Nas últimas semanas, a Alemanha foi foco de estudo do Brasil no que se refere ao modelo de administração do setor de logística. Desta análise, autoridades brasileiras do segmento extraíram do exemplo alemão uma alternativa à questão da logística no mercado nacional: o País necessita unificar forças para dar origem a uma logística integrada.
Em visita à Alemanha, Angelo José de Carvalho Baptista, diretor presidente da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), avaliou as operações de portos fluviais, terminais e empresas de logística multimodal e considerou, em uma comparação clara entre os modelos de gestão praticados nos dois países, que “o que falta no Brasil é investimento em toda a cadeia produtiva e de modais. Temos muita coisa a fazer para chegar ao nível dos países desenvolvidos”, observou.
Na opinião dele, é necessário priorizar investimentos nessa área. No entanto, é preciso uma participação conjunta – do Governo e do setor privado. Baptista explica que por vários anos a portuária ficou isenta de recursos porque o Estado acreditou que o setor privado poderia resolver sozinho o problema do segmento.
Entretanto, ele considera que a maior parte do investimento em infraestrutura deve ser de responsabilidade do Estado. “Dificilmente o setor privado vai conseguir fazer isso sozinho. O Brasil apenas vai crescer 5% a 6% ao ano se fizer investimentos em infraestrutura e, principalmente, em logística”.
Para Baptista, os gargalos de infraestrutura logística apenas poderão ser solucionados com a criação de um ministério que trate exclusivamente dessa atividade no País. Ele ressalta que, nesse sentido, a SEP (Secretaria Especial de Portos), que foi criada há quase três anos, tem contribuído para uma melhora; porém, “ainda não é suficiente”.
Ao tratar especificamente do setor portuário, Baptista ressalta que o “Brasil precisa trabalhar a sua atividade sobre três pilares: integração, coordenação e gestão”.
Na comparação com o modelo alemão, o diretor da Codesa considerou eficaz a maneira como os europeus atuam de forma integrada nos modais rodoviário, ferroviário, hidroviário e marítimo. “Esta é uma necessidade nossa”, alerta. “Deveríamos estar fazendo a mesma coisa, e não parece ser tão difícil assim”, salienta.
Ele enfatiza que mais simples ainda é a coordenação. Um exemplo da eficiência alemã, apontada por Baptista, diz respeito à abrangência da hidrovia do Rio Reno, que passa pelos portos da Alemanha, Holanda e Bélgica.
“Há uma única coordenação, centralizada na Alemanha, que faz a engrenagem funcionar e não haja dificuldade de ação entre os países. Aqui no Brasil, não conseguimos fazer isso dentro de um município, dentro de um Estado e, às vezes, entre os entes federados”, observa.
O diretor ressalta que essa inteligência está pautada apenas no bom senso. “Isso não envolve nenhuma tecnologia que não tenhamos, nenhum grande investimento, mas simplesmente o bom senso, ou seja, a coordenação dos agentes políticos e executivos envolvidos no processo”, diz.
Sobre gestão, o modelo alemão revela atenção especial em relação aos resultados. “As instituições são todas públicas. Há uma ferrovia em que o governo alemão é o acionista majoritário; e a hidrovia é administrada pelo Estado, assim como os terminais portuários”, explica. Segundo o diretor, o diferencial é que o foco é a busca por uma gestão eficiente, não importando se trata-se de privado ou público.
O executivo ressalta que desse modelo alemão não há nada que não possa ser feito no Brasil. Na opinião dele, a única diferença entre os países “é o estágio de desenvolvido muito avançado que a Alemanha alcançou, a disponibilidade de recursos e o baixo custo de capital do país”.
“Bem diferente da história de investimentos no Brasil, que é o oposto do alemão: dificuldade de obtenção de recursos, baixa poupança e custo do capital elevado, o que atrapalha o nosso avanço em infraestrutura”, salienta.
Um olhar para o futuro
“No Brasil, temos muito que avançar”, ressalta Baptista. Porém, acredita que o fato de haver uma conscientização sobre um crescimento pautado no investimento em infraestrutura e logística integrada é um “trecho” do caminho andado para a evolução do segmento.
O executivo considera que, nesse sentido, é preciso “avançar na criação do Ministério de Logística, transformar a SEP em um Ministério. É absolutamente fundamental, já que a Secretaria cuida apenas dos portos, e a política, o planejamento e a gestão de outros modais ficam com outros ministérios. Essa não é a melhor maneira para alavancar o escoamento da produção nacional”, finaliza.
