dos veículos e reduzir o consumo de combustíveis.
A empresa está investindo cerca de 20 milhões de euros no aumento da produção de borrachas de alta performance em 50 mil toneladas ao ano. A Lanxess também está aplicando 600 milhões de euros em uma fábrica de polibutadieno (PBR) em Cingapura. Trata-se do maior aporte já feito pela fabricante desde sua fundação, em 2005, quando deixou de pertencer ao grupo Bayer. Até então, o maior negócio da Lanxess havia sido a aquisição das operações da Petroflex no Brasil, em 2007, por mais de 350 milhões de euros.
Marcelo Lacerda, presidente da Lanxess Brasil, explica que todo pneu tem três atributos básicos que se inter-relacionam: resistência (rolagem), segurança (grip) e durabilidade. “Quando se altera algum desses pilares para melhorar seu desempenho, os outros dois pioram”, afirma. Com a nova tecnologia, porém, esse desequilíbrio deixa de ocorrer. “Conseguimos desenvolver uma matéria-prima que permitirá aos pneus terem menos resistência, ou seja, mais rolagem, sem que os outros dois itens sejam prejudicados”, garante Lacerda. Com mais rolagem, diz o executivo, os veículos gastarão menos combustível. De quebra, as emissões de gás carbônico na atmosfera serão reduzidas.
Atualmente, a Lanxess fornece matérias-primas para as maiores produtoras de pneus do mundo – entre elas, Michelin, Pirelli e Goodyear, por exemplo. A estimativa é de que as borrachas de alta performance possam gerar uma economia indireta de até 20 milhões de litros de combustível por ano, equivalente a 50 milhões de toneladas de gás carbônico. Assim como aconteceu anos atrás com eletrodomésticos e eletroeletrônicos, que ganharam o selo Procel, num futuro não muito distante os pneus serão etiquetados conforme com o grau de eficiência. Na Europa, por exemplo, já existe uma legislação prevendo que, a partir de 2012, os pneus de carros de passeio terão de estar etiquetados conforme a resistência à rolagem. Aqueles que oferecerem maior resistência – ou seja, ocasionarem mais gasto de combustível – serão banidos do mercado depois de 2016.
No Brasil, somente a unidade de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, deverá incorporar a nova tecnologia a partir de 2011. Com localização estratégica, próxima do Porto de Suape, a planta pernambucana deverá servir de plataforma de exportação. “É por lá que temos que começar a exportar, especialmente produto premium para Europa e América do Norte”, diz Lacerda. Atualmente, cerca de 30% do PBR fabricado pela Lanxess no Brasil é exportado.
Resultados
Atualmente, a operação brasileira é uma das mais importantes da Lanxess, respondendo por 10% de sua receita global – algo como R$ 1,5 bilhão. Além do Brasil, dos Estados Unidos e da Alemanha, outros mercados que vêm ganhando atenção especial na estratégia da empresa são China e Índia. Por isso, explica-se a importância da fábrica que está em construção em Cingapura. A unidade funcionará como base de exportação para o mercado asiático. “O potencial do mercado automobilístico nos BRICs é enorme. Nesses países, existe um carro para cada sete pessoas. Na Alemanha, são dois carros por pessoa”, compara Lacerda. No Brasil, segundo a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), são comercializados anualmente nada menos que 61 milhões de pneus, um mercado que movimenta aproximadamente R$ 9 bilhões.

Fonte: Revista Amanhã

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