Apagão portuário ainda preocupa mercado

Projeções da ABTP (Associação Brasileira de Terminais Portuários) apontam que o Brasil precisa de US$ 30 bilhões (R$ 54 bilhões) em investimentos em portos e terminais nos próximos cinco anos. Entretanto, o governo estima uma carteira de projetos da iniciativa privada de US$ 18 bilhões para o setor. Outros US$ 4 bilhões devem partir do governo via PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Assim, com base nos investimentos previstos, o governo descarta a iminência de um apagão portuário. Em entrevista ao iG, o ministro da Secretaria Especial de Portos, Pedro Brito, antecipa alguns projetos públicos que ampliarão a capacidade nos portos nos próximos anos.
Segundo ele, um dos mais importantes é a triplicação da movimentação de cargas no Porto de Santos, o maior da América Latina. Brito destaca que a capacidade de transporte atual de 83 milhões de toneladas passará para 232 milhões de toneladas em 2024.
O total de contêineres, neste período, aumentará de 3 milhões para 10 milhões. Em 2015, o porto deve ter capacidade para movimentar 6 milhões de contêineres a partir dos investimentos de R$ 1,5 bilhão previstos para os próximos 4 anos.
Em contrapartida, o complexo santista é um dos gargalos temidos pela ABTP. “Os maiores gargalos estão no Norte e no Nordeste. Em Santos, mesmo com investimentos, pode faltar espaço para o transporte de cargas”, destaca Wilen Manteli, presidente da entidade. O porto responde por aproximadamente 12% de toda a carga exportada pelo País, perdendo apenas para os portos de Tubarão (ES) e de Ponta da Madeira (AM).
Norte e Nordeste
Para representantes do agronegócio, o apagão portuário já começou nos complexos do Norte e no Nordeste do País. A CNA (Confederação da Agricultura e da Pecuária no Brasil) estima demanda de transporte nas duas regiões de 15 a 18 milhões de toneladas de grãos para a próxima safra, neste ano. O limite dos portos, segundo a entidade, seria de 8 milhões de toneladas para este tipo de carga.
Com o déficit no transporte, a produção acaba sendo escoada por portos do Sul e Sudeste, o que encarece os produtos. Segundo um estudo de Luiz Antonio Fayet, consultor logístico e de infraestrutura da confederação, produtores de soja no Mato Grosso gastam em média US$ 100 para levar uma tonelada do produto ao porto de Rotterdam, na Holanda, enquanto produtores argentinos teriam um custo de US$ 55.
“Sul e Sudeste são deficitários no balanço entre produção e consumo de soja e milho e somente são exportadores pela falta de alternativas racionais”, comenta. “O Arco Norte, que envolve os portos daquela região, está a quatro dias a menos de navegação dos nossos principais mercados”, acrescenta.
Para ampliar a capacidade de transporte na região, o governo está investindo nos portos de Itaqui, no Maranhão, e em Vila do Conde, no Pará. Neste último, estão sendo erguidos cais e pontes rolantes que levarão graõs aos navios, enquanto a iniciativa privada responderá por investimentos na retroárea do porto, no pátio onde se localiza a carga.
Em Itaqui, segundo o ministro, o governo está licitando novos armazéns para aumentar a capacidade de transporte dos atuais 4 milhões para 10 milhões de graõs em 2012.
A CNA aponta necessidade de investimentos nos portos do corredor de Porto Velho, para aumentar o potencial de transporte nos rios Madeira e Amazonas. O corredor de Santarém também enfrenta limitações de capacidade porque, segundo o relatório, o governo não tem condições de acompanhar a expansão da produção, o mesmo problema é atribuído a limitações de no sistema de Belém, onde não há ainda estrutura para o escoamento de grãos.

Fonte: WebTranspo

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