Para ele, a deficiência em infraestrutura mostra que o Brasil apresenta muito espaço para investimentos nesse setor, o que se consagra em grande potencial.
Fonte: WebTranspo
Em visita à Alemanha, Angelo José de Carvalho Baptista, diretor presidente da Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo), avaliou as operações de portos fluviais, terminais e empresas de logística multimodal e considerou, em uma comparação clara entre os modelos de gestão praticados nos dois países, que “o que falta no Brasil é investimento em toda a cadeia produtiva e de modais. Temos muita coisa a fazer para chegar ao nível dos países desenvolvidos”, observou.
Na opinião dele, é necessário priorizar investimentos nessa área. No entanto, é preciso uma participação conjunta – do Governo e do setor privado. Baptista explica que por vários anos a portuária ficou isenta de recursos porque o Estado acreditou que o setor privado poderia resolver sozinho o problema do segmento.
Entretanto, ele considera que a maior parte do investimento em infraestrutura deve ser de responsabilidade do Estado. “Dificilmente o setor privado vai conseguir fazer isso sozinho. O Brasil apenas vai crescer 5% a 6% ao ano se fizer investimentos em infraestrutura e, principalmente, em logística”.
Para Baptista, os gargalos de infraestrutura logística apenas poderão ser solucionados com a criação de um ministério que trate exclusivamente dessa atividade no País. Ele ressalta que, nesse sentido, a SEP (Secretaria Especial de Portos), que foi criada há quase três anos, tem contribuído para uma melhora; porém, “ainda não é suficiente”.
Ao tratar especificamente do setor portuário, Baptista ressalta que o “Brasil precisa trabalhar a sua atividade sobre três pilares: integração, coordenação e gestão”.
Na comparação com o modelo alemão, o diretor da Codesa considerou eficaz a maneira como os europeus atuam de forma integrada nos modais rodoviário, ferroviário, hidroviário e marítimo. “Esta é uma necessidade nossa”, alerta. “Deveríamos estar fazendo a mesma coisa, e não parece ser tão difícil assim”, salienta.
Ele enfatiza que mais simples ainda é a coordenação. Um exemplo da eficiência alemã, apontada por Baptista, diz respeito à abrangência da hidrovia do Rio Reno, que passa pelos portos da Alemanha, Holanda e Bélgica.
“Há uma única coordenação, centralizada na Alemanha, que faz a engrenagem funcionar e não haja dificuldade de ação entre os países. Aqui no Brasil, não conseguimos fazer isso dentro de um município, dentro de um Estado e, às vezes, entre os entes federados”, observa.
O diretor ressalta que essa inteligência está pautada apenas no bom senso. “Isso não envolve nenhuma tecnologia que não tenhamos, nenhum grande investimento, mas simplesmente o bom senso, ou seja, a coordenação dos agentes políticos e executivos envolvidos no processo”, diz.
Sobre gestão, o modelo alemão revela atenção especial em relação aos resultados. “As instituições são todas públicas. Há uma ferrovia em que o governo alemão é o acionista majoritário; e a hidrovia é administrada pelo Estado, assim como os terminais portuários”, explica. Segundo o diretor, o diferencial é que o foco é a busca por uma gestão eficiente, não importando se trata-se de privado ou público.
O executivo ressalta que desse modelo alemão não há nada que não possa ser feito no Brasil. Na opinião dele, a única diferença entre os países “é o estágio de desenvolvido muito avançado que a Alemanha alcançou, a disponibilidade de recursos e o baixo custo de capital do país”.
“Bem diferente da história de investimentos no Brasil, que é o oposto do alemão: dificuldade de obtenção de recursos, baixa poupança e custo do capital elevado, o que atrapalha o nosso avanço em infraestrutura”, salienta.
Um olhar para o futuro
“No Brasil, temos muito que avançar”, ressalta Baptista. Porém, acredita que o fato de haver uma conscientização sobre um crescimento pautado no investimento em infraestrutura e logística integrada é um “trecho” do caminho andado para a evolução do segmento.
O executivo considera que, nesse sentido, é preciso “avançar na criação do Ministério de Logística, transformar a SEP em um Ministério. É absolutamente fundamental, já que a Secretaria cuida apenas dos portos, e a política, o planejamento e a gestão de outros modais ficam com outros ministérios. Essa não é a melhor maneira para alavancar o escoamento da produção nacional”, finaliza.
Para ele, a deficiência em infraestrutura mostra que o Brasil apresenta muito espaço para investimentos nesse setor, o que se consagra em grande potencial.
Fonte: WebTranspo
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