Safrinha achata preço e vai para o armazém

Com a colheita de inverno em cerca de 20%, os preços do milho voltaram a cair no Paraná, sinalizando excesso de oferta. Os cinco leilões com prêmio para escoamento da produção (PEP) que a Companhia Nacional de Abas­­tecimento (Conab) realizou nas últimas semanas vinham provocando pequenas elevações, mas a tendência se inverteu logo que a nova safra começou a chegar ao mercado. Os preços ao produtor caíram 2,4% na última semana, para a média de R$ 13,20 a saca de 60 quilos, mostra pesquisa da Secretaria Estadual da Agricul­­tura (Seab). Frustrados com as cotações, os agricultores afirmam que vão levar o milho direto para os armazéns.
A boa produtividade anima o produtor, apesar de os preços reduzirem o potencial de renda da safra. Não é à toa que apenas 5% das 5,9 milhões de toneladas a serem colhidas foram comercializadas até agora. Também continuam nas mãos dos produtores 40% das 6,9 milhões de toneladas do cereal colhidas no verão. O volume armazenado atualmente – cerca de 4,5 mi­­lhões de toneladas – pode do­­brar até o final da “safrinha”, pequena apenas no nome. A colheita de milho de inverno é 32% maior que a do ano passado e 0,5% menor que o recorde de 2007/08.
O preço baixo barra a comercialização em Campo Mourão. Os agricultores estão recebendo R$ 12,60 por saca na região, a menor média do estado – equivalente aos custos variáveis, que não incluem depreciação de máquinas nem remuneração pelo uso da terra. Com médias que chegam a 6,2 mil quilos por hectare – 40% acima da marca estadual de 4,4 mil kg/ha –, os agricultores estão lotando silos próprios ou de cooperativas, à espera de preço melhor.
“Não dá nem para pensar em vender ao preço de mercado. Seria uma loucura. Todas as contas fechariam no vermelho”, afirma Joel Amarzim de Carva­­lho, que estima produtividade de 5,4 mil quilos por hectare. Com uma área de 180 hectares, vai precisar espaço para perto de 1 milhão de toneladas do cereal.
Fora os preços e o problema da armazenagem, ele não tem do que reclamar. “A produção está excelente para todos que apostaram no safrinha.” Te­­mendo falta de espaço nos armazéns da região, começou a colher dez dias antes do previsto.
Atualmente, não há superlotação, relata o analista técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) Robson Mafioletti. Ele considera que, desde o início do ano, quando a armazenagem atingiu seu limite no estado, já foram escoados cerca de 4,5 milhões de toneladas de soja, 1,5 milhão de toneladas de farelo de soja e 400 mil toneladas de milho. Por outro lado, Mafio­­letti não descarta superlotação nos próximos meses caso os produtores estoquem o milho e o trigo, que está em fase final de plantio e deve render 3 milhões de toneladas. “O problema da falta de espaço pode voltar a ocorrer nas regiões Oeste e Norte do estado, que mais colhem milho nesta época do ano”, aponta o especialista.

Fonte: Caminhos do Campo - Gazeta do Povo

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